sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Em 30/10/2012, no Espaço Cultural Rita Maria. Por Edna Domenica Merola





MEROLA. Didático.



MEROLA. Poesia.
No Espaço Cultural Rita Maria, em Florianópolis, em 30/10/2012, aconteceu o Primeiro Recital e a Primeira Feira Cultural promovida pelo Grupo Vocal Floripa Canta. Na ocasião, Edna Domenica Merola expôs obras dos gêneros: conto, poesia e didático. Editados em 2011: Cora, Coração (poesia); A Volta do Contador de Histórias (contos) e em 2001: Aquecendo a Produção na Sala de Aula.
Houve exposição de artesanato por Adélia e Zulma.

O evento teve canto solo de alguns participantes. Elói cantou o samba canção Marina (de autoria de Dorival Caymmi). Delma cantou Só Vendo que Beleza (de autoria de Henricão e Rubens Campos, 1942). Adélia cantou Maria. Isabel cantou Fascinação (música de F.D. Marchetti e M. de Fernandez. Versão da letra por Armando Louzada). Marilde interpretou O Canto. A soprano Regina cantou a música clássica litúrgica Panis Angelicus.

O conto Olha o Pão de Maria foi a performance de Edna.  O texto de Edna incluiu o início da música Maria, Carnaval e Cinzas: composição de Luiz Carlos Paraná interpretada por Roberto Carlos, em 1967, no Festival Record , e que mencionava o nascimento, mas também a mortandade infantil brasileira que assolava a década. A performance fica na parte só do nascimento para colocar o item social da moradia como prioritário, hoje, na proteção à infância, finalizando com a parceria dos colegas Eloi e Delma na interpretação de Saudosa Maloca (Adoniran Barbosa,1955) que refere à exclusão do pobre dos grandes centros quando ocorre a "expansão" imobiliária e verticalização do espaço urbano.
MEROLA. 2011. Contos.


Trecho do Conto Olha o Pão de Maria!

 Maria é uma vendedora sem carteira assinada, que se infiltra - para trabalhar - nos cantos onde as pessoas se aglomeram para se divertir ou mesmo para fazer suas compras diárias da mão de vendedores legalmente instituídos. Para Maria todo dia é dia de trabalho, porque todo dia é dia de viver.
Maria vende miudezas comestíveis ou não. Quem define são os transeuntes dos locais mais propícios às vendas de Maria. Independente do que fale depois, Maria inicia assim sua fala a quem passa, em frente à escola:
‒ Olha o pão de Maria! Compra caneta, mochila, boneca, refrigerante em lata, caneca de tomar água, bolacha, revista pra criança! Para aqui com seu guri! Compra e ajuda no ganha-pão de Maria!
Às vezes Maria recita para chamar a freguesia. Certa vez tive o privilégio de ouvi-la contar a história da própria vida. Era algo meio narrado e meio cantado, porque o falar de Maria intercalava suas frases com letras de músicas de autores famosos. A seguir deixo a própria Maria contar para os leitores tudo o que ouvi naquele dia.


MEROLA, Edna Domenica. Olha o Pão de Maria in: A Volta do contador de Histórias.



Nota Sócio-Musical

O compositor paulista Adoniran Barbosa (1910-1982) e sua criação Saudosa Maloca (1955) foram lembrados em performance de Edna Domenica Merola devido a acontecimentos recentes e próximos: em solidariedade ao pessoal de José Nitro, Jardim Zanelatto e arredores (cidade de São José, SC) e que está morando num ginásio de esportes.

Saudosa Maloca

Se o senhor não tá lembrado

Dá licença de contá

Ali onde agora está

Esse adifício arto

Era uma casa velha

Um palacete assobradado

Foi ali seu moço

Que eu Mato Grosso e o Joca

Construímo nossa maloca

Mais um dia

Nois nem pode se alembrá

Veio os home com as ferramenta

O dono mandô derrubá

Peguemo toda as nossas coisa

E fumo pro meio da rua

Apreciá a demolição

Que tristeza que nóis sentia

Cada tauba que caía

Duía no coração

Mato Grosso quis gritá

Mas em cima eu falei:

Os home tá co a razão

Nóis arranja otro lugá

Só se conformemo quando o Joca falô:

"Deus da o friu conforme o cobertô"

E hoje nóis pega paia na grama do jardim

E prá esquecê nóis cantemo assim:

saudosa maloca, maloca querida,

dim dim donde nóis passemo dias feliz de nossas vida

Joga as casca pra lá Joga as casca pra cá, meu bem


O Grupo Vocal Floripa Canta apresentou-se cantando:  "Vindima" de R. D. José Bareia e outras músicas, cujas letras são as que seguem: 

Praias da Ilha

Mirandinha (Antônio Santos Miranda)


            Ilha, minha amada ilha,
Terra maravilha, és sensacional!
E além dessa magia,
Tem folia é dia de rei Momo é Carnaval
Ilha, tanto de venero
que te considero a mais linda flor
No jardim do mundo inteiro
solo brasileiro terra de amor.
Jurerê, Campeche, Barra,
Praia da Armação, Lagoa do Peri
Santo Antonio de Lisboa, Cacupé, Santinho, Mole e Sambaqui.
Moçambique, Daniela, Ribeirão da Ilha, Pântano do Sul.
Naufragados, Matadeiro, Solidão, Caieira, Caiacanga - Açu.
Lua prateada lua da minha lagoa Bela Conceição
São 42 praias, enfeitando a ilha do meu coração.
No jardim do mundo inteiro
Solo brasileiro terra de amor
 
Velha Rendeira
De José Acácio Santana
 
Rendeira, velha rendeira,
Quem te ensinou a rendar?
Foi com a onda faceira
Na praia, bordando o mar.
A onda bordando o mar

Rendeira rendá rendá
A chuva encrespando o mar
Rendeira rendá rendá
O sol aquecendo o mar

Rendeira rendá rendá
Rendeira, velha rendeira,
Quem te ensinou a rendar?
Foi com a onda faceira

Na praia, bordando o mar.
O vento embalando o mar
Rendeira rendá renda
Trabalho da velha mão
Rendeira, rendá, rendá.
 Edna e Zilá, ao centro.
Guardando essa tradição
Rendeira rendá rendá





No público, o grupo de idosos da Policlínica do Estreito liderado por Zulma Cecília Santana que também faz parte do grupo vocal.
Muito tendo ainda a acrescentar foi encerrada a reunião e a ata, ou digo, o ato... foi pelo grupo lavrado com carinhoso lanche e sorteio de livros de diversos autores catarinenses doados por Edna Domenica Merola ao grupo Floripa Canta.


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