segunda-feira, 25 de março de 2013

ENTREVISTA COM O ESCRITOR VICENTE GABRIELE PASCALE


ENTREVISTA COM VICENTE GABRIELE PASCALE CONCEDIDA A EDNA DOMÊNICA MEROLA, EM 25/03/2013.

O Entrevistado respondeu via mail. Os créditos fotográficos não pertencem a esse blog (que é sem fins lucrativo).
 
Nome, idade, signo, naturalidade, escolaridade.

Vicente Gabriele Pascale, nascido em Florianópolis - SC-Brasil, em 1928, sob o signo de Escorpião,  Especialista em Mecânica de Aviões e Motores, formado na Força Aérea Brasileira e aprovado em concurso na Diretoria de Aeronáutica Civil do Brasil, subordinada ao Ministério da Aeronáutica, existente na época, (1948), como Engenheiro de Bordo Civil, para atuar, como Especialista em Mecânica, em todas as aeronaves civis de companhias aéreas com sede no Brasil.

Como era Florianópolis-SC em sua infância e Juventude? Onde era a casa dos seus pais e o que há hoje nesse local? Como as crianças (meninos) brincavam? E a pesca?

Florianópolis na minha infância era uma cidade maravilhosa, onde o mar predominava em todos os sentidos. O mercado público, depois da Catedral, era o ponto principal de reunião da população. Meu pai possuía quatro bancas no mercado onde eu o ajudava a lustrar, com camurça, as frutas que recebia da Califórnia, dando brilho para serem mais atrativas. Passei aqui (em Florianópolis) minha infância, até os 12 anos, onde nos divertíamos em banhos de mar, pescarias e sempre à espera dos dias da Procissão do Senhor dos Passos, das festas Juninas e Carnaval.

Fui sacristão durante o período de quatro anos. Lembro-me bem do Frei Norberto e do Frei Evaristo, como também do Bispo Niehus, que na solenidade de “Lava Pés”, lavava e beijava-me os pés, e que me deixava cheio de orgulho.

Tínhamos muita amizade com a família Boabaid, Evangelista, Faraco, Oliveira, Gevaert, Cardenuto, Cherem, Mansur, Polli, Dal’Asta e outras mais, cuja meninada se juntava nas brincadeiras e traquinagens.

Eu nasci na Rua Felipe Schmidt, nº. 102, na esquina com a Padre Roma, nesta cidade (Florianópolis). Meu pai possuía um grande armazém, onde atuou por mais de 40 anos. Lá vivi a minha infância até os 12 anos, quando minha família se transferiu para Lages, na Serra catarinense.
Hoje se encontra no local um Hotel, e mesmo não vendo mais a casa onde nasci, sempre tenho a sensação de me ver na infância quando passo pelo local.



R. Felipe Schmidt, 102 - Centro, Florianópolis - SC, 88010-001

A minha pesca, era curiosa. O mar chegava até os fundos da Rua Conselheiro Mafra. Havia uma pequena rua (6 metros) entre o mar e as casas existentes. Eu vivi por seis meses em uma dessas casas, enquanto meu pai reformava a nossa, na Felipe Shmidt; subia no segundo piso, pela janela jogava cinco ou seis linhas com anzóis e iscas à espera de que os peixes fisgassem. Sempre tinha proveito, conseguindo pescar muito deles.

R. Conselheiro Mafra - Centro, Florianópolis - SC

Certa vez minha mãe me chamou, dizendo: “Vicentinho, vai ao mercado comprar peixe para nós”, eu respondi: “Já vou, mãe”. Quando cheguei a ela, dei-lhe uma cesta cheia de peixe, perguntando-me: “De onde é que tirastes isso?”, respondi: “Lá de cima dessa casa, mãe”, foi risada geral.

A brincadeira era normal de criança: Bolinha de vidro, Pandorga, Pião, Carrinho de lomba, Roda ferro levada com gancho e outros. Bilboquê (consiste em uma esfera de madeira presa por uma corda numa espécie de suporte. O objetivo do jogo é acertar a bolinha, apenas balançando a mão.).
Mas o principal divertimento da gurizada era roubar as uvas do Bispo. Certa vez eu e dois amigos pulamos o muro da casa do Bispo, eu levava uma tesoura para cortar os cachos mais facilmente, e caímos em frente ao Bispo que estava na rua rezando e demos de cara com ele. Perguntou-nos: “O que vieram fazer aqui?”, ao que respondemos: “Viemos pedir um Santinho”, “Por cima do muro?”, perguntou ele. Ficamos calados. Ele continuou: “Vou dar a vocês os santinhos, mas tenho a certeza de que vocês querem um cacho de uva, não é?”, respondemos que sim. Ele sorrindo disse: “Me dá essa tesoura que você trouxe para cortar os cachos que ficará mais fácil para eu cortá-los”. A nossa cara foi para o chão.
O Miramar, na época era banhado pelo mar, nele chegavam os turistas, que eram transportados por hidroavião até 200 metros dele, e desembarcavam trazidos em lanchas da própria companhia de Aviação.
Nós, a meninada, estávamos à espera para ganhar algum dinheiro. Pedíamos que jogassem ao mar, que tinha 2 mts de profundidade, uma moeda de $1.000 réis, e mergulhávamos trazendo nos dentes. Para os turistas era impressionante, mas, para nós era facílimo porque na água, ao abrir dos olhos, aumentava em mais de dez vezes o tamanho da moeda e da nossa mão.
Lembro-me muito, em 1936, nos meus 7 a 8 anos de idade, quando os estudantes jogaram ao mar o Bondinho puxado a burros, que nunca mais entrou em funcionamento. É que, o Bonde tinha autorização de andar somente na Rua Conselheiro Mafra, e naquele dia o condutor havia chegado até o alto da Praça XV, em frente à Catedral e os estudantes não gostaram.
Lembro-me, também, em 1942, do que chegou à Praia de Fora e Praia do Muller (hoje  Beira Mar Norte) ... Apareciam cebolas, batatas, latas de azeitonas e todo o tipo de enlatados e também restos dos naufragados.
Na Praia de Fora, certa vez uma turma de jovens de15 e 16 anos, entre eles estava meu irmão Humberto, convidaram-me para ir com eles tomar banho e cuidar de suas roupas. Eu tinha meus 12 anos de idade e era considerado muito desenvolvido com mentalidade boa para soluções. Estavam tomando banhos nus, chegou um policial, na época do Juizado de Menores, e pegou todas as roupas deles, deixando somente a cueca de cada um, pedindo-me o nome de todos, cujas famílias eram conhecidas do policial.
Foi quando necessitaram de uma solução para irem para casa de cueca, quando eu dei a ideia: “Todos irão em fila como se estivessem vindo de um jogo de futebol, e eu perguntaria aos gritos: De quanto foi?” e eles responderiam: “De três a dois”. Assim saímos dando a impressão que todos vinham de um jogo de futebol.
Porém, ao chegar à casa todos foram castigados pelos pais, pois, o policial já os havia contatado dando conhecimento do incidente. O apelido do policial que vivia perseguindo a gurizada era Coringuinha, por ser baixinho.

O que seu pai falava sobre a arrecadação de impostos, no Brasil, e como justifica essa opinião, historicamente? Em qual região da Itália seus pais ou os avós nasceram.

O meu pai sempre criticava a arrecadação de impostos, que achava ser um absurdo. Chamava-me em mescla de italiano e português: “Vicenci, vá buscar casaca de Papá”, e eu lhe perguntava: “Aonde vai pai?”, e ele respondia em fúria:

Vá pagare tributo per queles figlioles de la p... del governo”, e tu cuida do comércio de Papá.

O pagamento de impostos era semanal, e deveria ser pago na Exatoria do Estado (Secretaria da Fazenda), no total de mais de 20% do que se somava em vendas.
Falando em meu pai, lembrei-me de uma passagem, que no final me fez rir. Foi quando em “carro de mola” carro de cavalos, que eram os táxis de antigamente, lá pelos anos de 1937, passamos enfrente a Penitenciária estadual, no Itacorubi, e havia alguns carros com pessoas bondosas levando doces e frutas para os presidiários, e meu pai falou: “Vichenci, (era como me chamava), papá vai matar um fogliole de uma p... para viver quá”, e eu perguntei:” Por que pai”, ele respondeu-me: “No bisonha pagare tributo, manja bene e come fruta, doces que les inocentes trazem a eles”, sempre no seu Italo-Português. E logo em seguida disse que estava brincando e que o crime nunca compensou.
Um bom conselho que recebi do meu pai foi: “Vichenci, nunca assina nada em papel que tu não tens nenhum interesse”, o futuro é desconhecido, e esse papel poderá te prejudicar um dia. Na minha experiência futura, me salvei por vezes por ter aceitado o seu conselho e não ter assinado nada sem razão de ser.
Meu pai, Vicenzo Luigi Ignácio Pascale, nasceu em Boscotrecase, província de Nápoles, e todos meus avós paternos eram napolitanos. Minha mãe, Aída Della Rocca Pascale, era filha de, Afonso Della Rocca, nascido em Milão – Itália, sendo a sua mãe, Benvinda Maria da Luz Della Rocca, de Florianópolis.
Continuei uma parte da minha infância e boa parte da juventude em Lages – SC onde cheguei aos 12 anos, permanecendo até os 17. Lá houve uma crise financeira na família, e sem o pai, a minha mãe teve que atuar no fogão produzindo pastéis, empadas e doces, que em pouco tempo foram considerados os melhores da cidade. Eu e meus irmãos a ajudávamos. Eu me propus a ir à rua para vender e também entregar nas Leiterias, como eram chamadas, hoje bares, todos os dias, lá pelas 5 a 6 horas da manhã. Ganhamos muito dinheiro e nunca nada nos faltou na vida, principalmente o alimento que era de primeira qualidade, podia faltar roupas, mas comida nunca. Graças a Deus, até os meus 84 anos, nunca senti a dor da fome, é o normal nas famílias italianas, o alimento em primeiro lugar.
Foi nessa época que fui seduzido aos 13 anos por uma moça de 18, que recebia os quitutes todas as manhãs em uma das leiterias. Ensinou-me a praticar o maior e o mais benéfico vício da humanidade. Até uns dez anos atrás eu a via, e sempre a olhei com gratidão.

Histórico da aprendizagem de escrita e da arte de escrever histórias.

Para escrever algo, foi inesperado, e como autodidata eu escrevia, enquanto lia livros que me incentivavam a fazer algo pela literatura. Iniciei a escrever poesias em 1960, em primeiro com Acrósticos para todos os membros da minha família, seguindo sem qualquer intenção de publicar até 1992, quando saiu o meu primeiro livro, Rescaldos da Existência.
A escrita de um livro de contos surgiu como interesse de saber se eu teria condições de escrever esse tipo de literatura. Foi um assunto íntimo e totalmente particular.

Histórico do seu gosto pelos vinhos. Gosto musical: O que e quem gosta de ouvir, instrumental e vocal; o que gosta de cantar? Gosto pela arte de conversar, dar palestras, discursar.

O vinho faz parte da minha vida, desde meu nascimento. Sou filho de um italiano idoso, quando nasci meu pai tinha sessenta anos e minha mãe trinta. Ele todos os dias tomava o seu vinho, e convidava-me para sentar ao seu lado. Aos quatro anos, ele punha duas gotas de vinho em um copo e enchia de água para me fazer pensar que o acompanhava. E assim foi até os dezessete anos, quando me retirei de casa para ir à Força Aérea.
Nunca me esqueço do que me orientava sobre o vinho:” Vichenci, il vino solo es bono se vá as gambas, nunca a la testa”, no seu Ítalo-Português.
Na verdade, quando me formei na Força Aérea recebi três ordenados em atraso, e fui a uma importadora em Porto Alegre comprar cinco garrafas de vinho “CHIANTI RUFINO”, que na época era considerado um dos melhores da Itália, por meu pai. Comprei queijo e salame como ela fazia. E, na pensão onde vivia comecei a tomar o vinho a vontade, para ver se meu pai teria razão sobre a atuação do vinho bom ou ruim. Em certo ponto, após uns seis copos de vinho, tentei levantar-me e as pernas não me suportavam e não me obedeciam, porém, a cabeça estava intacta. Assim verifiquei a veracidade do que disse: “Foi para as pernas é vinho bom, foi para a cabeça não presta”.
Tenho gosto musical refinado, sou neto de maestro, pianista e teatrólogo, Afonso Della Rocca; minha mãe exímia pianista de músicas clássicas, incluindo todas as óperas, como seu nome já dizia “Aída” da ópera de Verdi. Suas irmãs chamavam-se Eleonora e Gioconda, nomes de personagens líricas. Meu pai tocava clarinete com uma sensibilidade que penetrava no ego das pessoas. Eu vivi e vivo com o verdadeiro alimento, a música clássica.
Gosto de ouvir tenores, como Plácido Domingues, Carreras, Pavarotti, os antigos Carlo Butti, Tito Schipa, gosto de Júlio Iglesias e outros. Brasileiros: sou fã de Aguinaldo Rayol, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Emílio Santiago, Maria Betânia, Alcione e outros.
Admiro muito o piano, a harpa e o violino, e um clarinete chorão, ao som deles me transporto para um mundo diferente, esquecendo tudo o que existe nesse.

Sou apaixonado pelos tangos, boleros, rumbas e mambos de antigamente, todas as músicas da América do Sul e Central, da língua espanhola; na minha juventude, entre 1940 e 1950, além das músicas clássicas, fizeram parte, também, essas outras músicas, das quais até hoje relembro as letras. Gosto muito, quando tenho oportunidade de cantar boleros e tangos, que me recordam a juventude.

Conversar gosto muito também, porém, discursar, fazer palestras somente por obrigação, não sou exibicionista. “Sou o que sou”, como disse Cristo.

O que sua família (da infância) pensava/praticava em torno da participação em grupos culturais? E a família que constituiu como encara sua participação, hoje?

A família, na minha infância era dedicada à música sempre em reuniões familiares e sempre músicas clássicas, juntavam-se meu avô, no piano, meu pai, no Clarinete, e meu cunhado no Saxofone e passavam horas a fio alegrando os que os ouviam. Não estavam unidos a grupos culturais, que eram raros na época, e os que haviam era cerrados a poucos membros. Somente meu cunhado, Dante Odoacre Corradini, que era oficial maestro da Banda do Exército Nacional, em Florianópolis, é que vivia reunido com seus músicos.
A curiosidade que envolve meu cunhado Dante, foi que, sempre dizia: “Eu fui o primeiro homem a pisar na Ponte Hercílio Luz”. Perguntado, por que, dizia: “ Como mestre da banda, após tocar o hino nacional e o hino de Santa Catarina, fui o primeiro a ir na frente da Banda e somente depois de mim entraram as autoridades. Eu fui o primeiro com toda a certeza”. A Batuta que regeu a inauguração foi dada a mim, por ele, antes de falecer, e eu doei ao Museu da Ponte para a posteridade.
Hoje a minha família se orgulha de mim. Embora esteja em outras atividades alheias a cultura, porém, me seguem me acompanham estando a par do que comigo acontece nesse empreendimento.

Histórico como escritor

Meu histórico como escritor, pouco tenho a dizer, porque sempre estive ausente dos literatos até o ano de 1992, quando editei meu livro “Rescaldos da Existência”. Sempre fui solitário em todos os meus atos, até a criação da ALIFLOR.
Nunca me considerei um literato, porque minha vocação é de empreendedor. Nunca pensei em dar valor ao que escrevi e escrevo, por essa razão, até hoje, faço doação de todos os meus livros sem vender um exemplar sequer.
Por outro lado, a satisfação de saber que desejam ler meus livros compensa qualquer tipo de interesse financeiro. Eu prefiro doar a vender. Aqui transcrevo minha posição junto à literatura:

“Quando produzo pretendo que meu trabalho seja educativo, orientador, mostrando a vida em sua realidade, deixando as emoções de lado. Desejo que seja o tônico que age sobre o cérebro para aliviar dores, fortalecer alegrias e promover a segurança para o íntimo suportar a carga de toda a realidade que se apresenta no correr da existência. Sempre me propus a servir, criando, mostrando, orientando, ensinando e amparando meus semelhantes de uma ou de outra forma. A minha escrita humilde e simples, que apresento nas minhas dez obras, é para ser entendida por qualquer leitor, até os menos instruídos na língua portuguesa. Na verdade, jamais pensei em especializar-me em palavras que estão fora da linguagem comum. A literatura deve ser lida e entendida por todos”.

Produzi 550 poesias, 240 pensamentos e doze livros variados, sendo dez editados, e mais três em andamento, que são:

“Falando com Deus” – Uma conversa entre o Planeta Terra e Deus, depois fala o Brasil, depois Santa Catarina, depois Florianópolis e por último a Praia de Cacupé.

“Bianca e seu Avô – Trata-se da vida da minha neta, desde que nasceu

O Autismo” e nos vinte e cinco anos que convive comigo.

“ZEZO” ‒ Conta a história da minha vida desde o meu nascimento até hoje aos 84 anos de idade.

Fatos que hoje considera mais marcantes de sua vida

Os fatos marcantes da minha vida foram, em primeiro a confiança que meu pai e minha mãe dedicavam a mim. Consideravam-me perfeito, que sempre procurei ser, eu os amava e eles a mim. Isso ficou marcado em meu ego e jamais esquecerei.

Também, a minha formação em Sargento especialista em Mecânica de Aviões e Motores da Força Aérea Brasileira, aos dezoito anos de idade, quando um avião de Caça para voar necessitava da minha assinatura, naquela idade.

Como também, na mesma idade, a aprovação da Diretoria de Aeronáutica civil como Engenheiro de bordo dos aviões civis das empresas que atuavam no Brasil.

O meu casamento que se deu em 1950 e que até hoje mantenho, tendo comigo a minha esposa, que é dois dias mais idosa do que eu, completando neste ano 63 anos de matrimônio.
  













A visita a mais de setenta países com o intuito de angariar conhecimento para enfrentar o mundo que hoje temos, inclusive sete vezes no Egito, seis na Grécia, e assim algumas vezes em Paris, Roma, Londres, Berlim e demais capitais do mundo. Conhecedor de todas as cidades da Itália, onde visitei todas as suas cidades de norte a sul, leste a oeste, em 50 dias viajando de trem.

Quais as recordações históricas que evocam os seguintes anos: do primeiro emprego; do início da carreira na Aeronáutica;  de quando começou a trabalhar.

Comecei a trabalhar em 1937. Meu primeiro emprego foi de engarrafador de bebidas, onde pude comprovar a minha formação moral, já aos nove anos de idade. Foi quando, após um mês de trabalho, pela manhã, ao chegar ao trabalho, olhei a máquina, que deveria ser chupada para funcionar e me repugnei. É que todas as manhãs eu deveria chupar os tubos de vinho e cachaça para funcionar, e com isso já estava me viciando, nem sequer tomava o café da manhã pensando em chupar aquelas coisas. Foi quando corri de volta para casa, perseguido pelo patrão, que era amigo de família, abracei-me a minha mãe, quando ele disse: “Aída, o teu filho não quer mais trabalhar e eu preciso dele”. Foi quando minha mãe me perguntou por que não queria mais trabalhar, quando lhe disse: ”Mãe, estou ficando viciado em chupar a cachaça e não quero ser um bêbado na vida”. Minha mãe se enfureceu e expulsou o meu patrão dizendo: “Procure um adulto para trabalhar para ti e não uma criança”. E então, abraçou-me com muito amor e carinho, com seus beijos. Ela foi, na vida, uma verdadeira mãe.

Historicamente, posso lembrar nesta ocasião que houve o Estado Novo, decretado por Getúlio Vargas, em 1937, eu estava em Lages com minha mãe em visita de férias à minha avó, que lá residia, e houve a reação da polícia de Santa Catarina contra o Exército. Minha mãe me mandou comprar um quilo de manteiga, que naquele tempo não tinha embalagem especial, era usado o papel celofane e outro papel comum de embrulho. Eu vinha calmamente pela rua central da cidade, e em uma esquina ouvi o primeiro tiro, joguei-me em um buraco de bueiro, Como eram chamados os poços feitos pela chuva em ruas que não havia calçamento, e em Lages não existia nenhum calçamento naquela época. Seguiu o segundo tiro e muitos outros e eu no buraco sem pensar em mais nada, somente em me proteger. Quando terminou o tiroteio eu saí e a manteiga estava toda distribuída no meu corpo, que foi difícil de explicar para minha mãe o acontecido, porém, depois houve a confirmação do fato.

Depois trabalhei em uma rádio propaganda local, hoje a Rádio Clube de Lages, como “Operador” do aparelho de transmissão; e após, balconista das Casas Pernambucanas, uma loja de tecidos, também em Lages, partindo em seguida para a Força Aérea Brasileira. Iniciei minha carreira na Aeronáutica em Junho de 1945, permanecendo por dez anos.

O que ouviu de familiares mais velhos sobre a ditadura Vargas?

A ditadura Vargas foi muito bem recebida pelos meus familiares, foi considerada a inovação na administração do país. Meu pai o admirava, como minha mãe e toda a família. Como jovem e como militar da Força Aérea, já que convivi com ele por 19 anos, eu fui seu admirador até a sua morte, porque sua ditadura não era enérgica que castigava, e sim progressista em benefício do povo patriota. Foi dada total proteção ao trabalhador com as leis trabalhistas, criados Órgãos de proteção do povo em todos os sentidos.

Em que camada se encontravam seus eleitores, na cidade onde seus familiares viviam?

Os eleitores de Getúlio Vargas eram das camadas sociais de trabalhadores: pobres, remediados e ricos, pois, todos aceitavam as leis por ele criadas em benefício da classe que engrandecia a nação, ou seja, os que trabalham.

Em sua opinião o que marcou a mudança de costumes?

No Brasil tivemos Roberto Carlos, a quem devemos honrá-lo, porque em suas letras ele procurou encaminhar os jovens a serem simplesmente jovens, sem promover o desrespeito a quem tinha o direito de ser respeitado.

O que marcou a mudança dos direitos das mulheres?

A mudança dos direitos das mulheres é um dever da sociedade, principalmente após a Constituição Federal de 1988, onde diz: “Todos são iguais perante a lei” e “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”.

Quais pessoas que apreciava na juventude?

Nós os idosos podemos lembrar muito bem dos nossos antigos professores, quase sempre tinham cabelos brancos, ou seja, experiência. Quando davam aula de história ou geografia e falavam sobre um país, podíamos perguntar sobre qualquer outro país, que eles tinham na boca e no momento a resposta clara e nítida que comprovava o seu conhecimento.

Pessoas que eu apreciava na juventude, posso afirmar que as principais delas na política foram Getúlio Vargas, Churchill, Osvaldo Aranha. Na arte cinematográfica Cantinflas, Gordo e magro, Carlitos, Errol Flin, Clark Gable, Tyrone Power, Humfrey Bogart, Ida Lupino, Lauren Bacall. No Brasil, nas artes, Procópio Ferreira, Adoniran Barbosa, Cecília Meirelles, Nelson Gonçalves, Chico Alves. Na ciência, Weinstein, Sabin, Von Braun, e tantos outros.

O gosto pela escrita vem de quando e como?

Embora não seja um ótimo leitor, sempre tive um enorme respeito pela Literatura, creio ser ela o alimento principal de qualquer cultura, porque sem ela nenhuma profissão existiria. A literatura está em tudo, nas faculdades, na música, em todas as Artes ( cênicas, pintura, escultura, etc.)  Portanto, nada mais importante no mundo do que a Literatura.

O gosto da escrita veio tarde, nos anos 60, quando já estava com 32 anos. Comecei a escrever acrósticos e fui seguindo até completar mais de duzentas poesias e mais de cem pensamentos, sempre arquivando sem qualquer pretensão de publicar. Porém ao tomar conhecimento de um livro que até hoje é a minha bíblia, “O Profeta” de Kalil Gibran Kalil, pensei em fazer algo como o livro dele, não com os seus pensamentos, porque eu não poderia alcançá-los, mas, que pudesse ser lido constantemente sem estar abandonado em uma gaveta; que chamasse a atenção das pessoas o que estava escrito nele, e editei o livro “Rescaldos da Existência”, que apresentei na Feira do Livro de 1992 em Porto Alegre, onde vendi mais de seiscentos exemplares.
De 1956 a 1973 residindo em Lages-SC, pela segunda vez, viajava seguidamente a Porto Alegre, hospedando-me no Hotel Majestic, que era a residência contínua do conceituado Poeta Mario Quintana, com quem tive sempre contato amigável e que muitas vezes, lendo minhas poesias, me orientava e na maioria das vezes me elogiava incentivando a continuar dizendo: “As tuas poesias diferem das minhas, mas, elas mexem com íntimo das pessoas”.
O Hotel Majestic foi desativado nos anos 90 e foi instalado nele a Casa de Cultura de Porto Alegre, cujo nome, honradamente, é do referido poeta.

“CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA”.

Certa vez mostrei ao Poeta a minha poesia, “Deserto”, ele leu-a e perguntou-me: “Você viveu no Deserto do Saara?”, “Claro que não”, eu respondi; então, disse ele: “Se não foi você, em pessoa, que viveu lá, foi o seu espírito em outra vida, esse soneto confirma uma vida contínua e sofredora naquele Deserto”. No momento não aceitei, porém, depois de visitar o Egito por sete vezes e ter mais noção do que é o espiritismo, cheguei à conclusão de que ele poderia estar certo no que disse.

Esse é o poema:

 

DESERTO

Deserto, campo fúnebre

castigado por sol ardente

que, qual veneno de serpente

leva o andante ao sepulcro lúgrube

Nem o grão de areia te suporta

em dunas vai, de um para outro lado

desiludido sem seu abrigo ter achado

desesperado a todo lado se transporta

A natureza te criou como castigo

para entrada e saída não tens porta

À ti tornar prefiro ser mendigo

O desespero e a sede vivem contigo

Ferozes ventanias, que o coração corta

Campo fúnebre, que esquecer não consigo

 

Nessa mesma época, residia em Lages Guido Vilmar Sassi, funcionário do Banco do Brasil, que se tornou meu amigo, mostrei-lhe muitos dos meus trabalhos, sempre me elogiava e me incentivava, cuja lembrança guardo com carinho até hoje. Recebi dele, como doação, duas de suas obras, “PIÁ” e “AMIGO VELHO”, ambas com dedicatória.

Possui o gosto pela palestra e pela arte de falar em público?

Falar em público não é meu hábito, falo sem constrangimento, quando tenho a obrigação de falar, mas, somente quando sou acionado para fazê-lo. Palestra eu prefiro mais ouvir, que me traz mais proveito ao receber o conhecimento dos que possam algo me oferecer.

Como, quando e onde iniciou a participação em grupos e associações culturais?

Em associações culturais fazem poucos anos que iniciei o meu contato. Quando residia em Lages publicava uma vez ou outra as minhas poesias no jornal da cidade. Sempre estive em contato com associações, mas, nunca me associei até a criação da ALIFLOR.

Após nove anos de editar o meu livro Rescaldos da Existência, foi que me dediquei a organizar uma associação literária, foi quando realmente dediquei-me totalmente a implantá-la.

Conte como foi idealizada e batizada a ALIFLOR?

A ALIFLOR surgiu da necessidade de que fosse concedida uma área cultural em nossa cidade para que todas as associações tivessem sua sede e fossem bem representadas, para bem representar a nossa cidade. Ou seja, o desejo era a instalação da Casa do Poeta e do Autor Literário Florianopolitano.

Procurei diversas associações para juntamente comigo, por meio de ofícios e reuniões conseguirmos essa área. Mas, houve dúvidas sobre a minha pessoa, pensaram que eu seria um impostor, ou que quisesse tirar qualquer proveito deste empreendimento. Eu não tinha conceito literário. Resolvi então criar uma associação para ter condições de sozinho, trabalhar em prol da cultura do município. E, em abril de 2001 instalei com todos os direitos a Associação Literária Florianopolitana - ALIFLOR. O símbolo, a Flor de Lis, sempre foi, desde a minha infância o que representava o meu íntimo, pureza de alma. Aprendi a conhecê-la com os Escoteiros, com os quais tenho ligação contínua desde os meus oito anos de idade, e hoje sou reconhecido como benemérito deles. Ingressei naquela Organização aos 83 anos, quando fiz o juramento de Escoteiro embora tenha vivido com eles desde a minha infância.

Fui presidente por sete anos da ALIFLOR, sendo agraciado pelos seus membros com o título de Presidente de Honra Vitalício daquela Organização, que muito me honra hoje fazer parte dela.

Quando e como iniciou sua participação na ACLA, onde hoje ocupa a cadeira 22?

Na ACLA, onde ocupo a cadeira número 22, fui introduzido pelo meu amigo Wesley O. Collyer, atual presidente há cinco anos. Já estou terminando a segunda gestão como Vice-Presidente. Minha intenção sempre foi a de conseguir uma sede para que a nossa Organização estivesse bem representada perante a sociedade do nosso Estado. Graças a Deus já consegui a sede, por meio de lei Estadual, sancionada pelo Governador em novembro de 2011, é uma área de 100 m2, na Rua Trajano, no centro da cidade de Florianópolis.

Como conheceu e conviveu com Guido Vilmar Sassi, que hoje é seu patrono na ACLA?

Foi quando residi em Lages-SC, pela segunda vez, de 1956 a 1973. Guido era um bom amigo, funcionário do Banco do Brasil, onde, pela minha profissão comercial, movimentava e estava sempre em contato com o Banco, unindo em amizade os funcionários a nós, já que a cidade possuía poucos habitantes, a procura de amizades boas era constante.

Mostrava-me suas obras, comentávamos sobre o que eu escrevia, me incentivava a sempre escrever, coisa que naquele momento não me interessava muito, porque estava formando o meu futuro financeiro. Tivemos ótima relação de amizade e com isso ganhei duas de suas obras, devidamente autografadas.

Como concebeu o Estatuto do Idoso que foi transformado em lei pelo governo federal? Quando e em qual Cartório fez registrar esse Estatuto? Seu texto original foi modificado ou não? Que tipo de experiência, em sua vida, inspirou essa criação? Participou, encabeçou o encaminhamento do Projeto de Lei à União?

O Estatuto do Idoso foi a satisfação de um desejo muito antigo, quando observei a necessidade de um idoso ser bem atendido. Quando nasci, como já disse antes, meu pai tinha 60 anos de idade, quando aos 67 saíamos a pescar ou a passear e ele já era bem velho, como eram todos da idade dele naquela época, eu sempre tinha na cabeça esta pergunta: “Quando eu tiver que procurar meu caminho na vida, quem vai cuidar dele?”. O conforto é que minha mãe era bem mais jovem que ele, 20 anos menos, assim poderia ser atendido por ela, como foi até a sua morte. Mas, eu estendia meu pensamento aos demais idosos.

Os tempos passaram, a vida me levou para outro caminho, mas, sempre tinha na cabeça, “proteger os idosos”, porém sem qualquer condição de fazer essa proteção.

Em 1999, já aposentado, tomei a liberdade de redigir um Estatuto que pudesse beneficiar os idosos, o fiz com 53 artigos, registrei no Cartório de Títulos e documentos de Yolé Luz Faria, em Florianópolis – SC, com Registro nº. 005522, no Livro A-29, às Folhas 68, em data de 13 de maio de 1.999.

Encaminhei por carta ao Senhor Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que me respondeu me elogiando, e encaminhou-o para a Secretaria Nacional de Assistência Social pelo Ofício Presidencial DDH/GP/PR 001833 de 19-08 - 1.999, pedindo providências. Solicitou-me que, dali em diante, eu entrasse em contato com aquela Secretaria para ter informações do andamento do processo.

Alguns meses depois a Secretaria me enviou uma carta, dizendo que não havia necessidade do Estatuto encaminhado por mim, porque já existia a lei 8. 847, que era a melhor do mundo e que amparava muito bem os idosos. Eu contestei demonstrando o que continha no meu projeto, que dava total amparo ao idoso, e o que continha naquela lei que oferecia no máximo 50% da proteção que concedia o meu Estatuto do Idoso.

Um ano após a minha contestação, o então Deputado Federal Paulo Paim, se prontificou a retirar o projeto e encaminhar no Congresso, onde percorreu todos os trâmites legais chagando à sanção presidencial em outubro de 2004. Permanecendo todos os artigos mais importantes do meu projeto e ainda com as minhas pontuações. O projeto tem 117 artigos, porém, 90% deles são de formação de Conselhos, punições aos que o desrespeitam e outros assuntos normalmente constante em Projetos de Lei. Os meus artigos que amparavam realmente o idoso permaneceram com as minhas palavras, sem alteração até das pontuações, que são minhas.

Em entrevista na TV logo após a promulgação da Lei, o então Senador Paim, foi perguntado se era o autor do projeto, e na sua simplicidade, que muito respeito, disse que não, “Este projeto é de autoria de um senhor de Florianópolis em Santa Catarina”. Simplesmente não mencionou meu nome, talvez porque não sabia exatamente como é.

O que é marcante do que aprendeu com a leitura do livro O Profeta de Kalil Gibran?

O livro “O PROFETA” de Kalil Gibran Kalil, me permitiu orientar bem a minha vida de pai, esposo, e de ser um verdadeiro cidadão. Quando ele fala sobre o matrimônio; os filhos, o trabalho, as vestes, e tudo o mais que nele contém, mostra o caminho certo da verdade da vida e de como deve ser seguida, e eu absorvei com dedicação suas palavras e não me arrependo, porque somente trouxe-me proveito, na vida.

O meu livro “Respaldos da Existência” foi inspirado na obra de Kalil e tive a satisfação, certas vezes, de ser elogiado, porque os meus leitores diziam ter lido mais de dez vezes o mesmo livro, sempre desejando ler mais, exatamente o que aconteceu comigo no “O PROFETA”.

Fale sobre as suas publicações

Sobre minhas publicações posso lembrar a razão e o momento de criação de cada uma delas.

Rescaldos da Existência, já foi dita a razão desta obra, foi iniciada sem qualquer interesse, em 1960 com poucas poesias compostas anualmente, porém, guardadas, fui juntando muitas delas e também os pensamentos até o ano de 1990, quando reli todas elas, selecionei as que achei melhores e , incentivado pelo livro de Gibran, resolvi publicar, que somente foi editado em 1992.

71 X 25 – Definições de Vida de Duas Gerações - Surgiu-me a ideia de que a definição de vida nos meus 75 anos de idade seria bem diferente das definições de uma pessoa de 25 anos de idade. Baseado nesse pensamento, pedi à minha neta Aline Pascale Palma, com 25 anos na época, que respondesse 186 questões que eu faria, sem que ela tivesse conhecimento das minha respostas, como também, eu das respostas dela, e assim foi feito.

Enviei o boneco para a Editora da UFSC, que foi aprovado em dois meses e me enviaram correspondência confirmando o interesse de publicar, mas, eu deveria ajudar financeiramente. O que não concordei e fiz por minha conta a edição, em 2002.

Passatempo em Poesia – Este foi um livreto que fiz somente cem unidades, onde entre as palavras de uma poesia, em cada página, acompanhada de pensamentos, estava uma palavra que representava uma personalidade social, política, ou uma cidade, um monumento, que deveria ser descoberta pelo leitor, e que mantinha certa dificuldade para se encontrar o que desejava. Este livreto foi editado em 2003.

Flashes dos Componentes da Vida – Neste livro, em três ou quatro páginas para cada assunto, eu procurei diluir cada emoção que interage com o ser humano. Em seu conteúdo tem vida, espírito, trabalho, amor, razão e paixão, felicidade, saudade, vaidade, desprezo, alegria, tristeza, respeito, sentimento, pensamento, arrependimento, preconceito, ilusão, doação, rir, chorar, solidão e fama. Este livro foi editado em 2002.

Se eu fosse Ditador do Brasil por 24 horas - Este livro que foi a público em 2003, demonstrou a minha ânsia de corrigir o Brasil com novas leis que beneficiariam a população em muitos sentidos. Enviei ao Presidente Lula, a seu pedido pela TV, que pedia “Pelo Mutirão da Solidariedade” que o povo o ajudasse a governar o país. Sem ser filiado ao PT, cedi os direitos autorais para que Lula usasse como quisesse. E assim fez, ele apresentou seis dos meus projetos constantes no livro, em 2004, e foram aprovados quatro ou cinco anos após, com sejam, os projetos de minha autoria:

Instalação do Conselho Nacional de Justiça

Instalação da Força Nacional de Segurança

Desfazer o casamento em Cartório, ao invés de ir a justiça

Obrigatoriedade de Hasteamento da Bandeira na semana da Pátria

Fome Zero, que dei o nome de “Fome Nunca Mais”.

Conselho presidencial

E outros que ainda estão em andamento no Congresso nacional.

Louvor ao meu Chão – Após as minhas viagens a 71 países do mundo, resolvi por em um livro recordações da minha Ilha de Santa Catarina - Florianópolis, e Eventos e Curiosidades de uma Vida Real, ou seja, acontecimentos nas minhas viagens ao exterior e muitos dos países que visitei; na Força Aérea, onde servi por dez anos. Editei este livro em 2007.

Meu tempo em Lages – Foi um livreto que escrevi a pedido de amigos da cidade de Lages, para contar um pouco do que acontecia na época de 1940, onde residi até 1945 e depois retornando, em 1956, permanecendo por 17 anos, até 1973, quando me transferi para Porto Alegre, onde residi por 30 anos. Na cidade, nos anos 40, via-se a realidade o Faroeste Americano, mas, lá na Serra, o revólver funcionava a todo o momento, eram peões que além do revólver usavam facão, deixados pelos patrões que lá se instalaram no século 18, quando transportavam cargas e mantimentos de São Paulo e Minas Gerais para o Rio Grande do Sul, onde tinham parada obrigatória em Lages. Também, na Grande Florianópolis, em Palhoça, de onde a cidade ganhou o seu nome, por ter instalada uma grande Palhoça (depósito coberto de palha) para receber os mantimentos. Não houve edição, mas, foram tiradas cinquenta cópias em livreto e distribuídos entre os amigos gratuitamente, em 2008.

Vendaval de Palavras – Esse livro foi a continuação do meu primeiro livro, “Rescaldos da Existência”, continuando a ceder ao leitor mais alguns pensamentos que criei em toda a minha vida. Este livro foi editado em 2009.

Meus Dez Anos na Força Aérea – Fui incentivado por um alto graduado da Força Aérea (major Brigadeiro do Ar Marion Peixoto), que eu tive a honra de servir com ele no Grupo de Caça, para mostrar aos colegas como era antigamente nos quartéis e como se desencadeava a vida comum dos militares da F.A.B. Mandei fazer quinhentos exemplares e distribui gratuitamente entre os atuais colegas da Aeronáutica, na solenidade anual em homenagem a fundação do 1º do 14º Grupo de Aviação de Caça, de Porto Alegre, do qual sou um dos fundadores em 1947. Nele eu conto o cotidiano da vida entre os componentes, com muitas curiosidades e muitos acontecimentos durante os dez anos que lá passei naquela gloriosa Força, de 1945 a 1955. Este livro foi editado em 2009.

CONTOS – Univitelinos - Tio Dinho e Elter o Filósofo da Vida – Este livro, que contém três contos, eu fiz com a intenção de ver se teria a possibilidade de escrever contos e parece que me sai muito bem, porque tive as melhores referencias sobre sua criação. Editei no ano de 2007.

A Família Della Rocca – Foi um livreto que fiz a pedido de parentes para o nosso encontro da nossa família, por parte da minha mãe, há dois anos passados, e que teve uma ótima aceitação, já que a maioria dos parentes desconheciam o passado dos seus ascendentes e eu, como idoso que sou, tinha mais conhecimentos dos acontecimentos que os demais membros da família. Este livreto não foi editado, foi feito em cópias Xerox em 2010.

Sonetos – Poesias – Poemas – Nele contém dez sonetos chamados de “Alexandrinos”, que eram compostos 300 anos após Cristo, na Grécia. Os demais são trabalhos variados: metrificados, versos livres e poemas diversos.

O que deseja transmitir para os novos escritores?

O que posso transmitir aos novos escritores é que: escrevam tudo o que vier à cabeça, guardem tudo e registrem em um caderno. Nenhuma palavra deve ser perdida, algumas que parecem fora da literatura, possivelmente no futuro serão olhadas diferentemente, com muito valor literário. O julgamento do que escreverem não pode partir de vocês no momento, nem de outro alguém, no futuro meses ou anos depois, verão que tem muito valor o que foi escrito, com direito até de publicação. Foi o que aconteceu comigo na época, mas eu perseverei.

O escritor tem que crer que tudo é válido na literatura. Tudo tem seu valor literário, simplório, médio ou potencial, todos terão uma finalidade, assim, jamais deixem de guardar suas escritas e no futuro me agradecerão por esse conselho.

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