segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Ricardo III: o usurpador do poder que armou "conspirações, falsos perigos"

 A leitura de O setênio (MEROLA, 2024) convoca a indagar sobre o binômio democracia X fascismo. Necessário informar que a autora construiu um "Rol necessário" cuja apresentação em ordem alfabética, neste blog, iniciou em 01 de dezembro de 2024.

Ricardo III   personagem homônimo à peça teatral escrita por Shakespeare que retrata a ascensão maquiavélica de Ricardo III na disputa do trono da Inglaterra e sua iminente queda.

Ficção ou não?
[...] em 2018, um candidato quase desconhecido [...] embalou de maneira vertiginosa e acabou galgando seu lugar no pódio devido a narrativas controversas. Eis como conto aquela cena ficcional ou não:
– A facada
(Apresentação musical em Nagô. Findo o canto, na boca de cena, uma tela assinada por Da Vinci paira no ar como se estivesse pendurada na quarta parede dessa apresentação que, em seu final inconcluso, arremeda um psicodrama público.).
Na plateia, certos sorrisos se esvaem ao fitar Mona Lisa que agora tem olheiras fundas, cabelos desalinhados e brancos, dentes amarelados. 
Ricardo III  levanta da cama hospitalar do fundo do palco, e caminha até Mona Lisa. No tocante a como chegou ao poder, confessa:
Determinei tornar-me um malfeitor
Armei conspirações, falsos perigos…
Talquei?
Sai de cena Ricardo III, pois precisou ir para o município paulista de Queiroz. 
Ficção ou não? (MEROLA, 2024, p 57).

ADENDO SOBRE O ROMANCE "O SETÊNIO" 

Uma personagem septuagenária confessa suas impressões sobre o setênio inaugurado em janeiro de 2016 e vivenciado até oito de janeiro de 2023 como se “tivesse quebrado um espelho” e, em consequência, tivesse “sete anos de azar”. Ao perceber que a história da república brasileira é marcada pela militarização, desencanta-se e se volta para sua ferida narcísica. Lembranças em torno do uso de casacos vermelhos e da escolha vocacional mesclam-se com percepções sobre as campanhas presidenciais de 2018 e 2022. Por meio de personagens ficcionais comparecem aqueles que abatem os demais e os afrontam com ilicitudes. Pela caricatura, desenha a naturalização do personalismo nos atos em prol da ditadura. Retrata o apelo às teorias conspiratórias que abusam da boa-fé e da religiosidade, e redes sociais que se empenham em impedir reflexões sobre educação, cultura e sociopolítica. Desenha um contexto político pedagógico apartado de princípios constitucionais

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