segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Peça Teatral Vozes. Edna Domenica Merola.

ATO I – Isto é Realidade?

Vai, vai, vai começar a brincadeira/Tem charanga tocando a noite inteira/vem, vem, vem, ver o circo de verdade/ tem/ tem/ tem/ picadeiro e qualidade/
Participam desse evento aberto: pessoas que gostam de encontro, conto e alegria. Espero estar recebendo pessoas que ainda não nos conheçam, para ter a oportunidade de incentivar o aumento dos praticantes e simpatizantes da Arte. Espero contribuir para a paz no Planeta e para tal dou-lhes a oportunidade de cultivarem sua paciência e ouvir a leitura do texto Solilóquios de uma Escritora.

SOLILÓQUIOS DE UMA ESCRITORA (parte sublinhada: coro)
Olhar para o próprio umbigo é um exercício interessante. Esse olhar acompanha movimentos de expansão e de recolhimento. Escrever em posição direcionada ao próprio umbigo, eis como decido experimentar a escrita, respirar a escrita. Colher materiais com os olhos pode ser a escolha mais usual de expansão, mas há ouvidos e poros, e tantas instâncias esquecidas ou ainda não inventadas. Escrever em posição voltada para o instrumento digitalizado de escrita é consumar uma posição contemporânea para tentar elaborá-la. O objeto é extensão do corpo contemporâneo. Tudo é político-maravilhoso... Tudo é político-não maravilhoso...
– Olha aí! Compra minha estética “doutor”!
– Olha aí! Compra minha poética “companheiro”!
– Olha aí! Compra esse momento “cidadão” pra ajudar a campanha pró ação humana.
– Olha aí! Eu estou aqui e você também. Foi acaso? Aceite o convite de encarar o acaso. De ouvir o acaso. De responder ao acaso.
– E se não for acaso?
Há outras formas de inserções além daquela de introduzir a “navalha na carne” ou de escrever com gotas do próprio sangue. Há outras formas de incisões diferentes da ação de dissecar. A incisão eficaz pode ter naturalidade e doçura... Eis aqui algo colocado como contraponto ao esquartejamento e ao ato de dissecar, correndo o risco de parecer brincadeira... Jogo... Magia.

Nos dias de hoje é bom que se proteja/Ofereça a face pra quem quer que seja/Nos dias de hoje esteja tranquilo/Haja o que houver pense nos seus filhos/Não ande nos bares, esqueça os amigos/Não pare nas praças, não corra perigo/Não fale do medo que temos da vida/Não ponha o dedo na nossa ferida/Nos dias de hoje não lhes dê motivo/Porque na verdade eu te quero vivo/Tenha paciência, Deus está contigo/Deus está conosco até o pescoço/Já está escrito, já está previsto/Por todas as videntes, pelas cartomantes/Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas/No jogo dos búzios e nas profecias/Cai o rei de Espadas/Cai o rei de Ouros/Cai o rei de Paus/Cai, não fica nada.
ATO II– Ficção ou Realidade?
CENA 1: INDIVIDUALIDADE & PARCERIAS

A JULGADORA
‒ Julgo a minha existência proveitosa. Amei, sofri, procriei, dei alegrias para muitos e recebi recompensas e injustiças. No entanto, não me sinto angustiada e ainda acredito muito na humanidade.

SENHORAS
‒ Na dúvida, seja corajosa. Procure suas verdades próprias.

CAVALEIRO DE ESPADAS
‒ Cara julgadora, achei sua análise muito superficial. O ser humano é complexo. Além disso, mais erra do que acerta. Pense bem: você errou mais ou acertou mais?

SENHORAS
‒ A definição e a clareza nas escolhas podem melhorar sua vida. Seja autocrítico e meticuloso, poderá ter uma boa surpresa.

A JUSTIÇA
‒ Meu colega, Cavaleiro de Espadas, não seja tão exigente e crítico. Temos que aceitar a verdade de cada um. Não devemos julgar tendo como base só as nossas vivências.

SENHORAS
‒ Seja autocrítica e meticulosa, poderá ter uma boa surpresa.

CAVALEIRO DE OUROS
‒ Já vivemos bastante, já nos expusemos a vários desafios e tomamos decisões certas ou erradas. Isto depende de quem julga e não de nós mesmos. Temos certezas que muitas vezes se desfazem como por encanto. O importante é compreender os nossos erros e rever, se possível, alguns deles, aceitando a nossa fragilidade.

SENHORAS
A organização e a racionalidade resultam em boas parcerias.

A JULGADORA
‒ Vocês todos estão me analisando. Obrigada pelas críticas. Mas sejam julgadores de si mesmos! Quem consegue penetrar na alma do outro? Jogue a primeira pedra quem nunca pecou!

SENHORAS
Grandes mudanças exigem cautela.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Nada é impossível quando realmente queremos! Querer é poder.


CAVALEIRO DE OUROS (para o público): 
- Tu vens comigo? Parece que escuto teus sinais! Posso anunciar?

LAh! LAh!LAh! Lah! lah! lah! lah! lah! LAh! LAh!LAh!/Na bruma leve das paixões/Que vêm de dentro/Tu vens chegando/Pra brincar no meu quintal/No teu cavalo/Peito nu, cabelo ao vento/E o sol quarando/Nossas roupas no varal/Tu vens, tu vens/Eu já escuto os teus sinais/A voz do anjo/Sussurrou no meu ouvido/Eu não duvido/Já escuto os teus sinais/Que tu virias/Numa manhã de domingo/Eu te anuncio/ Nos sinos das catedrais.

ATO II – Ficção ou Realidade?
CENA 2: O MATERIAL & O ESPIRITUAL.
SUMO SACERDOTE
‒ O conhecimento deve ser utilizado para o desenvolvimento dos papéis sociais que convivem num grupo.

SENHORAS
É preciso abandonar a rigidez mental e cultivar a paz.

RAINHA DE ESPADAS
‒ A criatividade deve se colocar à disposição do lado espiritual e do material também...

SENHORAS
‒ É preciso abandonar a rigidez mental... Estar em harmonia é praticar a paz!

A RODA DA FORTUNA
‒ Todos têm sua riqueza interna que move o eixo da sabedoria, ainda que as imagens que as pessoas passam, num dado momento, podem ser vistas como acima ou abaixo.
SENHORAS
‒ Este é o momento certo de começar algo. Tem que ter compreensão com aqueles que precisam começar algo.

REI DE PAUS
‒ O mundo nos oferece as novidades boas ou más. É só saber interagir de um modo que gere felicidade ao maior número de pessoas possível. É necessário neutralizar nossos elos negativos e aprofundar os laços positivos.

SENHORAS
‒ Para manter a coerência aos olhos dos outros é preciso desenvolver a coerência interna. É preciso fortalecer a amizade e a formação do grupo.

SUMO SACERDOTE
‒ Sabedoria é ter respeito às capacidades e aos talentos dos outros. Ser racional deve servir para rebaixar sua própria ansiedade e tolerar a inquietude do outro. Ser emotivo não quer dizer ocupar o espaço do outro. Reflita sempre sobre como pode agir para aumentar a felicidade de todos. Ser verdadeiro e benevolente: eis o segredo para unir-se às pessoas de um grupo.

SENHORAS
‒ Um grupo é um veículo para que as pessoas andem ou se conduzam no processo de aprendizagem. É o momento de começar algo e a clareza do desenvolvimento de cada um: de seu processo de envelhecimento interno ou externo.

ATO II – Ficção ou Realidade?
CENA 3: Comunicação Pessoal & Grupo
A FORÇA
‒ A força é a energia que move ideias e corações. A energia individual e coletiva formam as luzes do caminho de nossas vidas.

SENHORAS (firmes)
É preciso estar atento e forte.

Música Divino Maravilhoso. Caetano Veloso. https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/44718/

RAINHA DE OUROS
‒ A força é a fonte de inspiração e poder... Ela precisa do mundo material. E também o gera. Como a fortaleza é bela!
SENHORAS (enfáticas)
Navegar é preciso.

O SOL
‒ Emano luz e energia que fazem o mundo e a vida girarem no universo das ações pessoais.

SENHORAS (entusiasmadas)
Realização e sucesso nos seus projetos!

RAINHA DE COPAS
‒ Tocar a fonte de luz é poder desfrutar da sabedoria da alma e do espírito criador.

SENHORAS
É tempo de iluminação e total consciência de si.

O SOL
‒ Quero ser como o rei sol para emanar energia que aquece e mantém o nosso mundo com vida ativa. Quero fazer a vida vibrar com as ações coletivas...

SENHORAS
‒ Navegar é preciso... Rumo à total consciência de si.


ATO II – Ficção ou Realidade?
CENA 4: Fé, Sensibilidade, Simplicidade, & Coragem, Força, Possessividade.

A ESTRELA
‒ As nuvens estão escondendo o brilho que sinto dentro de mim. Quero transmitir minha luz a quem vive na sombra.

SENHORAS
‒ Aconteça o que acontecer na vida, tenha esperança e colherá o fruto da fé.

REI DE OUROS
‒ O brilho e a luz sempre estarão disponíveis. Basta disposição para enxergar e as nuvens se dissiparão.

SENHORAS
‒ A fé faz ver tudo com muita clareza.

A LUA
‒ Quando as fases menos transparentes aparecem, a minha luminosidade fica opaca. Sonho como será quando eu for eternamente brilhante, cheia, clara!...

SENHORAS
‒ Mentalize o crescimento e a prosperidade.

CAVALEIRO DE COPAS
‒ Será maravilhoso! Se precisarem de ajuda para conseguir bons propósitos estarei à disposição com meu amor ao próximo. Será que precisaremos de muitos aliados?

SENHORAS
‒ Abra sua mente para o novo.

A ESTRELA
‒ Se todos se unissem, o Universo seria mais brilhante. Imagine um elo sempre brilhante e belo, gerando alimento, força e esperança... Unindo desejos e ideais, utilizando ideias para a construção do bem comum, buscando melhorias, abolindo os ciúmes e a competição. Será que isso é possível?
SENHORAS
O desprendimento constrói os laços da amizade verdadeira. Abra a sua mente para novas formas de construir vínculos.
A cigana leu o meu destino/Eu sonhei!/Bola de cristal/Jogo de búzios, cartomante/E eu sempre perguntei/O que será o amanhã?/Como vai ser o meu destino?/Já desfolhei o mal-me-quer /Primeiro amor de um menino/E vai chegando o amanhecer/Leio a mensagem zodiacal/E o realejo diz/Que eu serei feliz, sempre feliz/Como será amanhã?/Responda quem puder/O que irá me acontecer?/O meu destino será Como Deus quiser/Como será?/Como será amanhã?/Responda quem puder/O que irá me acontecer?/O meu destino será Como Deus quiser/
Mas a cigana!

CENA 5: FILOSOFIAS DE VIDA & CONCEITOS DE DIVERSÃO
O MAGO
‒ Nas minhas comunicações e convivência, busco ser criativo para, assim, aprender mais.
SENHORAS
‒ Fortaleça o criador que habita em você!

VALETE DE ESPADAS
‒ Contesto suas colocações. Isso ‘cheira’ a insegurança e dúvida.

SENHORAS
‒ Desbloqueie sua criatividade: ela vai expressar sua alma.

O EREMITA
‒ Como sua jornada pela estrada da vida, tudo é planejado com sabedoria. Pedras surgem pelo caminho, e a sabedoria com elas também.

SENHORAS
‒ Seus erros também são seus próprios caminhos: aceite-os!
VALETE DE PAUS
‒ As experiências e a sabedoria tornam a caminhada mais saudável, e impingem alegria e respeito.
SENHORAS
‒ Aprimore suas técnicas de aprender e ampliará suas possibilidades criativas.
O MAGO
‒ Certamente, meus horizontes se ampliarão, se eu for criativo!
SENHORAS
O silêncio é a luz para espantar o mal. A afetividade traz a paz nos relacionamentos.
O EREMITA
‒ Seremos sábios, recolhendo-nos na quietude e orando para que nossos semelhantes sejam tratados com respeito e tolerância.

SENHORAS
‒ Os projetos longos são aqueles que têm raízes na alma. A perseverança burila a própria personalidade.
O MAGO
‒ Se estivermos atentos às atitudes, criando sempre o lado bom e corrigindo os erros, cresceremos e evoluiremos, aperfeiçoando nossas criações.

SENHORAS
‒ A melhor revolução é a que traz a reforma íntima.

ATO II – Ficção ou Realidade? CENA 6: QUERER & PODER

A SACERDOTISA
‒ Vejam vocês: aprender a viver melhor é fácil, mas tem seus mistérios!

SENHORAS
‒ Respire fundo.(3 X). Om. Om. Om.

REI DE COPAS
‒ Eu amo escrever e cantar, mas adoro mesmo é representar! E nesse ato, não me reprimo em alegrar ou mostrar meu sentimento...

SENHORAS
‒ Abra o seu coração para a perfeição de Deus!

O CARRO
‒ Saiam da frente que eu quero passar! Hoje eu vim com tudo, se alguém quiser carona...
SENHORAS
‒ Tente sempre seguir a meta que traçou.

REI DE ESPADAS
‒ Representar tem regras... Então hoje deixe seu possante descansando e pegue carona com o grupo. Represente com muita atenção! Entrada errada não tem solução!

SENHORAS
Devagar se vai ao longe... É preciso perseverar!

A SACERDOTISA
‒ Quando menos se espera, nossas inspirações podem nos levar a lugares inusitados. Mas tudo tem seu momento e expressão correta!

SENHORAS (cantarolando)
Deixe o sol brilhar!(2X). O sol brilhar!
Música Let the sun shinning 2:42  
          https://www.letras.mus.br/5th-dimension/121491/traducao.html

Ato III, CENA 1: DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Por que passam tão depressa por aqui?
– Pare, se quiser! Isso é com você também! Isso é para você também.
– Onde nasce a arte? Onde ela se coloca?
– O lugar da arte é cultural?
‒ Ou é comercial?
O lugar da arte é subjetivo?
‒ É social?
‒ É político?
– Isso é para você também. Aproveite o momento. Participe aqui, lendo.
– Quer responder? Chegue aqui!
– Quer perguntar? Chegue aqui!

Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim /
Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim
Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção/ Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão/ Eu vou levando a minha vida enfim/Cantando e canto sim
E não cantava se não fosse assim/Levando pra quem me ouvir
Certezas e esperanças pra trocar/Por dores e tristezas que bem sei//Um dia ainda vão findar/Um dia que vem vindo/E que eu vivo pra cantar/ Na avenida girando, estandarte na mão pra anunciar.

Voz (para o público)
– Oi! Quem não está cansado não vá embora, por favor! Vai ter uma aula aberta sobre cidadania para o idoso.

ATO III
NUM GRUPO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA IDOSOS...

Personagens: professora, aluna 1, aluno 2

ALUNA 1:
Como podemos classificar os grupos para idosos?

PROFESSORA:
Grupos para idosos pertencem ao âmbito da educação permanente. Nesses grupos as pessoas se reúnem para executar uma tarefa em comum. Essa pode ser mais pragmática e comunitária ou mais pessoal e existencial.

ALUNA 1:
Posso dar um exemplo de uma ação ou tarefa realizada em outro grupo do qual faço parte para ver em qual se encaixa?

PROFESSORA:
Fale, por favor...

ALUNA 1:
A Oficina Literária do N.E.T.I.

PROFESSORA:
Um grupo de educação permanente tende a configurar-se como Grupo de Contato direto, no qual as pessoas podem se aproximar por motivos de simpatia e para manterem entre si relações imediatas e contatos recíprocos. Desta forma, a tarefa do grupo tende a ser mais existencial do que pragmática. Essa tarefa é a busca de metas para melhorar a qualidade da existência em seus aspectos psicológicos. Quem pode dar exemplo de uma meta?

ALUNO 1:
Aumento da autoestima
ALUNO 2:
Ampliação dos interesses pela vida, pelas relações interpessoais, pelas novas descobertas e criações.
ALUNA 1:
Constatação, aceitação e respeito pelo envelhecimento.

PROFESSORA:
O respeito demanda um bom vínculo. Anterior ao vínculo é a delimitação de papéis. Por exemplo, meu papel é o de professora. Vou expressar meus conhecimentos e percepções... Mas todos são livres para compactuar ou não com eles... Já que somos pessoas diferentes, reunidas após uma longa trajetória de vida.

ALUNA 1:
O respeito pelo envelhecimento demanda constatação, aceitação e respeito pelas diferenças das pessoas.
PROFESSORA:
Quando debatemos sobre a qualidade de vida vocês consideraram a valorização social do idoso o principal fator. O que os levou a essa conclusão?

ALUNO 2:
Em tempos remotos os portadores de necessidades especiais (e o idoso era um deles) era largado na floresta... Ou numa estrada... De preferência numa encruzilhada para que não achasse o caminho de volta. Hoje há um maior estímulo à luta social do idoso pela admissão dos seus direitos legais, como cidadão da sociedade.

PROFESSORA:
Por que consideraram o respeito ao idoso na família um fator importante para a qualidade de vida?

ALUNA 2:
A participação em grupos de idosos tende a modificar atitudes e comportamentos rígidos e cristalizados. As pessoas tornam-se mais abertas e mais flexíveis. Isso pode melhorar as relações familiares e estimular o respeito a sua pessoa...

Cena 2
PROFESSORA:
Esforços pessoais de cada idoso somados em pequenos agrupamentos podem mudar a imagem da sociedade sobre a velhice?

ALUNA 1:
Uma ação que causa impacto nesse sentido é o teatro... Mas como não temos tempo disponível para ensaios damos a desculpa de que não temos facilidade para decorar textos e não fazemos apresentações...

ALUNO 2:


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