Sou de uma geração fronteiriça. Mas as fronteiras nos ensinam lições tanto de repúdio como de acolhimento. Para clarear: sou da geração que compreende a religião em tempos pós modernos como uma necessidade de prática ecumênica . A encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, já apregoava o ecumenismo para repudiar qualquer guerra (ou seja, para explicar que não existe guerra santa). Sou da geração que acredita, ainda, em renovação. Sou da geração que, na puberdade, amava o Papa velhinho porque foi explicado na aula do Ginásio a parte do texto de uma de suas encíclicas que falava da obrigatoriedade das nações (que se diziam católicas, pelo menos...) acolherem multidões de exilados, povos nômades, ... enfim (não é difícil de entender): GENTE DA RAÇA HUMANA! (lembrou?). O papa velhinho ou João XXIII era mundialmente conhecido como Papa Bondoso porque se preocupou com a condição social dos trabalhadores, dos pobres, dos órfãos e dos marginalizados. Esse papa que se ocupava com quem estava nas fronteiras e às margens fez publicar, em 1963, a encíclica Pacem in Terris (em português: Paz na Terra).
Foto enviada por Flávio em 15/3/2013 |
Sou da geração que curtiu João XXIII e que espera poder curtir o Papa Francisco, defensor do direito de greve, em sua Argentina. Defensor da quebra de protocolos de ostentação, no Vaticano. Defensor de que poderosos não deixem contas assumidas pendentes, pagando-as como qualquer mortal, em todo esse mundo!
Sou da geração que ainda crê que as regiões fronteiriças, sejam elas geográficas, sociais, existenciais,... são oportunidades de viver DIFERENÇAS PARA HAVER TROCA E ENCONTRO.
A procissão de Encontro que se realiza por ocasião da Páscoa, por exemplo, é para os católicos uma festa que simboliza a ressureição de Cristo. Mas na visão ecumênica pode ser vista como a harmonização do filho e da mãe; do masculino e do feminino; do terreno e do celeste; do poderoso e do humilde ... Existencialmente simboliza o encontro consigo mesmo ( que Junguianos chamariam de expansão do Self).
Sou da geração que entendia, cantava, lia e criava metáforas para expressar-se em versos e letras de músicas. Sou da geração que politizou o uso da metáfora. Sou da geração que não acreditava na educação embasada nos preceitos de catequização jesuíta. Sou da geração que lutou pela implementação da escola pública laica.
Sou dessa geração que entende que a escolha do Papa Francisco não foi ingênua ou idealista por parte dos cardeais (príncipes romanos).
Sou de uma geração de idealistas, e, nesse momento, permito-me acreditar que o Papa Francisco ousará em criatividade ao fazer do Vaticano um lugar de exercício de humildade e vida franciscana.
Abaixo, como exercício de humildade, escrevo em Espanhol (Língua a cujo estudo pouco me dediquei) um texto que dedico à criatividade e humildade do Papa Francisco e aos argentinos (em especial aos que lotam as praias de Florianópolis... Mas enriquecem nosso saber linguístico e nos ajudam a aprender a dividir espaços, irmanamente.)
El Poema Sirve para...?
Poemas son
Cometas de rimas
que suben en cordón
Metáfora en linterna
mi velo illumina,
tu cielo llevanta
Poemas son íconos de esperanza...
En el sol,
En la soledad,
En la quietud,
En la oscuridad,
Aún hay pena,
Aún hay papel:
para idealizar/concretar
VIDA
Y cuando se apague
lo que se ve
(por fuera...)
Que jueguen
En mi alma
Versos introspectos
a que pueda cantarlos en tus oídos
a que puedas tocarlos en mis oídos
Y asi, en el encuentro,
una nota musical añade un ponto a la melodía Universal.
Nota: para pesquisar sobre o conceito de "encontro", leia BUBER.
Parabéns, amiga, pela escorreita colocação.
ResponderExcluirDONATO RAMOS - Florianópolis SC
Edna, gostei muito do seu texto. O mundo católico aguarda que o Papa realmente traga um ar novo aos discípulos da Igreja e que saiba ser conciliatório nas situações que se apresentam. Parabéns pelo poema.
ResponderExcluirBj, Milka.