segunda-feira, 23 de abril de 2012

Barqueiros do mesmo rio. Edna Domenica Merola

 
Somos barqueiros do mesmo rio, e cada qual serve a sua margem.         
Somos barqueiros do mesmo rio e às vezes nos encontramos olho a olho, remada a remada,
em sintonia, cada qual em seu caminho. Barqueiros do mesmo rio, diferentes como a margem direita e a esquerda, o caminho de ida e o de volta. Barqueiros do mesmo rio, seguimos, iguais na premência do servir, iguais como as margens do mesmo rio, iguais porque
a alma do rio nos   possui e porque possuímos
a alma do rio.
             

REFERÊNCIA

MEROLA, Edna Domênica. Cora, Coração. Nova Letra, 2011, p. 197-198.
                             

sábado, 21 de abril de 2012

Tributo ao Poeta Manuel Bandeira, por Edna Domenica Merola

Sofro de paixão pela arte de criar por meio da palavra. Dei-me conta disso quando cursava a faculdade de Letras e percebi que Manuel Bandeira era tão presente em minha vida quanto os amigos e familiares. Tentei sublimar essa paixão desenvolvendo outros papéis como os de professora de Português, pedagoga, psicóloga, psicodramatista, psicoterapeuta, esposa e mãe. Mas continuei apaixonada ... Hoje, sexagenária, continuo apaixonada... Desta feita...




Tributo ao poeta Manuel Bandeira

“Quando a indesejada das gentes chegar”,
Terei reunião contigo, poeta!
Que dia glorioso!
Pedirei licença aos grandes mestres:
tem lugar na etérea roda literária para uma humilde amante das letras?
E só serei feliz se Manuel, o bardo, me disser:
– Podes entrar. Não precisas pedir licença.
Sim, quero encontrar a tua indescritível Irene.
Encontrar São Pedro, bonachão.
Vislumbrar Pasárgada,
ganhar um porquinho da Índia...
Enfim, falar contigo, Bandeira,
Estandarte da Literatura Brasileira.

Referência em Reverência

O que tenho é o que desejo
E que melhor me enriquece.
Herdei dinheiros — conservei-os...
Tive amores — desfrutei-os.
Mas no maior desespero
Rezei, pedindo uma prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou guardado
No meu olhar ensimesmado,
Foram terras que inventei.
Por gostar de alianças:
Só troquei-as com Romeu:
Unidos e um filho feito,
Mas ainda trago no peito
A Julieta que fui eu.
Criou-me, desde eu menina
Pra empreendedora, meu pai.
Foi-se um dia em ataúde...
Fiz-me empreendedora?
Não pude!
Sou poetisa menor, perdoai!
Não faço versos de espera.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo/missiva
Darei de bom grado um viva
Pra vida pela qual sonhei!

REFERÊNCIA

MEROLA, Edna Domenica. Cora, Coração. Nova Letra. 2011.