O
compositor me disse que eu cantasse distraidamente/Essa canção/ Que eu cantasse
como se o vento soprasse pela boca/ Vindo do pulmão/E que eu ficasse ao lado
pra escutar o vento jogando as palavras/Pelo ar/
Não
quero lhe falar/ Das coisas que aprendi/Nos discos/Quero lhe contar como eu
vivi/E tudo o que aconteceu comigo/ Viver é melhor que sonhar/Mas também
sei/Que qualquer canto/É menor do que a vida/De qualquer pessoa.
E
a vida da infância dá saudade... Ah! A infância! La poésie chantait dans l'air/
J'avais une maison de poupée.
Eu
daria tudo que eu tivesse/Pra voltar aos dias de criança/Eu não sei pra que que
a gente cresce/Se não sai da gente essa lembrança/Eu igual a toda
meninada/Quanta travessura que eu fazia/Eu era feliz e não sabia/Que saudade
da... minha cidade.
Minha
terra tem Palmeiras... Onde canta o sabiá...
Sabiá
lá na gaiola fez um buraquinho/
Sabiá
que saudade.../Volte logo pra cá./ Sabiá que saudade.../Quero ouvir teu cantar.
Minha
terra tem Palmeiras... Minha terra tem Corinthias, Minha terra tem São Paulo...
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina...
Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João/Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto/É que Narciso acha feio o que não é espelho/E foste um difícil começo/Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso/Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas/Da força da grana que ergue e destrói coisas belas/Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas/Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços/Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva...
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina...
Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João/Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto/É que Narciso acha feio o que não é espelho/E foste um difícil começo/Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso/Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas/Da força da grana que ergue e destrói coisas belas/Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas/Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços/Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva...
Deuses
Que se tornaram estéreis nesse inverno de 2014... Deuses a quem o povo clama e
grita assim: – Água! Água!Planeta Água.
Água
que nasce na fonte serena do mundo/Água que faz inocente riacho/Águas que
banham aldeias/E matam a sede da população/Águas que movem moinhos/São as
mesmas águas que encharcam o chão/E sempre voltam humildes/Pro fundo da
terra/Terra! Planeta Água.
Em
Sampa a falta d´água...
É
a dose mais forte e lenta/De uma gente que ri/Quando deve chorar/E não vive,
apenas aguenta./Mas é preciso ter força/É preciso ter raça/É preciso ter gana
sempre
Quem
traz no corpo a marca/Mistura a dor e a alegria/
Quem
traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida/Mas é preciso
ter manha/É preciso ter graça/É preciso ter sonho sempre/
Um
sonho meu: lua brilhava vaidosa De si orgulhosa e prosa com que deus lhe deu...
/Senti o canto da noite/Na boca do vento/Fazer a dança das flores/No meu
pensamento/Trazer a pureza de um samba/Um samba que mexe o corpo da gente/E o
vento vadio embalando a flor/Ao ver a morena sambando Foi se acabrunhando/ quem
samba na beira do mar é sereia...
Quem
traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida
Com
fé eu vou em frente ...Com fé eu ando...
Ando
devagar/Porque já tive pressa/E levo esse sorriso/Porque já chorei demais/Hoje
me sinto mais forte/Mais feliz, quem sabe/Só levo a certeza/De que muito pouco
sei/Ou nada sei/Penso que cumprir a vida/Seja simplesmente/Compreender a
marcha/E ir tocando em frente/Cada um de nós compõe a sua história/Cada ser em
si/Carrega o dom de ser capaz/E ser feliz/Eu vou tocando os dias/Pela longa
estrada, eu vou/Estrada eu sou
Nessa
estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá/O fim dela ninguém sabe bem ao
certo onde vai dar/Vamos todos numa linda passarela/De uma aquarela que
Descolorirá/
Depois
da banda passar cantando coisas de amor/ Eu sou nuvem passageira/Que com o
vento se vai/Eu sou como um cristal bonito/Que se quebra quando cai/A lua cheia
convida para um longo beijo/Mas o relógio te cobra o dia de amanhã/Por isso
agora o que eu quero é dançar na chuva/Sou um castelo de areia na beira do mar.
Coração
Poeta!...Deus me deu um coração poeta/E a alma inquieta de um cantor/Pra que eu
vigiasse a madrugada/Acordasse o sol e o Beija-Flor/Cantar me faz viver bem
mais/Soltar a voz que nem um passarinho/Que ninguém prenderá jamais
Quando
eu for embora para bem distante/E chegar a hora de dizer adeus,/Fica nos meus
braços só mais um instante;/Dentro do meu coração.
O
compositor me disse que eu cantasse ligada no vento/Sem ligar/Pras coisas que
ele quis dizer/Que eu não pensasse em mim nem em você/Que eu cantasse
distraidamente como bate o coração/E que eu parasse aqui/Assim.
REFERÊNCIAS
Músicas
|
Autores
ou intérpretes
|
Nuvem
Passageira
|
Hermes
Aquino
|
O Mar
Serenou
|
Candeia
(1935-1978). Clara Nunes
|
Sonho
Meu
|
Maria
Betânia
|
Índia
|
Versão de José Fortuna. Cascatinha e Inhana. |
F.
Comme Femme
|
Salvatore
Adamo
|
Aquarela
|
Toquinho
|
Como
Nossos Pais
|
Elis
Regina
|
Tocando
em frente
|
Renato
Teixeira.
|
Tempos
de Criança
|
Ataulfo
Alves
|
Coração
Poeta
|
Paulinho
Tapajós, Chico
|
Planeta
Água.
|
Guilherme
Arantes
|
A Banda
|
Chico
Buarque de Holanda
|
Sabiá
lá na gaiola voou...
|
Carmélia
Alves
|
Sampa
|
Caetano
Veloso
|
O
compositor me disse
|
Gilberto
Gil
|
Relendo meu texto colagem percebi que grande parte dos trechos citados contêm a palavra "vento(s)".Talvez porque a energia eólica possa ser uma solução para o descaso com o abastecimento de água para a população...
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