segunda-feira, 8 de julho de 2013

Objeto de Pesquisa Acadêmica: dentre Memórias de Infância. Por F.W. Merola G.


Elpídio Barbosa foi, além de um burocrata a serviço da educação, um intelectual que pensava a educação de seu Estado. Era alguém ligado a políticas públicas e alguém que se dedicou muito à educação, isso deve ser mencionado. Pode-se discutir o que ele pensava e formulava em seus artigos e leis para a educação catarinense (fase de sua vida posterior ao que estabeleço aqui para o presente trabalho), mas não se pode negar que ele teve um comprometimento com a educação e o seu trabalho, caso contrário, a não ser a título de puro masoquismo, jamais permaneceria em profissões similares por mais de 30 anos.
Não se pode negar também que caso ele não gostasse da temática não teria dedicado tanto tempo de serviço a essa função e muitíssimo menos teria gasto, perdido ou mal empregado seu tempo na escrita de artigos, na redação da Revista de Educação, na elaboração de leis, etc. É dito isso para vislumbrar um Elpídio que – senão uma pessoa que compartilhava da representação da época da educação enquanto sustentáculo da nacionalidade, da higiene, da civilidade, da modernização e do progresso da nação brasileira – ao menos uma pessoa que teimava em fazer da educação sua principal dor de cabeça nas horas de serviço. E chegando a essa conclusão essencial do Elpídio que está sua ligação com quem redige o texto.
Obviamente o autor não tem lá idade, gabarito e um emprego voltado à Educação, tanto menos é um burocrata, porém, mesmo assim há uma identificação com o personagem. Não por experiências próprias e vividas, mas por meio da vivência relatada oralmente por outra pessoa: a mãe do autor. Portanto, é de se imaginar que as narrativas, os problemas, as políticas educacionais, e os comentários que rondam o meio de burocratas da educação não estão longe do ouvido de quem escreve. Relatos de acontecimentos do cotidiano: era o que sempre se ouvia.
Ainda que a maneira de narrar fosse diferente, a época, em que os dois viveram. A mãe do autor também não alcançou elevados cargos burocráticos – ela nunca foi secretária da educação ou algo superior a uma supervisora escolar. Enquanto o cargo inicial do personagem, tirando a rápida experiência como diretor em Joinville, foi o de inspetor escolar, que pode ser análogo ao de supervisão escolar – estabelecem-se as ligações. São experiências que se fazem similares ao que tange ao ato de narrar alguém e o local de onde suscita a narrativa: o cotidiano burocrático educacional. Mesmo que ambos tenham tido experiências diferentes quanto ao trabalho, ao local de atuação (ao contrário de Elpídio, minha mãe executou suas tarefas no Estado São Paulo) às dores de cabeça, aos momentos educacionais, às questões educacionais, etc... Evocam ao autor imagens de sua infância em visitas frequentes entre os gabinetes e aos baixos burocratas da educação, aguardando ansiosamente para voltar para casa. Entre as imagens apreendidas pela memória do autor as dos carimbos, das assinaturas e das leituras atentas aos documentos, hiatos temporais que existem entre a vida, o cotidiano e os relatos de ambos, mas que de alguma forma se sobrepõem na mente do pesquisador.
   
RESUMO  DO Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de História do Centro de Ciências Humanas e da Educação, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em História pelo aluno F. W. Merola Gentil.  A pesquisa buscou analisar as experiências de um pequeno grupo da educação, os inspetores escolares. Convergindo, dessa forma, à escala microscópica, operando sobre um pequeno ponto das transformações ocorridas em âmbito federal, ocupando este, a priori, pequeno espaço se vê Elpídio Barbosa (1909-1966). Ele atuou, após a Revolução de 1930, em diversos cargos nas hierarquias institucionais da educação, fora: inspetor escolar, coredator da Revista de Educação e Diretor do Departamento de Educação. Entretanto, o recorte da pesquisa circunscreve a época em que fora inspetor escolar (1931- 1940) e redator (1936-1937). E mais enfaticamente como as memórias e experiências do personagem estavam contidas em seu “2º.Tomo”. O “tomo”, forma como o próprio dono o nomeou, delineia o cotidiano em um momento de ruptura que foi a Revolução de 1930. Tal proposta é um recorte da pesquisa Nação e região: políticas para a escrita e o ensino de História nas décadas de 1930 a 1940, financiada pelo CNPq e coordenada pela professora Cristiani Bereta da Silva. Palavras-chave: Cultura escolar, Cultura política, Coleção de si, História intelectual, Elpídio Barbosa.

domingo, 7 de julho de 2013

ENTRE MEMÓRIAS DE UM BACHAREL E EXPERIÊNCIAS DE AGRADECIMENTOS NUM T.C.C. POR F. W. MEROLA G.

 Os agradecimentos ainda que não muito criativos (já lhes é informado para não ter decepções a posteriori, caro leitor) pairarão entre os “heróis comuns” e uma espécie de “Verba Testamentária”. Isso ainda que não necessariamente exclua o óbvio futuro dessas páginas e as congratulações ao “último verme” que o roerá. Mas de certa forma o recusa, não por ter-se em mente que é uma joia inestimável em uma arrogância intelectual colossal, mas, convenhamos, há ainda pessoas mais importantes a se inferir congratulações do que a um verme... Ainda que exista uma enorme vontade de congratular o verme, o ser e o herói que tratará de utilizar tais folhas para a sua sobrevivência, algo muito melhor e muitíssimas vezes mais nobre do que o próprio autor o fez com elas...
Quanto à verba testamentária é óbvio, caro leitor. Aqui constarão para sempre as pessoas que foram da minha banca e a minha orientadora. Aqui será o local em que se marcará a tintas uma perspectiva historiográfica. Sem contar as ilustríssimas pessoas que dispensaram seu tempo para ler este trabalho. Então sem mais delongas agradeço às Professoras: Nucia Alexandra Silva de Oliveira e Maria Teresa Santos Cunha, não apenas por terem aceitado o convite, terem lido, riscado, assinalado... Por terem demandado tempo à leitura ao invés de brincar, no caso da Nucia com a sua filha e no caso da Maria Teresa com a sua neta... sei que tirei certos prazeres de vocês ao ler tudo isso. Espero que me desculpem de antemão dessas não alegrias realizadas. Mas também foram duas professoras que me acompanharam pela UDESC, ambas me deram aulas muito importantes e de forma que pretendo levar para as minhas futuras salas de aula. Professoras profissionais, mas que nem por causa disso subiam em pedestais para dar aulas totalmente desvinculadas de risadas e historietas engraçadas. Se a professora Nucia me deu dicas importantes sobre como lidar com os alunos e com a montagem de aulas ao longo da disciplina de Estágio Curricular I, a professora Maria Teresa não fica atrás por ter inserido perspectivas sobre o lidar com acervos familiares e o cuidado com a manipulação de documentos ao longo das disciplinas de Patrimônio I e II. De certa forma, acabaram por juntar duas pontas do historiador em minha banca, a pesquisa e a licenciatura.
Antes de agradecer a quem muito devo de minha formação como historiador, preciso agradecer em particular a uma amigona que se mostrou ao longo do curso, a Fernanda. Sem a indicação dela talvez não tivesse me inserido nas pesquisas com a Professora Cristiani Bereta da Silva e muito menos com o rapazote dos “tomos”, Elpídio Barbosa (Inspetor Escolar, SC , 1930-1940).
Ainda que possa parecer piegas e um tanto quanto laudatório devo agradecer sem dúvida alguma à Professora Cristiani Bereta da Silva que me inseriu na pesquisa em história, na escrita de artigos e outros trabalhos acadêmicos. Que mais do que todos teve que me aturar, não só em tempo, afinal estamos trabalhando juntos pelo Laboratório de Ensino de História há 3 anos, mas também aturar os meus pequenos deslizes, como atrasos, escritas erradas, argumentações falhas, entre tantas outras coisas com os quais um bolsista pode errar. Obrigado por me suportar durante todo esse tempo e por compartilhar de ensinamentos precisos na área de história.
E principalmente a minha eterna “namorandinha” da faculdade, desse jeito mesmo, em “andinha” da melhor maneira para demonstrar o afeto que trago e trouxe por ela durante os anos do curso – o afeto em “inha” e o tempo em “and”. Uma colega para brigar, para amar e ficar encantado. Para ler, reler e dar um, dois ou três toques quanto à escrita de um trabalho, não importando qual o fosse. Fica aqui contido o meu agradecimento por todos os nossos momentos juntos entre os muros da UDESC, Mariane.
Agradeço também aos meus leitores. Aos que forem descuidados ao achar que valeria a pena ler um capítulo ou outro e muito mais pela singular paciência do leitor que lê-lo por completo. Este merece ao menos um aperto de mão e um convite ao café ou ao chope.
Agradeço também aos funcionários da UDESC, ao bibliotecário distraído, aos ajudantes de limpeza e às pessoas que trabalham no local e terão a possibilidade ou a infelicidade de trombarem com ele. De levantarem as mãos aos céus e reclamarem consigo por tê-lo deixado cair, que reclamem por ter doído o pé, por ter dado mau jeito nas costas ao se baixar para recolhê-lo, que praguejarão internamente a infelicidade eterna de ter esbarrado na maldita estante e tê-lo avistado!
Porém, caro leitor que luta bravamente contra essas letras digitadas pela pessoa que você não consegue deixar de pensar em coisas atrozes para com a coitada Sra. Mãe dele o agradecimento especial tem que ser dito aos “heróis comuns”. Ao pobre coitado do camponês que nunca utilizará dessas páginas para poder se aquecer durante o frio. Ao cobrador de ônibus que nunca poderá ter a oportunidade, ainda que de certa forma infeliz, de apreciar um belo chute dado a essas páginas e a ótima capa dura que ele ganhou. Ao infeliz analfabeto que por mais que tenha participado integralmente desta escrita ($) jamais irá reconhecê-la como um produto para si. Apesar de terem pagado os custos da minha faculdade nunca poderão sequer reclamar comigo sobre a péssima qualidade dele. São a esses excelentíssimos miseráveis que fica a minha maior gratidão.
Aos que leram e, principalmente, aos que nunca lerão (entre os já apontados, guardo lugar especial aqui para os amigos e colegas de curso, eles sabem quem são...), ficam aqui os meus agradecimentos.
 
 

Para os leitores do Aquecendoaescrita um lembrete: o texto supra é um exemplo de CRÔNICA HUMORÍSTICA... Mas há evidências de que a editora desse blog é também mãe coruja do autor do texto em pauta.