A leitura de O setênio (MEROLA, 2024) convoca a indagar sobre o binômio democracia X fascismo. Necessário informar que a autora construiu um "Rol necessário" cujo recorte é apresentado em ordem alfabética, neste blog, ao longo do mês de dezembro de 2024.
Faria Lima – Avenida em São Paulo que aloja o principal centro financeiro do Brasil.
MEROLA, E. D. Português
para quem? In O Setênio, pp 55-56
Numa famosa rede social há um grupo que vou identificar aqui pelo nome fictício "Português para quem...". [...]
Mas os comentários
mais aterrorizantes foram sobre o tema de redação da prova do ENEM realizada no
dia 13/11/2022. [...]
A certa altura, uma
"agrupada" escreveu uma frase classista:
– Afinal, quem é esse povo?
Após ferver, dei um
tempo. E já na minha página, respondi:
Esse povo é aquele
que preferia dar vida a Jesus, ao invés de Barrabás.
É um povo que
conhece a fome ancestral e mesmo assim não prevarica.
É um povo que viu
chegar as caravanas de um tal Cabral e as viu ir levando o pau brasil.
É um povo cujos
ancestrais plantaram cana sol a sol e hoje não são donos das grandes empresas
de cachaça.
É um povo que
frequenta a Faria Lima pra fazer faxina
nos escritórios.
ADENDO O Setênio
(MEROLA, TãoLivros, 2024)
Uma personagem septuagenária confessa suas impressões sobre o setênio inaugurado em janeiro de 2016 e vivenciado até oito de janeiro de 2023 como se “tivesse quebrado um espelho” e, em consequência, tivesse “sete anos de azar”. Ao perceber que a história da república brasileira é marcada pela militarização, desencanta-se e se volta para sua ferida narcísica. Lembranças em torno do uso de casacos vermelhos e da escolha vocacional mesclam-se com percepções sobre as campanhas presidenciais de 2018 e 2022. Por meio de personagens ficcionais comparecem aqueles que abatem os demais e os afrontam com ilicitudes. Pela caricatura, desenha a naturalização do personalismo nos atos em prol da ditadura. Retrata o apelo às teorias conspiratórias que abusam da boa-fé e da religiosidade, e redes sociais que se empenham em impedir reflexões sobre educação, cultura e sociopolítica. Desenha um contexto político pedagógico apartado de princípios constitucionais.
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