sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Verbete de "O setênio": "F" de Faria Lima

 A leitura de O setênio (MEROLA, 2024) convoca a indagar sobre o binômio democracia X fascismo. Necessário informar que a autora construiu um "Rol necessário" cujo recorte é  apresentado em ordem alfabética, neste blog, ao longo do mês de dezembro de 2024.



Faria Lima – Avenida em São Paulo que aloja o principal centro financeiro do Brasil.

 



MEROLA, E. D. Português para quem? In  O Setênio, pp 55-56

Numa famosa rede social há um grupo que vou identificar aqui pelo nome fictício "Português para quem...". [...]

Mas os comentários mais aterrorizantes foram sobre o tema de redação da prova do ENEM realizada no dia 13/11/2022. [...]

A certa altura, uma "agrupada" escreveu uma frase classista:

Afinal, quem é esse povo?

Após ferver, dei um tempo. E já na minha página, respondi:

Esse povo é aquele que preferia dar vida a Jesus, ao invés de Barrabás.

É um povo que conhece a fome ancestral e mesmo assim não prevarica.

É um povo que viu chegar as caravanas de um tal Cabral e as viu ir levando o pau brasil.

É um povo cujos ancestrais plantaram cana sol a sol e hoje não são donos das grandes empresas de cachaça.

É um povo que frequenta a Faria Lima pra fazer faxina nos escritórios.

 

ADENDO O Setênio (MEROLA, TãoLivros, 2024)

Uma personagem septuagenária confessa suas impressões sobre o setênio inaugurado em janeiro de 2016 e vivenciado até oito de janeiro de 2023 como se “tivesse quebrado um espelho” e, em consequência, tivesse “sete anos de azar”. Ao perceber que a história da república brasileira é marcada pela militarização, desencanta-se e se volta para sua ferida narcísica.  Lembranças em torno do uso de casacos vermelhos e da escolha vocacional mesclam-se com percepções sobre as campanhas presidenciais de 2018 e 2022. Por meio de personagens ficcionais comparecem aqueles que abatem os demais e os afrontam com ilicitudes. Pela caricatura, desenha a naturalização do personalismo nos atos em prol da ditadura. Retrata o apelo às teorias conspiratórias que abusam da boa-fé e da religiosidade, e redes sociais que se empenham em impedir reflexões sobre educação, cultura e sociopolítica. Desenha um contexto político pedagógico apartado de princípios constitucionais. 


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