sábado, 22 de julho de 2017

A ilegalização do trabalho não é poética. Edna Domenica Merola e Marlene Xavier Nobre.

Textos de Edna Domenica Merola: Dia do Perdão, Uma reforma, Acróstico "Posfácio".

Poemas de Marlene Xavier Nobre: Sufoco, Luz do meu viver, Pró-texto, Brasil sem-vergonha, País dos (des)aforados, Ei, sabe com quem está falando?, Um chato grudado na cadeira.

Um chato grudado na cadeira
         Marlene Xavier Nobre

Gente  chata  não é feliz não sabe sorrir
Gente chata é confusa  não sabe brincar é hipócrita é achista 
Gente chata não é confiável  é aborrecida é bairrista 
Gente chata não guarda segredo aponta o dedo joga pedra 
Gente chata não gosta da vida não sabe de nada quer fama 
Gente chata esconde o jogo não olha no espelho se acha convencida 
Gente chata se faz de esperta igual raposa  se faz de boba 
Gente chata é nojenta  escrupulosa  é mentirosa meticulosa disfarça 
Não é dupla face, mas tem duas caras 
Gente chata se enturma igual  manequim de loja adora roupa 
Gente chata fala de tudo, parece caramujo em sua carapaça 
Gente chata é cara pálida, adora uma roda 
– Gente chata se mete nas conversas, sempre se ferra 
Gente chata incomoda  a gente, mas gosta de festa 
Gente chata se acha a mais amada, mas é desalmada 
Gente chata se mete aonde não é chamada, e ninguém suporta 
Gente chata quer parecer artista. Não é criativa: parece se vingar 
Não é protagonista, mas se acha na crista da onda.  É cafona
Nariz de folha 
Chatice!
É uma mistura de bobice. Nela há muita burrice. Não é crendice.

SER CHATO É PIOR QUE CARRAPATO. É PIOR QUE TACHA NO SAPATO.
NINGUÉM MERECE ESTE CHATO, MAS É FATO: 
POR TODOS OS LUGARES EXISTE UM CHATO.
NESTE MOMENTO EXATO, TEM UM CHATO
POR AÍ NA RUA, NA FAMÍLIA, NA FEIRA
E NAQUELA CADEIRA
DA PRESIDÊNCIA TEM UM CHATO GRUDADO, INCOMODANDO TODA UMA NAÇÃO. 

– EI, ACORDA Aí,  MEU GURI!


Sufoco
           Marlene Xavier Nobre

Um país que está afundado
Com tanta bandalheira um povo massacrado, mas que não desiste e que ainda acredita na justiça e na verdade.
É, chega de esconder mentiras. Tem crianças e idosos inconformados, de mãos atadas, sem estudo, sem remédio!
Com tanta malandragem. Há muita pobreza.
Nesses que se dizem governantes:
Muita roubalheira! Já estou perdendo o rumo, sem dinheiro e com olheiras...
Minha conta está vazia e sem comida
E moradia há quanta mordomia as malas só na voadeira pedindo passagem e abrindo ala. A palavra do cotidiano já virou rotina nos noticiários, é sim, é não.
Estou na maior fissura, com tanta opinião; tanta caneta e tantas mãos...
E eu sem poder dar uma voadeira. É tudo um jogo sujo, é mais que lama podre.
Aonde existe safadão e ladrão, não existe união e o povo de boca aberta.
E na próxima eleição, quem pode decidir?
É João, é José, é Maria?
Neste trem da alegria precisamos nos unir. O povo é a força. Tem poder, basta querer; é só enxergar, não se vender.
Precisamos acabar com estes colarinhos brancos que são fora da lei.
Que são bombas que estão a minar, a comandar, a manchar a memória e a história do nosso querido Brasil.
Muitos corações a sangrar. No país das maravilhas, muitas Alice ainda...
Muita miséria em destaque. Pra eles o povo é que se lixe (são lixos)
Estamos nas mãos desses mercenários, sanguessugas, mas temos esperanças
Eles que nos aguardem. Estamos bem próximos de uma nova eleição, no próximo ano que está quase chegando
Disso temos a certeza: ou vão ou rachamos!
Não precisamos de guerra. Há coisa pior que tirar tudo o que o trabalhador conseguiu com os anos trabalhados e o suor do seu rosto?
É muita pilantragem destes que só chegaram pra meter a mão no bolso do povo (que é correto) é muita dor.
Meu povo, vamos nos unir com garra,
Forças e muita esperanças.

Para as eleições de dois mil e dezoito essa será a nossa última chance: a nossa salvação. Vamos acreditar em milagres.

Dia do Perdão
        Edna Domenica Merola

No dia do perdão (8/11/2017), o meu "tudo bem, que não se repita" vai só para quem não acha que roubar de pobre tem perdão.

E o que dizer para aqueles que acham certo mudar as políticas públicas que desfavorecem as classes trabalhadoras e a classe estudantil ?

Digo-lhes que fiquem no limbo para refletir até as próximas eleições. Que se emendem, enquanto isso. (Ou se preferirem, podem ir direto para o Inferno!).


Luz do meu viver

    Marlene Xavier Nobre

Enxerguei a luz do meu viver.

Aprendi a viver, mesmo no escuro.

Escalei montanhas, subi colinas.

Suei, caí, me levantei.

Deixei de fora todos os falsos amigos!

Escolhi os mendigos. São inteligentes, gostam e entendem de gente, são humildes.

Abracei a paz que me impera não sou a mentira escondida

Sinto-me plena e realizada nem que seja ilusória sai de cena.

Não quero a mesmice desses patifes. Estou liberta. Não pago impostos: sou sem grana. Estou de fora. Sou mais uma tatuada pela sociedade. Não sou malandra. Sou marcada pela desigualdade.

Não foi culpa do destino. Nem falta de sorte, mas dos meus direitos retirados.

Quero a liberdade de porta aberta de volta.

Preferi a rua.

Melhor que o descaso e a vista grossa.

Mas a sarjeta.

Não quero ser aprisionada nem acorrentada, mesmo sendo amargurada pelo descaso.

E sem máscaras, sem covardia.

E de cara limpa. Mesmo vivendo no relento, não sou político, nem estou sendo procurado pela lei. Não faço desordens. Não sujo a bandeira brasileira.

Não uso malas, tenho as mãos limpas!

Não uso luvas, nem sapatos engraxados.

Sou um alguém: mais um neste País.

Não tenho roupas, vivo quase desnudo.

Não vejo comida há tantos dias!

Para o escuro, não dou trégua.

Prefiro o dia, mas gosto da lua.

Não tenho medo da noite.

Sou a luz, sou filho de Deus.

Esse que é dono do mundo

Dizem que é pai de todos, é meu também.

Tenho vida sou vivente sofrido que vive no relento debaixo das pontes

Sem moradia, sem alegria,

Mas que tem família.

Nesse meu país da safadeza, quanta pobreza e descaso.

Tem gente boa, gente vadia, gente vazia...

Quanta mordomia, quanta falta de moradia, no meio de tanta riqueza.

Sou mais um perdido que precisa de ajuda

Que suplica por um trabalho e um salário decente

Para reconstruir a minha família,

Minha vida, minha dignidade, minha moradia.

Sou aquele que fui largado pelo descaso deste tal que abocanhou o nosso Brasil:

– Um grande tubarão!


Uma reforma...

    Edna Domenica Merola


Uma reforma que empobrece o país foi votada...

Uma reforma que revolta idosos e alarma crianças que já sabem que

seus governantes apoiam só as elites do país...

Enquanto isso alguém escreve um acróstico, deitado num posfácio...



Por que opinar se posso isentar?


Os ossos do ofício são pra roer?


Saber conviver é preciso.


Fazer de conta é narciso.


Ávido anseio:


Criar sem querer.


Inflama essa fera,


Ouve teu coração.



Pró-texto
         Marlene Xavier Nobre

Um grito seja por dor ou por revolta

É o texto daquele que ninguém escuta

E que não se esconde quando berra

Contra a agonia, a tirania, a covardia

Um grito solta tudo aquilo que se guarda

Que nos incomoda e que está guardado:

‒ Uma mistura de sacanagens que maltrata.


Um grito, na hora certa, nos alivia

É um meio de botar pra fora tantas desordens e baixarias

Um grito é mais que um trombone


Um grito bota pra fora tudo aquilo

Que nos faz mal, que nos sufoca

Ele ecoa nos ares...

O grito fala quando berrado,

sai da garganta e diz:

‒ Não quero mais isso pra mim

e nem assim. Desta maneira.


Um grito bem grande nos liberta

Da nossa agonia.

Um grito é como uma arma que não mata,

Mas ecoa como pólvora,

Não é lenha, mas queima,

Incendeia e devora aquele protesto.


Um grito que queima a garganta

Que pede liberdade de luta,

de igualdade. E de esperanças.

Aquele grito que libera,

Que lidera,

Que liberta

todos os massacrados, os acorrentados e os sofridos

das mãos dos mal intencionados governantes.

Queremos respeito pelo nosso país

‒ pelas brasileiras e pelo brasileiros.

Que assim seja, meu povo!


Brasil sem-vergonha
          Marlene Xavier Nobre

O Brasil era lindo e ninguém via

Não sabia das malandragens

Das sacanagens das agonias

Das malas feitas, mas ria.


Quando criança tinha esperança

Brincava de boneca e de carrinho

Na rua tenha alegria e muita esperança


No dia sete de setembro eu ia

Com minha fantasia, tudo mudou

Jardim sem flor, capim secou

Dia sem cor sem alegrias


Ei, sabe com quem está falando?


Na ilusão, sem poder sonhar e nem estudar neste país da corrupção

Sem coração, sem harmonia

Muita correria e gritaria

Adultos não tem respeito, nem direção

Mal educados, prepotentes

Muitos vampiros com canudinhos

Colarinho branco não falta, muitos de ternos e gravatas, sapatos bem engraxados no morro muita gente boa

Mãos leves e lisas igual sabonete

Só lá em Brasília!

Neste universo o que prevalece

É a tal de mesquinharia

A fama e o status sempre na frente

Ei, sabe com quem está falando?

Sou doutor, sou presidente, sou bacharel, sou fundador, sou o gostoso.

Sou o fulano quem manda e mete a mão

Por aí, muito dinheiro roubado

Muita fome muita miséria.

Pobre do povo miserável e sofrido

Muita bruxaria: muita mala voando

Jogada fora, escondida em edifícios

O povo comendo mosca de boca seca

Barriga vazia. É muita sacanagem

Com o nosso dinheiro abençoado

Nas mãos destes ordinários

Sem escrúpulos, mau caratismo

No meio deste mundo político muita podridão ainda debaixo dos tapetes

O povo perdido nesse sufoco

De mãos atadas, sem poder fazer nada

Sem respirar, e o jeito é gritar mesmo

Botar o bloco na rua erguer a nossa bandeira ,e ter ainda orgulho da nossa

Mãe gentil, coração do mundo

Brasil não pode esmorecer jamais

Pátria de amor e paz que assim seja

Meu povo deste país varonil.

Vamos torcer vamos vencer.

Muitas lutas ainda e labutas o povo unido

Jamais será vencido.


País dos (des)aforados
          Marlene Nobre Xavier

Livrai - me dos pecadores

Livrai - me dos malfeitores

Livrai - me dos indecentes

Livrai - me dos corruptos

Livrai - me do pouco caso.

No País das maravilhas,

O povo se arrasta ainda e chora

Gritando e clamando em súplicas

Por justiças onde na terra de ninguém

só prevalecem as injustiças

O povo pede justiça

Eis a questão? Aonde foram parar os milhões? Ninguém viu, ninguém sabe

As malas passaram voando, na mídia.

Quem pode! Pode!

Quem não pode se sacode!

Cadê os direitos do pobre e sofrido?


Do trabalhador que suou a camisa

Por anos é esperar ver a morte chegar

Sem se lamentar.

Tudo voltou à estaca zero

Pior que arame farpado

Trabalho escravo agora é moda

Está em alta nas mãos dos senhores donos das fazendas.

País que chora, que está engasgado, afogado, desencontrado

Brasil que chora com tanta pobreza.

O que vou falar para os meus netos

Deste nosso Brasil varonil, céu de anil,

Mar azul? Que aqui com tantas belezas

Tudo lidera e impera só sujeira,

Pois os caras de pau destruíram

A memória do nosso Brasil.