segunda-feira, 4 de março de 2013

Entrevista: Definições e Ilustrações. Por Edna Domenica Merola.

Esta postagem principia por algumas definições sobre o tema ENTREVISTAS e segue com as ilustrações de reportagens sobre pessoas e grupos ligados a alguma forma de arte. Reúne os seguintes textos:
Entrevista com Ivonita di Concílio;
Entrevista com Osmarina Maria de Souza;
Presentes Literários: texto sobre escritores que conheci em Floripa ‒Hoyêdo Gouvêa Lins (in memorian), Artêmio Zanon, Paulo Berri,Oswaldo Gavina, Raimundo C. Caruso (reportagem);
Reportagem em 16/7/2012. Perfil de um Grupo de Aprendizagem de Canto. (reportagem);
Maiores de 50 em ação: A.C.O.N.T.H.I.F. - 13 anos de histórias. (reportagem);
Ossos do Ofício de Entrevistadora (Crônica sobre a negativa de um entrevistado).

DEFINIÇÕES
Um texto de entrevista compõe-se de: Manchete ou título - frase criativa ou pergunta interessante. Apresentação - destaca o perfil do entrevistado, sua experiência profissional e sua habilitação frente ao tema abordado. Perguntas e respostas – transcrição das falas de cada um dos participantes.
No entanto, há entrevistadores que optam por transcrever as falas usando um discurso indireto; outros incluem uma introdução que descreve os procedimentos de entrevista, sua duração, local e data.
A entrevista é uma ocorrência oral que pressupõe um mínimo de dois interlocutores. Caracteriza-se por seus perfis e pelo foco que esses elegem ao abordar o tema em pauta.
A entrevista formal é pautada nos saberes dos participantes de tal forma que a figura do entrevistado é colocada no papel daquele que tem algo importante a dizer sobre o tema colocado pelo entrevistador. No entanto, o entrevistador deve ter domínio da linguagem a ser utilizada durante a entrevista, assim como do contexto do universo temático inquirido. A expectativa em relação a um texto produzido após entrevista oral é a de que aquele deverá ter as mesmas características do que é publicado em periódico reconhecido pelo respectivo público alvo (Ex.: leitores de um jornal disponível à venda em bancas e/ou com assinantes). 
As expectativas do público são determinantes para o processo de construção de uma entrevista, ou seja, o contexto externo contribui de forma significativa para a elaboração desse gênero discursivo/textual. Uma elaboração prévia a respeito do assunto é feita pelo entrevistador que deverá conhecer o assunto em pauta, manter-se totalmente imparcial, ter objetividade, promovendo total credibilidade. Só um discurso sem falhas atenderá às expectativas do público e formará opinião.

O filósofo e linguista Paul Grice indica três importantes itens. Máxima de Quantidade – espera-se que o locutor forneça informação suficiente para a compreensão ( nem demasiada e nem nula). Máxima de Relevância – toda frase deve estar relacionada ao tema abordado, facilitando a compreensão da matéria em sua íntegra. Máxima de Modo ‒ refere-se à forma como é feita e à clareza da informação prestada. O respeito às Máximas de Grice tornam a produção discursiva coerente, garantindo a cooperação entre interlocutores que é necessária para produzir algo inteligível.
A entrevista apresenta uma pluralidade de vozes, isto é, constitui-se pelos vários discursos dos participantes, e bem como, do público. Prevê interação social e quebra de isolamentos, serve à pluralização de vozes e à distribuição da informação. Sua função  vai além de colher respostas de questionário sobre um tema; é também um instrumento de trabalho para elaborar reflexões, desenvolver o saber crítico, exercer ideais  relativos a determinado tema.
REFERÊNCIAS
DUARTE, Vania. Um gênero textual do cotidiano jornalístico, Brasil Escola nas redes sociais.
SOUZA, José Marcos Rosendo de. Artigo » Português » Os matizes do gênero entrevista: o contexto de produção.

Texto ilustrativo da técnica de entrevista (realizada via e-mail)


ILUSTRAÇÕES:
ENTREVISTA COM A IDEALIZADORA DO GRUPO VOCAL FLORIPA CANTA IVONITA DI CONCILIO
Perguntas ou enunciados propostos pelo blog aqueceaescrita

Nome, signo, Naturalidade.
– Ivonita Di Concílio, Porto Alegre, signo de Capricórnio.
Histórico da aprendizagem de canto
– Nunca tive aula de canto. No primário, ainda usava-se, nas escolas, o Canto Orfeônico, que era composto de “quatro vozes” ou mais, pois os instrumentos eram imitados vocalmente. Meu registro de voz, em criança e adolescente era soprano. O Canto Orfeônico foi muito importante e, creio precursor dos corais de hoje.
Gosto musical: o que e quem gosta de ouvir, instrumental e vocal; o que gosta de cantar?
– No tocante à música, penso que é um dom inexplicável, pois sou considerada uma cantora muito afinada e sei “brincar” com as melodias sem perder o tom. Sempre fui amante de todos os estilos musicais; sei identificar árias de óperas e operetas, distingo autores clássicos e aprecio muito as músicas orquestradas, também. Enfim: música é vital, para mim e cada período de minha longa vida guarda uma para marcar um acontecimento, seja ele qual for...
Fatos marcantes de sua vida
Aos 75 anos de idade tenho muitos fatos “marcantes”. Posso determinar um: minha vinda para Santa Catarina, em 1974. Depois, meu primeiro show “De Ravel a Gardel” (2008). Comecei a cantar profissionalmente, em Florianópolis, para ajudar um amigo que estava quase afônico e, dando certo, fiz minha carteira na Ordem dos Músicos em 1987.
Quais as cantoras que apreciava na juventude? O gosto pelo canto vem de quando e como?
– Aprendi a cantar muitas músicas com Bidu Saião (soprano, lírica), as Irmãs Baptistas (Linda e Dircinha) Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Dilu Melo, Isaurinha Garcia, Nora Ney, Maysa, Dolores Duran, Aracy de Almeida, Ângela Maria, Inezita Barroso, Hebe Camargo, Emilinha Borba e Marlene. Havia, também, as sopranos estrangeiras, Martha Eggerth, Jeannete Mac Donald, Yma Sumac (um fenômeno vocal), Sarita Montiel, Kathrin Grayson, Rosita Serrano.
Como e quando iniciou a participação em grupos de canto ou de convivência?
– Participei, precariamente, do Coral da Câmara de Vereadores de Florianópolis, mas reconheço, humildemente, que não alcanço certas notas.
Conte como foi idealizado, batizado o grupo Floripa Canta.
Floripa Canta era, praticamente, uma corruptela de “flash mob”, pois foi nesse movimento internacional que tomei base para trazer um pouco de música (sempre a música) para um público em especial. Assistindo alguns vídeos dessas apresentações em espaços parecidos com a nossa Rodoviária Rita Maria decidi agir. No final de dezembro de 2011, telefonei para meu amigo Cláudio Bristot, regente de corais e ele abraçou a sugestão. Alguns telefonemas para amigos como Urilda Coutinho,  e havia um esboço de coral. Como era fim de ano, não adiantaria tentar mais contatos. Decidi deixar que passassem as “festas”. Dia 2 de janeiro, à tarde, saí de casa decidida a conseguir alguma coisa. Subi as escadas do Terminal e fui procurar “quem” poderia me ajudar. Portas foram-se abrindo até que cheguei à frente do Gerente do Terminal Rita Maria. Contei-lhe minha ideia e pedi permissão para apresentar o flash mob aos passageiros enquanto esperavam os ônibus em que iriam viajar. O Sr. Konell (gerente até 2012) aprovou a sugestão imediatamente. Saí dali como se estivesse nas nuvens... Viviane Lopes, bibliotecária da Biblioteca Estadual, ao ser solicitada por mim, conseguiu liberar uma sala para nossa primeira reunião (04/1/2012), porém, devido a contingências precisamos procurar outro local, mais amplo. Voltei a procurar o Sr. Valdir Konell e, a partir do dia 17 de janeiro de 2012, o grupo ocupou o Espaço Cultural Rita Maria, onde três verdadeiros anjos – Zezeca, Joyce e Jany– se integraram ao Grupo Vocal Floripa Canta. A cada dia que passou nosso Grupo foi tomando forma de grande grupo. Em março, nosso amigo Cláudio iniciou um curso de Direito e precisou afastar-se da regência. Em seu lugar convidamos outro regente e uma preparadora vocal para administrar noções de Técnica Vocal aos participantes – isso foi transformando pessoas que gostam de cantar em coralistas. Quando menos esperávamos, um Grupo Vocal estava formado, em sua maioria, por pessoas maiores de 60 anos, sendo que a mais velha já conta 85 anos. Automaticamente sentimos que éramos mais um Grupo de Terceira Idade. Com uma feliz peculiaridade: cantar e somar alegria.
O que a família pensa de sua participação nos grupos de idosos? E da saída da coordenação do Grupo Vocal Floripa Canta (em novembro de 2012) para dedicar-se às novas atividades que sei que vêm por aí?
– Minha família é pequena, mas coesa. Apoiamos uns aos outros e, no meu caso, tenho total respaldo em todos os eventos que “invento”. 

Edna Domenica Merola inspirou-se no nome do Grupo Vocal batizado por Ivonita de Floripa Canta para compor um soneto homônimo:
Floripa Canta (soneto)      
Canta, Floripa canta... Cantarás!
Escutarás: “Conserva tua história...”
Cidade e praias brilham na memória
Encanta a gente, encanta... Encantarás! 

Com belo Boi de Mamão brincarás
Com a Bernunça de boca lusória...
Guga! Avaí! Figueirense! Que glória!
Renda de bilro à Lagoa terás. 

Praias da Ilha: ouvirás Mirandinha
Zininho com Amor à Ilha: teu hino
Pântano do Sul, dás tua tainha  

Lagoa da Conceição: sol a pino,
Lagoa do Peri branca prainha:
         Floripa ama e canta como imagino!


Antonieta Mercês da Silva, por Edna Domenica Merola.

Discreta e inteligente. Excelente colega para os companheiros do grupo. Como professora da Oficina Literária da qual ela participa (no segundo semestre de 2015) só posso dizer que ela veio para colaborar, compartilhar, conviver. Obviamente essa atitude dela é um forte motivo para que conquiste admiração e respeito. 
Conheci Antonieta numa feira de livros há cinco ou seis anos atrás. Comprei de suas mãos o romance Saragaço que me marcou muito mais do que os demais que adquiri no mesmo dia e que eram também de autoria de escritores locais (SC). O livro retrata uma vila de   pescadores no litoral catarinense, mas pode-se dizer que o livro é ambientado no universo da palavra
Natural de Canto dos Ganchos, Governador Celso Ramos /SC,  é bacharel em Letras pela UFSC. 
Foi professora de Ensino Fundamental junto à Secretaria de Educação/ SC, no período de 1965 a 1991 (Aposentada). 
Foi Membro do Conselho do NEA — Núcleo de Estudos Açorianos/UFSC/2005—2008 e NEPOM/ Núcleo de Estudos Poéticos e Musicais/UFSC (2006/2007).
Foi Diretora de Cultura junto à Prefeitura Municipal de Gov. Celso Ramos, de 2005- 2008.
Antonieta Mercês da Silva é autora de romances e de livros infantis.
Seus romances publicados: Quando depenca o Pampeiro e Saragaço. 
Os títulos de Literatura Infantil:  A Galinha Polaca, A Tartaruguinha Tatá, As Aventuras do Lagartinho Verde. Macaco Maca (Todos da Editora Pandion/Florianópolis).

ANEXO (material enviado pela escritora Antonieta para a autora desta postagem)

Quando despenca o Pampeiro (romance- Editora: Letradágua- Joinville - 2005) narra, além das emoções vividas, as dificuldades que atravessavam os habitantes de uma pequena vila de pescadores artesanais, diante das intempéries que os afastavam da pesca, ou, às vezes, deixavam alguns para sempre no fundo do mar em meados do século XX. Ali, quase que isolados pelos morros, os moradores, através dos mares, com barcos movidos a remo e velas, tinham, como principal afazer, os trabalhos envolvendo a captura, secagem e comercialização do peixe. O livro enfatiza o respeito o jeito engraçado dos moradores contarem as coisas e causos, nas rodinhas ou em reuniões familiares e mantêm ditos, folguedos, expressões populares… ora acrescentando letras, ora suprimindo ou transformando proparoxítonas, como: véspera, em paroxítona: vespra, como um compromisso assumido com seus antepassados, num efervescente modo de falar rápido, alto e todos ao mesmo tempo formando uma confusão de vozes, como um Pampeiro.


S A R A G A Ç O (romance - Editora: Letradágua - Joinville - 2005)
Um livro fascinante pelo seu universo ambientado: uma vila de   pescadores. Para promover o espetáculo da tessitura do livro “SARAGAÇO”, foi preciso mergulhar no universo apaixonado da palavra. Da palavra de um passado que grita sua existência, ao vir à tona para num querer se tornar presente, gritar que somos feitos de ontem e de hoje, de calmaria e de tempestades, de pampeiro e de saragaço.
Saragaço carrega um peso! O peso de uma expressão proferida  solta aos ventos que sopram  o litoral catarinense.











ENTREVISTA COM OSMARINA MARIA DE SOUZA.

Entrevista com enunciados propostos pelo blog aquecendoaescrita (mantido por Edna Domenica Merola e sem fins lucrativos). A Entrevistada respondeu via mail.
Nome, idade, signo, Naturalidade. OSMARINA MARIA DE SOUZA, 84 anos, (nasci em 17/11/1929) em Florianópolis SC.
Histórico de seu gosto musical: o que e quem gosta de ouvir, instrumental e vocal; o que gosta de cantar? O que gosta de dançar?Gosto de boleros, valsas para dançar. Adoro ouvir músicas tocadas em violão.
Histórico de participação em grupos de dança. Histórico de participação em corais (em Igreja, escola,...) Não pertenço a nenhum grupo musical, porém já dancei no grupo de dança do NETI e do SESC.
O que sua família (da infância) pensava/praticava em torno da participação em grupos culturais? E a família que constituiu como encara sua participação, hoje? Fatos que hoje considera os mais marcantes de sua vida. Minhas filhas me apoiam no trabalho que fiz e ainda faço, esporadicamente, com Grupos de Idosos, levando mensagens de um envelhecer sadio. Quanto à família da minha infância não recordo, acho até que não havia este tipo de trabalho.
Fatos que hoje considera os mais marcantes de sua vida. Marcante em minha vida considero: o nascimento de minhas filhas, o meu trabalho profissional que me proporcionou uma aposentadoria, a formatura no NETI em 1997, o dia em que recebi meu certificado de conclusão do segundo grau quando já tinha 79 anos, era para mim ponto de honra ter este certificado, e a edição do meu primeiro livro Divagando.
Quais as recordações sociais ou de costumes? Quando jovem, fui muito alegre, dancei muito. Havia na época clubes para brancos e outros para negros, mas nunca tive problemas em nenhum deles, tinha entrada em ambos. Porém sofri preconceito em outras situações, seja como negra ou como filha de empregada, mas doía na hora e logo depois eu estava feliz. Com o casamento chegaram as preocupações, filhos de decepções, mas tudo superei e sou feliz.
Sobre o ano em que começou a trabalhar informalmente. Aos dez anos eu já fazia muito trabalho informal. Como minha mãe era doméstica, eu a auxiliava nestas tarefas como: tirar o pó dos móveis, molhar a roupa no pasto, recolher a roupa seca, passar a ferro as peças mais simples. Como as patroas eram costureiras minha tarefa era também ir comprar aviamentos, aprender a fazer moldes, fazer bainhas e pregar botões.
Sobre o ano em que teve o primeiro emprego formal. Como trabalho formal, em 1952, fui contratada pela Companhia de Fumo em Folha, na cidade de Blumenau, como datilógrafa. Em 1956, fui telefonista no maior hotel da cidade, o Hotel La Porta, já desaparecido. Em 8 de setembro de 1959, iniciei meu trabalho como datilógrafa da Secretaria da Agricultura e para o qual fui nomeada. Lá exerci a função de encarregada do arquivo, depois chefe do Setor RH, quando fui emprestada por cinco anos para o INCRA. De volta para a Secretaria, passei a datilógrafa do Gabinete do Secretário e por alguns meses exerci a função de telefonista com uma carga horário menor para poder atender minha mãe doente.
Sobre o ano em que se apaixonou pela primeira vez. No dia 26 de maio de 1946, dentro do ônibus da linha Agronômica vi aquele que não seria o meu esposo, mas que com certeza foi o grande amor da minha vida. Faleceu no dia que fiz setenta anos e então para ele escrevi a poesia AMOR VERDADEIRO.
Considera-se romântica? Na juventude sempre se é um pouco romântica ou sonha-se com romantismo. A década de 50 para mim foi a mais romântica e quem viveu naquela época há de concordar.
Sobre o ano em que teve o primeiro filho. Como me esquecer do dia em 1948, na casa de número 528 da Rua Gaspar Dutra, no Bairro do Estreito, quando às 6 horas da manhã nascia Solange a minha primeira filha. Em 1949, no mesmo local nascia Sônia a segunda filha e, em 1951, no Hospital Santa Izabel em Blumenau chegava Sonilda para minha alegria e fechar a prole.
Sobre o ano em que se aposentou no emprego formal. Minha aposentadoria chegou em novembro de 1988 como funcionária da Secretaria da Agricultura do Estado de Santa Catarina. Revi e revejo o local com saudades quando lá vou. É notável a transformação! Na época passada: máquinas Olivetti, Remington, mimeógrafos e outros equipamentos mais pesados. Hoje tudo informatizado para facilitar o trabalho dos atuais funcionários.
Sendo escritora e acadêmica; além de integrante do NETI, na verdade, continua trabalhando. Como vê esse trabalho voluntário que pratica após a aposentadoria? Como pequena escritora, continuo digitando crônicas e poesias, sem querer competir com ninguém. Pertenci ao Grupo Terceiro Tempo do NETI (hoje desativado). Como voluntária do NETI, tento retribuir o que recebi. Foi no NETI que uma porta se abriu e eu entrei cheia de vontade. Hoje ainda faço alguns trabalhos voluntários em grupos de terceira idade e em escolas, quando sou convidada, e vou com muita satisfação levar minha mensagem de um viver feliz.
Anos em que participou da fundação de academias e associações literárias em SC. Primeiro com Maria Vilma Campos e Vilma Bayestorff, ambas alunas do NETI, fundamos a Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, em 28/03/1995. Em 24/04/1996, como uma turma de poetas e cronistas liderados por Zoraida Hosterman Guimarães fundamos a Academia São José de Letras. Em 28/05/1998, em uma reunião previamente convocada, na Casa do Jornalista à Rua Victor Meirelles fundamos a Academia Desterrense de Letras. Em 20/09/1996. Na residência de Dalvina de Jesus Siqueira, em Biguaçu, ajudei a fundar a Academia de Letras de Biguaçu. Em 06/10/2009, em uma sala da Biblioteca da cidade de São Pedro de Alcântara fundamos a Academia de Letras daquela cidade. Quanto à Academia de Gov. Celso Ramos não sou fundadora, e somente acadêmica correspondente. Como acadêmica, até recentemente, pertenci à Diretoria de três destas Academias. Hoje sou acadêmica titular da Cadeira 10 da Academia Desterrense de Letras. Na Academia de Letras de São José ocupo a Cadeira nº 24, na Academia de Biguaçu minha Cadeira é de nº 20. Na Academia de São Pedro de Alcântara sou somente Acadêmica Honorária (não quis uma cadeira) e na Academia de Gov. Celso Ramos sou acadêmica correspondente. De todas estas instituições sou cofundadora como também da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses.
O que diz sobre a ditadura Vargas? Em que camada se encontravam os seus simpatizantes, em Florianópolis? Eu era muito jovem durante a ditadura Vargas, e pouco anotava detalhes sobre o assunto, mas lembro de que muita coisa não era permitida, mas a maioria da população o tinha como um ídolo. Particularmente sei, porque li, que Vargas foi o mais cívico dos Presidentes. Lembro que os símbolos nacionais eram respeitados pela população. O povo sabia quase todo o hinário nacional. Nas escolas era obrigatória a saudação à Bandeira Nacional, o canto do Hino Nacional, da Bandeira, do Descobrimento e da Independência, sempre na época correspondente. Havia também desfiles militares e escolares. Nas escolas era obrigatório o uso dos uniformes e muita obediência. Uma coisa, porém não perdoo a Getúlio Vargas: – a entrega de bandeja de Olga Benário Prestes a Hitler. Creio que para fazer média. Ele sabia que ela estava grávida de um brasileiro.
O que se lembra do governo militar ou do período que hoje é chamado “anos de chumbo”? A alcunha da época já diz tudo, era chumbo grosso naquele que expressasse opinião contrária ao regime. Florianópolis sofreu muito. Eu estava no Rio de Janeiro por ocasião da implantação do regime, voltamos todos para minha querida cidade e sofremos muito, tudo culminou com um Ministro apanhando um tapa na orelha que já era grande, e um Presidente com gestos obscenos também foi ridicularizado. Muita cobrança de um povo já sofrido com uma inflação muito alta. Foi horrível: gente enquadrada na Lei de Segurança Nacional.
Em sua opinião, o que marcou a mudança dos costumes? O que marcou a mudança dos direitos das mulheres? A partir de 1960, em minha opinião, com a mensagem passada pelos Beatles pregando liberdade, a coisa virou: a liberdade, a desobediência dos jovens... E tudo começou. Os direitos das mulheres, às duras provas foram conquistados, porém quanto a pagamentos (salários) ainda são diferenciados. Os homens mesmo com as mesmas tarefas recebem muito mais que as mulheres. Quais as pessoas que apreciava na juventude? O gosto pela escrita vem de quando e como? Muitas foram as pessoas que eu apreciei, seja na vida particular ou literária. Gostava de bons escritores brasileiros, bons cantores, não a maioria dos atuais, gostava de muitas pessoas da minha família. Foram e são muitas pessoas que mereceram e merecem a minha admiração, impossível chutar. No entanto, lembro muito de Antonieta de Barros, minha professora de Português: uma mulher negra, filha de uma empregada doméstica que se formou no magistério e não parou. Além de professora do Colégio Coração de Jesus foi também professora e Diretora do Instituto Estadual de Educação. Foi a primeira negra a ser eleita Deputada Estadual. O gosto pela leitura e escrita vem do meu período, no Instituto. E o gosto de declamar em público?Sou um pouco tímida, porque não tenho o dom da declamação e não consigo decorar a maioria das minhas poesias, mas quanto a falar em público, nos intercâmbios que fiz. Sempre me dei muito bem com as mensagens que passei. Histórico da aprendizagem de escrita e da arte de escrever histórias. Não fiz escola para aprendizagem de escrita. Não sei escrever contos. Faço algumas crônicas que algumas pessoas dizem serem boas, mas são sempre sobre coisas simples, sempre tentando lembrar as lições de Antonieta de Barros. Histórico como escritora. Tudo de improviso, sem oficinas ou história. Comecei a fazer poesias quando ainda na vida profissional e as crônicas surgiram a partir de 1996. Tenho quatro livros publicados. Tenho dois outros prontos, um de panegíricos a pessoas que merecem ou mereceram minha gratidão, mais um de crônicas. Participação em vinte e uma Antologias e em 18 jornais alternativos no país. Menção Honrosa, medalhas de honra ao mérito e muito cartões de prata pelos serviços prestados à cultura. Gosto pela arte de conversar, dar palestras discursar. Gosto de conversar, fazer pesquisas e falar a grupos, porém coisas mais simples. Discursos não sei. Fiz a aula inaugural da Faculdade da Terceira Idade, na UNISUL de Tubarão e falei para alunos da Pós Graduação da UFSC na Disciplina Ergonomia na Terceira Idade. Por ocasião dos Vinte e Cinco anos do NETI falei na Assembleia Legislativa para a casa lotada e em mais algumas outras oportunidades. Como, quando e onde iniciou a participação em grupos e associações culturais? Histórico de sua participação na criação de associações literárias. Minha participação nos grupos e associações teve início por ocasião das respectivas fundações. Ali surgiu a oportunidade de declamar, falar em determinados eventos, ler crônicas, contar as respectivas histórias. Depois, no NETI, fiz Intercâmbio em 24 cidades do Estado, sempre liderando. Apresentei-me como participante da Mesa Plenária nos Encontros de Estudantes Universitários da Terceira Idade na Universidade de Santa Maria ‒ RS, em Juiz de Fora ‒ MG, em Ilhéus ‒ BA, em Campo Grande ‒ MS, em São Luiz ‒ MA, e como ouvinte em Caxias do Sul - RS e Aracaju ‒ SE. Na Escola de Ensino de Nível Superior de Setúbal – Portugal, levando a Bandeira do Divino Espírito Santo, falando sobre nossa colonização açoriana. Na Prefeitura da Ilha Graciosa nos Açores, também falando sobre cultura açoriana e na Universidade Federal dos Açores cidade de Ponta Delgada a Ilha de São Miguel No Encontro Internacional A VOZ DOS AVÓS NAS COLÔNIAS AÇORIANAS. No Forte São Luiz, e no Palácio Santa Catarina residência oficial do Governo Militar dos Açores, também dei testemunho e levei o nome do NETI. Este trabalho da Universidade dos Açores foi publicado em um livro pela Universidade de Toronto do Canadá, que me deixou muito orgulhosa. O que pensa sobre o livro digital? Não aprovo. Nunca li um deles. Gosto sim de fazer pesquisas para saber mais e mais da história. Quando e como se deu a escolha dos patronos das cadeiras que ocupa? Quem são os patronos de suas cadeiras. O que sabe sobre a vida e obras deles? Na academia de Letras de São José, ocupo a cadeira 24 – patrono o poeta Florianopolitano Luiz Delfino, nascido na atual Rua João Pinto em uma casa de porta e janela que foi demolida a três ou quatro décadas, lembro que tinha na fachada uma placa que dizia: – Nesta casa nasceu o poeta Luiz Delfino,em 25 de agosto de 1834, foi para o Rio de Janeiro trabalhou como balconista, formou-se médico, ficou muito rico, foi Senador da República pelo Estado de Santa Catarina. Faleceu em 31/01/1910, no Rio de Janeiro. Seus poemas são maravilhosos e sua biografia é linda, razão da minha escolha para patrono. Na Academia Desterrense de Letras ocupo a Cadeira nº 10 que tem como patrono Oswaldo Rodrigues Cabral. Historiador, folclorista, artista plástico, caricaturista e médico. Foi um grande historiador e quem melhor escreveu sobre a cidade do Desterro. Nasceu na cidade de Laguna no dia 11 de outubro de 1903 e faleceu em Florianópolis no dia 17 de fevereiro de 1978. Muitas foram as coincidências que me levaram a escolher como patrono. Nasceu um dia antes da minha mãe, faleceu um dia depois do aniversário de minha irmã, minha mãe foi empregada em uma casa vizinha a casa dele, sem que eu nunca o tivesse conhecido e foi ele que como médico assinou o óbito de meu pai no dia 1º de janeiro de 1939. Na Academia de Letras de Biguaçu ocupo a Cadeira nº 20 cujo patrono é João Nicolau Born. Filho de um prussiano, nascido na localidade de Louro no atual município de Antônio Carlos, foi o responsável pela transferência da sede do município de Biguaçu de São Miguel para o atual local. Abriu estradas importantes, pois foi o primeiro Superintendente da cidade. Era avô de uma grande amiga que também se formou no NETI comigo e esta foi uma das razões porque o escolhi para patrono. O que assimilou de lições sobre escrever e publicar e que deseja transmitir para os que começaram a escrever textos literários recentemente? É indescritível o que pude assimilar com meus escritos. Cada vez mais tenho vontade de ir à busca de novos assuntos para minhas crônicas. É um ótimo exercício para a mente e uma terapia ocupacional fantástica. É importante que sempre se tenha a mão papel e lápis porque os assuntos surgem e devemos anotá-los para depois com calma construí-los. O que ainda é marcante do que aprendeu com a leitura do primeiro livro que chamou sua atenção na juventude? Na juventude li alguns romances. A época era romântica e as moças liam muito, pois os passeios eram poucos. Eu não tinha condições de comprar livros então pedia emprestado ou nas bibliotecas. Continuo sendo freguesas delas. Aprendi a ser amorosa com as pessoas que me querem bem, aprendi que a leitura é uma viagem maravilhosa, ela nos embala, nos faz sonhar e até rir sozinha. À noite fico na internet lendo história. Sou vidrada em biografias e história da civilização. Tenho muitos livros e também já doei alguns para algumas entidades literárias. Recentemente fiz pesquisa e escrevi a Origem da Crença no Divino Espírito Santo que deverá ser publicada em um dos números do Trinta Réis da Academia São José de Letras. Fale sobre suas publicações. Meu primeiro livro se chama DIVAGANDO, tem 73 poesias, foi editado no ano 2000, pela editora da UFSC. Está esgotado, talvez ainda se encontre na própria livraria da editora do Campus. Deu-me grande prazer quando recebi a notícia que seria editado. Lembro que caí de joelhos ao lado da minha cama e chorei. Eu estava sozinha em casa, depois pulei de alegria. Foi lançado na Feira do Livro no Shopping Beira Mar, no stand da UFSC Nosso primeiro trabalho ao ser passado para um livro representa mais um filho que nasce. Meu segundo livro tem o título Relicário de Saudades, com 117 páginas, prefácio que reputo muito gratificante pelo saudoso Professor Octacílio Schüller Sobrinho, e depoimentos de algumas amigas. São crônicas e poesias. Também está esgotado. Como eu não tinha condições para editá-lo, meu amigo Vilson Mendes, presidente da Academia Desterrense e sua esposa me presentearam. Foi lançado na Feira do Livro no Largo da Alfândega no ano de 2004. O terceiro livro, Dona Clarinda, tem 121 página conta pequenas histórias de Dona Clarinda, minha mãe. Histórias estas que ela muitas vezes me contava e outras que eu tive a oportunidade de presenciar. É gostoso e simples. Novamente o amigo Vilson Mendes me havia prometido como presente no dia do meu aniversário de oitenta anos. Ele faleceu dois meses antes, mas a querida amiga e viúva Nelci Mendes na hora do jantar que me foi oferecido pelas academias coirmãs que pertenço, disse que cumpriria o prometido e dentro de dois meses me entregou os livros. Escrevi outro livro em parceria com a amiga Dalvina de Jesus Siqueira com o título BIGUAÇU EU TE AMO, neste escrevi um belo trabalho sobre a história de Biguaçu, fazendo a pergunta: VOCÊ SABIA?
Temos também outro livro sobre Biguaçu que saiu em setembro de 2013.
Nesse minha participação é sobre Alaíde Sardá Amorim, que foi a primeira poetisa e uma figura conceituada na sociedade naquela cidade.
Em outubro, mais um lançamento do ano de 2013. Dessa vez sobre a escola da querida Florianópolis. Nos Subterrâneos da Memória: subtítulo constante (às páginas 70 a 110) da obra: A Professora "X" Maria e a Escritora Osmarina.
Lançamento da obra A Professora "X" Maria e a Escritora Osmarina: estande do N.E.T.I., na SEPEX, no Centro de Convivência da UFSC, em 23/10/2013, às 17 horas. A obra foi escrita em parceria com a escritora paulistana Edna Domenica Merola. Sob um único título de capa para ambas as autoras, mas em duas partes que podem ser lidas, isoladamente, sem comprometer a compreensão. O tema comum: retratos da Escola. A parte de Osmarina: Nos Subterrâneos da Memória – retrato não ficcional da escola, ainda que consista de memórias e depoimentos escritos por uma poetisa, e que, portanto, agrega tons inerentes à arte literária. Os textos – Uma Florianopolitana encontra “X” Maria e A Bolha de Cristal da Família Catarina. – datam de 2013 e foram produzidos em resposta a algumas atividades propostas nas oficinas de criação literária do NETI – Núcleo de Estudos da Terceira Idade – da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. O texto – Memórias de uma Aluna Florianopolitana – foi escrito por Osmarina a pedido de uma pesquisadora da área de História de Educação, em 2012. São textos complementares escritos à mesma época e motivação os textos: – Quadrinhas, Cartilhas, Orações, Tabuadas. Já o texto – Boa noite, Professora “X” Maria! – reúne respostas dadas a diferentes entrevistas concedidas por Osmarina.
Histórico de sua militância por Políticas públicas relativas à Terceira Idade
Quando participei da Conferência Regional para Política da Terceira idade fui eleita para a Conferência Estadual que aconteceu em um grande Hotel em Ponta das Canas. Lá fiquei por dois dias. Fui novamente eleita para representar os idosos da Grande Florianópolis em Brasília. Fiz parte da Comissão de técnicos por três dias na Capital Federal e tive oportunidade de falar e de representar o NETI. Em novembro do mesmo ano, fui ao Rio de Janeiro para receber o Título de Honra às Causas Literárias Internacionais, no Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais, o que me orgulha muito!
Participação no Grupo Terceiro Tempo
Grupo Terceiro Tempo – criado em 22 de março de 2000 por: Dalvina de Jesus Siqueira, Jussara Bayer, Maria de Lourdes Zunino Duarte, Osmarina Maria de Souza, Rossana Pacheco da Costa Proença, Terezinha de Jesus Rovaris. Em 2002, o grupo promoveu um concurso literário. Em 2003, foi publicada a antologia: Crônicas – NETI, 20 anos de história.
São coautoras da obra a Dra. Honoris Causa Dalvina de Jesus Siqueira e a bibliotecária Janice Marés Volpato. Trata-se de uma obra na qual constam sonetos de Alaíde Sardá de Amorim, falecida em 2006, aos 97 anos de idade. Dalvina de Jesus foi sua aluna no terceiro ano primário, e na maturidade foi sua confreira na Academia de Letras de Biguaçu. Osmarina e Dalvina relatam, na obra, a convivência com Alaíde. Osmarina pesquisou a vida de Alaíde junto aos arquivos da Academia e entrevistou a filha da Imortal. Osmarina Maria de Souza lançou em 17/9/ 2013, mais um livro: Alaíde, a Imortal, que leva selo da Editora Nova Letra. A obra Alaíde, a imortal, foi dada a público na Academia de Letras de Biguaçu, numa cerimônia diurna. Colegas do NETI prestigiaram Osmarina.
NO BLOG NETIATIVO OSMARINA MARIA DE SOUZA É AUTORA DA POSTAGEM:



REPORTAGEM: Escritores que conheci em Floripa
Lira Tênis Clube
Em 13 de setembro de 2012, estive no lançamento do quarto livro de Paulo Berri, no Lira Tênis Clube, sito à rua Felipe Schmidt, 636, em Florianópolis. Eis mais um ganho para quem desfruta da leitura de poemas.
O poeta é catarinense de coração e acaba de nos brindar com: Semeando... da Semente ao Fruto da Vida! A poética de Paulo é consciente de seus recursos, sendo apropriada para desenvolver o gosto pela leitura. Como me dedico à Literatura e costumo  compartilhar para usufruir mais intensamente, socializo essa inefável experiência como leitora, deixando aqui algumas pistas.
A primeira pista é sobre o uso da metalinguagem, ou seja, sobre a referência à linguagem poética feita no próprio texto poético. Poemas da coletânea Semeando... da Semente ao Fruto da Vida fazem referência: à rima, à inspiração poética, ao fluxo da inspiração e à temática poética.
Na tradição literária de língua portuguesa, o tipo mais comum de rima é uma homofonia externa constante da repetição da última vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem. Na obra, a rima é tema do poema: Desafio: O Poeta X a Rima (P 24). Já a identificação de um momento poético vivido pelo autor e a consequente definição do que é um tema poético comparecem em: O Nascer da... ( P 36); Será Poema? (P 42). E sobre o fluxo da inspiração: Singelo Traço (porém único), à página 44 da obra. A temática poética é contemplada em: O final: Você Decide! (P 43).
A segunda pista é sobre o uso da aliteração (Figura de linguagem que consiste em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso, especialmente as sílabas tônicas.Valoriza musicalmente o texto poético, sublinhando os valores expressivos mais singulares e inventivos). São exemplos: SSSusssurrosss (P 22); SSSSentimental (P 85).
A terceira pista mostra que um poeta se faz também pela leitura de outros e para tal ilustro com a homenagem que Paulo Berri prestou ao poeta Carlos Drumond de Andrade com o poema de título: Mineirinho Famoso (P 45).
A quarta pista aponta para a construção gráfica de um poema. Citando Paschoal A. Ptsica (Academia Catarinense de Letras) “a expressão mais verdadeira da criação poética de Paulo Berri” encontra-se na “criatividade visual no jogo da construção gráfica dos poemas”, a exemplo dos poemas intitulados: Erupção (P 27); Noção de Espaço (P 29); Formas (P 32); Sinuosa Estrada (P 123).
A quinta pista expõe uma faceta interativa da obra: frequentemente há um apelo ao leitor que pode ser exemplificado pela última estrofe de: O final: Você Decide!.
A sexta pista revela que a leitura dessa obra é prazerosa o que tem a ver 'de per si' com a possibilidade de colaborar no desenvolvimento do gosto pela leitura.
A última pista (até o momento) é sobre onde o leitor pode solicitar a aquisição de seu exemplar: www.pauloberri.com.br

Zenilda Nunes Lins
org. Ilha do Meu Sentimento

Retrospectiva: Outros Presentes Literários

Em 14 de agosto de 2012, recebi outro presente Ilha do Meu Sentimento uma antologia pessoal e póstuma de Hoyêdo Gouvêa Lins, organizada por Zenilda Nunes Lins (natural de Florianópolis, professora universitária aposentada. Publicou Rosas e Violetas – contos – 1998; Ondas Rendilhadas – poemas – 1997; Contos de Outono, 2004).
A organização da antologia Ilha do Meu Sentimento teve "como critério básico de seleção a ambiência sociocultural da Ilha" de Santa Catarina. Considero ser necessária a inserção urgente dessa obra nos projetos que pretendem: incentivar a formação de bons leitores, divulgar a literatura catarinense e situar Florianópolis, culturalmente.


No início de agosto de 2012, tomei contato com a obra do escritor Raimundo C. Caruso que reside em Florianópolis e coopera na Rádio Campeche. Ele é poeta e jornalista e, em 1989, ganhou o prêmio nacional de literatura “Cidade de Belo Horizonte”, com o romance: Noturno, 1894. Viveu e estudou no México e no Chile e, em parceria com a mulher, Mariléa, publicou livros sobre a Amazônia, o arquipélago dos Açores, em Portugal, Nicarágua e a República Dominicana.


O livro de sua autoria Aventuras dos Jangadeiros do Nordeste (Panam Edições Culturais) trata do registro de pesquisa realizada ao longo do litoral nordestino, entre a Bahia e o Ceará, e que durou seis meses. Esse trabalho resgatou algumas das grandes viagens em jangada para o sul do Brasil, registrando o estilo de vida e trabalho dos jangadeiros. As demais profissões relacionadas à pesca são contempladas pelos resultados das entrevistas com geógrafos, arquitetos, historiadores, economistas, geólogos, engenheiros de pesca e construtores navais. A arte sobre o tema também é registrada desde o desenho de jangada de tábuas feito pelo arquiteto Nearco Barroso G. de Araújo, até as telas de Raimunda Alves - artista plástica que, em seu depoimento, conclama " Vamos levar a pintura, os livros e as músicas para as escolas"... " ainda no jardim da infância". A obra classifica, de forma ilustrada, os peixes e crustáceos mais pescados pelos jangadeiros (o que inclui o tubarão e a lagosta).
Caruso apresentou-me também a um CD de título Encantos em Contos na Rádio produzido pela Rádio Comunitária Campeche (98,3 fm), Florianópolis, SC, sob a coordenação de Aline Maciel e Débora Daniel. Trata-se de uma antologia que reúne 17 lindos contos de autores catarinenses que foram dramatizados para serem ouvidos. Eis a feliz escolha dos contos: A Dama e o General (Raquel Wandelli), Grotesca Armação (Silveira de Souza), O Povão na TV - O Povo na Rádio (Holdemar Menezes), A Primeira Noite de Liberdade (Cristóvão Tezza), Vigília de Ano Bom (Almiro Caldeira), Nem Todas as Kombis são Brancas (Mário Pereira), Noite (Guido Wilmar Sassi), Testemunha do Tempo (Guido Wilmar Sassi), O Motivo (Hoyêdo G. Lins), A Morte de Deus (Hamilton Alves), Descanse em Paz (Eglê Malheiros), O Professor de Inglês (Harry Laus), Bruxas Gêmeas (Franklin Cascaes), Pedrinho Menez Vai Voltar Rico (Flávio José Cardozo), Bruxa Rouba Meio Alqueire (Franklin Cascaes), Rosina e Pedro (Urda Klueger),O Tesouro da Nicaa Sonhenta (Rio Apa). O referido projeto de rádio dramatização recebeu o Prêmio Roquete Pinto.




Repasso aqui, portanto, ambas as dicas bibliográficas para grupos (institucionais ou não) que trabalham com Literatura e cujo enfoque seja multidisciplinar.
Alguns exemplares do livro de Caruso foram doados pelo autor para o grupo de convivência Floripa Canta que funciona no Espaço Cultural Rita Maria.


Outros livros recebidos de autores/doadores e repassados para o grupo Floripa Canta ou Encanta:

Autor
Obra
Editora
Ano
Gênero
1
Artêmio Zanon
Poesia Completa de Dó
Secco
2011
Poesia
2
Artêmio Zanon
Idade 21
Secco
2011
Ensaio
3
Artêmio Zanon
Árvore de mim Mesmo
Secco
2009
Poemas
4
Artêmio Zanon
Voar de Asas
Papa-Livro
2010
Poemas
5
Artêmio Zanon
Bichos e Humanos
Secco
2010
Contos
6
Artêmio Zanon
Sonetos para Imortais
Secco
2008
Poesia
7
Artêmio Zanon
Cisnes
Secco
2008
Poesia
8
Artêmio Zanon
Evangelho dos Amantes
Papa-Livro
2009
Poesia
9
Lauro Junkes
De Pedro a 
João Paulo II
L&TJ: Paróquia S T.
2000
Papas
10
Milka Plaza
O Condomínio
Copiart
2011
Inf. Juv.
11
Nídia Maria de Bem
Poesia Advocacia uma rima Original
El Shaddai
2005
Poesia
12
Oswaldo Gavina
Avô por um Dia
Insular
2011
Inf Juv
13
Oswaldo Gavina
O Menino de Jacutinga
Ed do Autor
2010
Inf Juv
14
Oswaldo Gavina
Planeta Água
Insular
2008
Inf Juv


A todos que ensinam/aprendem leitura literária (na 'ilha' ou fora dela) desejo uma excelente continuidade de seus bons projetos!

Reportagem em 16/7/2012. Perfil de um Grupo de Aprendizagem de Canto. Por Edna Domenica Merola



Descrever é retratar com palavras o que se percebe num momento. Traçar um perfil longitudinal   de um grupo implica em convivência e testemunhos. A aprendizagem humana é social e deve ser regida por princípios.Não há ensino sem estabelecimento de princípios e metas. Para seguir princípios é preciso estabelecer metas regidas por princípios éticos. De uma mesma meta partem diferentes objetivos, ações e rotinas que, por sua vez, serão regidos pelos princípios da meta que lhes deu origem e inspiração.  A unidade no grupo não é a pessoa e sim o papel interativo. Um grupo tarefa é definido como o complexo de interações realizadas por diferentes participantes (pessoas que vivem o papel de participar) para a concretização de trabalho conjunto. há grupos que existem sob essa natureza, mas produzem uma tarefa um tanto quanto sutil: o canto para gerar e levar alegria. Desta forma, é também um grupo de convivência voluntária. Tem por vocação aumentar o apreço e como consequência as pessoas não serão tratadas sob hierarquias (não há plano de carreira e nem demais benefícios trabalhistas) e sim sob princípios: igualdade, urbanidade, tolerância /limites, elegibilidade e direito à palavra. Os papéis desempenhados são diferenciados pelo princípio da divisão de tarefas, mas não pelo princípio de status (o que a pessoa alcançou fora/antes do grupo). “Cantar para melhorar a saúde dos cantores” implica em estabelecer “combinados” em grupo; garantir a compreensão por todos os membros, utilizar lembretes para culminar com o fato de todos seguirem os princípios previstos. Ter por meta a aprendizagem do “canto pró qualidade de vida”.


Considero objetivos do canto pró-qualidade de vida: sentar/ficar em pé com a coluna reta, concentrar-se, manter o foco, desenvolver a capacidade pulmonar, cultivar paciência, saber ouvir e calar, entrar em sintonia com o outro, exercitar a memória, resgatar o gosto pela aprendizagem em geral, cultivar o gosto pelo canto, apresentar-se publicamente (usar o ‘palco’), usar a voz sem forçar a garganta... Conviver em grupo para exercer plenamente a cidadania e protagonizar as necessárias mudanças sociais, à revelia da idade. As reuniões de um grupo de canto ocorrem em média em dois dias da semana, durante duas horas a cada encontro. As atividades: aulas de preparação vocal , ensaios e apresentações em locais diversos. Não há na pauta tempo destinado para troca de experiências. Redigi alguns fatos sobre pessoas à época em que houve nosso convívio. O Grupo Vocal, apresentou-se, em Forianópolis, em diversas ocasiões tais como na Livraria Catarinense em 10 de maio e em 24 de julho de 2012; na CELESC em junho de 2012 e abril de 2013; no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, em 21 de agosto de 2012. No Lira Tênis Clube , em 13 de setembro e em 31 de outubro de 2012. Na A.P.A.E. de Florianópolis, em 04 de outubro de 2012.
No dia seis de dezembro de 2012, no lançamento do livro " No Ano do Dragão" , no espaço Jerônimo Coelho na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, Vilman da Silva Ferreira apresentou pela primeira vez uma de suas várias composições: a música “Floripa Canta” (cuja letra é de Edna Domenica Merola).
Pôster presenteado ao regente

Vilman recebe pôster feito por Edna
Ivonita Di Concilio é presidente fundadora do Grupo Floripa Canta. Nasceu em Porto Alegre e reside em Florianópolis desde 1974. É cantora e atualmente dedica-se também a sua carreira solo, produzindo e cantando em seu próprio projeto Tarde Boêmia (como no dia 14 de julho e em 22 de setembro), ou em eventos de terceiros como no sarau organizado por Zenilda Nunes Lins, em 14/08/2012, na Academia Catarinense de Letras, por ocasião da publicação de Ilha do Meu Sentimento, de autoria de Hoyêdo de Gouveia Lins e organizado por Zenilda. Em eventos de associações como no sarau de entrega dos exemplares da 2a. Antologia Flor de Lis, em 19/10/2012. Com um grupo de músicos de Florianópolis (compositor Zuvaldo Ribeiro, Banda Os Santos e o Coral Nós e Vozes) subiu ao palco do Teatro da União Beneficente Recreativa Operária (UBRO), em 2012.

Zulma e Zilá, Livraria Catarinense
Zulma e Zilá costumam cantar lado a lado e o pessoal do grupo até confunde seus nomes. No dia combinado para entrevistar as duas irmãs do Grupo Vocal, preparei as questões sobre as quais sou espontaneamente curiosa. Aguardei-as no Espaço Cultural Rita Maria. Cheguei antes do horário combinado para poder aproveitar ao máximo o tempo que nos foi reservado. As irmãs vinham de outro local onde se reúne outro grupo de convivência do qual participam e que uma delas coordena. Mesmo assim, foram pontuais como sempre. Zulma entrou no local andando um pouco à frente e Zilá, em seguida. As respostas objetivas e assertivas foram dadas com o bom humor costumeiro. Percebi que têm personalidades bem diferentes e que se harmonizam nessa complementaridade. Pude descobrir porque nutria já uma simpatia pela dupla, antes mesmo de ouvi-las narrar um pouco de suas histórias de vida. Foi um grande prazer entrevistá-las, assim como tem sido ser colega de grupo dessas senhoras.
Zilá Cecília Mafra nasceu em 1928, em São José (SC). Estudou até o Complementar no Grupo Escolar José Boiteux. Do signo de Touro, possui muito gosto pela vida e procura tanto o bem estar material quanto o espiritual. Interessa-se por música, é conservadora, paciente, leal e confiável. Da infância, conta que a família mudou de São José para Florianópolis e que os pertences foram transportados em carro puxado por bois. Negou-se a subir nesse carro de transporte e foi a pé. Lembra-se de que os irmãos e outros parentes mais velhos comentavam muito sobre a “revolução de trinta”. Sobre Vargas, comenta acreditar que ele foi assassinado ao invés de ter cometido suicídio, como é a versão oficial histórica. Na opinião de Zilá, um grande marco da mudança dos costumes foram as referentes às roupas femininas como o uso da calça comprida e do maiô. Lembra-se de que o pai não admitia que as filhas moças tomassem banho de mar. Tinha de ir às escondidas e de vestido. Com o grupo de moças costumava ir à praia onde era o Matadouro, na Beira Mar Continente. Hoje, devido à poluição, o local referido detém um apelido jocoso e que faz Zilá rir muito (de forma envergonhada), quando mencionado por outrem, pois ela mesma não pronunciou a expressão, na entrevista. O gosto pelo canto vem desde os 12 anos de idade, quando cantava na Igreja. Ficou viúva em 1991. Por volta de 2000, começou a frequentar um grupo de convivência que se reúne duas vezes por semana. Sempre foi uma pessoa alegre, mas acredita que antes disso era mais tímida e que atualmente é mais ativa. Participa do Grupo Vocal, desde a sua fundação, em janeiro de 2012. Os filhos incentivam-na a participar desses grupos e de atividades e passeios, em geral.
Zulma Cecília Santana nasceu em São José, mas foi registrada em Florianópolis (SC), em 1930, no ano da revolução brasileira que culminou com o Golpe de Estado, que depôs o presidente da república Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes, pondo fim à República Velha. É do signo de Balança (Libra): signo de ar regido por Vênus, que exalta a sensibilidade e refina as emoções e sensações. Gosta de participar da vida social, de preferência acompanhada de gente interessante. É alegre e elegante. Gosta de arte e cultura. Como libriana aprecia o trabalho que dependa da inteligência, habilidade e bom gosto. Envolve-se com atividades artísticas como as danças em grupo e o canto. Inclinada à vida em família, mas também aprecia a companhia de amigas. Começou a frequentar grupo de convivência antes de ficar viúva. Estudou até o complementar no grupo Escolar José Boiteux. Ao responder sobre quais foram os fatos marcantes de sua vida lembrou-se do nascimento da primeira filha. Uma lembrança carinhosa, mas também dolorosa, pois remonta ao atendimento à parturiente, à época. Sobre memórias ainda mais remotas lembra de que a mãe e um dos irmãos faleceram em 1942, ano em que outro irmão foi convocado para a Guerra Mundial. Conta que a cunhada e outra irmã foram pedir o relaxamento da convocação. Isso foi concedido mediante a permuta com um jovem que não havia sido convocado e que se prontificou a ir no lugar de seu irmão. Lembra-se de que prenderam alemães pelo simples fato de residirem por aqui. Perguntada sobre a ditadura, lembrou-se da Era Vargas. Conta que as famílias conseguiram liquidar as prestações da casa própria, pois à época não havia juros e nem correção monetária. Avalia que as mudanças sociais foram benéficas no sentido de incluir a mulher no trabalho remunerado. A época em que a mulher trabalhava na lavoura familiar e nos afazeres domésticos era muito ruim. Quanto ao que piorou, menciona os casamentos que não duram mais como outrora. Em Florianópolis, atualmente, frequenta dois grupos de convivência e incentiva sua irmã Zilá que a acompanha. Além de participar como cantora do Grupo Vocal Floripa Canta, coordena um grupo de convivência de idosos no qual diversas atividades já foram desenvolvidas (ginástica, artesanato, dança circular, palestras com especialistas de saúde, excursões). Desse rol algumas ainda são mantidas por conta de que ela passa para os membros novos o que aprendeu anteriormente. Acredita que a vivência em grupo fez com que ela ‘melhorasse’ o humor, pois era muito ‘trancada’ e aparentava ser ‘brava’.
Os irmãos Silva cantam e tocam lado a lado. Arlindo Silva é cantor e instrumentista. Tem 81 anos de atividade, força e tranquilidade. Costumeiramente calado, mas atento e participante. Eloi Silva, assim como seu irmão, é cantor e instrumentista. O pandeiro tocado por ele desde os catorze anos de idade é, hoje, a marca registrada das tardes musicais de um grupo de canto. É voluntário no Asilo Irmão Joaquim.
E eu (blogueira e escritora NO ANO DO DRAGÃO ; A VOLTA DO CONTADOR DE HISTÓRIAS; CORA, CORAÇÃO) somava minha voz às demais, participando das atividades desenvolvidas em conjunto, durante os 15 meses em que me dediquei às tarefas de coralista.
Muitos rostos fizeram parte dessa aprendizagem de convivência voluntária que incluia aprender a ser tratada de um jeito novo (sem plano de carreira e demais benefícios trabalhistas, sem o princípio de status vinculado às máscaras sociais ou à pessoa em seu saber individual). Prevaleceu nessa aprendizagem a hierarquização do momento: 'hora' de propor algo ou de me deixar tocar pelo saber consolidado do outro, quer de natureza acadêmica ou não... Isso deveria incluir princípios éticos tais como a igualdade, a urbanidade, a tolerância, o respeito aos limites, a verdade e o direito à palavra em livre pensamento.
Espaço Cultural Rita Maria, outubro de 2012
Assembleia Legislativa 06/12/2012













Assembleia Legislativa 06/12/2012




    
REPORTAGEM: Maiores de 50 em ação: A.C.O.N.T.H.I.F. - 13 anos de histórias. Edna Domenica Merola
Foi como professora do curso Oficina de Criação Literária do N.E.T.I. que, em março de 2013, conheci Léa e Amaridis. Foi por elas que pela primeira vez ouvi falar dessa associação que se dedica a contar histórias como um serviço voluntário.
Durante  atividades didáticas (seminários de auto apresentação) disseram quem as reunira: um curso de contadoras de histórias promovido pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade (N.E.T.I.).
Em 16/05/2013, Léa Palmira e Silva, caracterizada de contadora de histórias com seu avental do NETI contou sua trajetória de vida e de descobertas. Natural de Florianópolis, Virginiana. Auxiliar de enfermagem. Secretária da 'ACONTHIF' (Associação dos Contadores de Histórias de Florianópolis), projeto realizado com o curso de Contadores de História no NETI com a Professora Eloá Calliari Vahl. A história que narrou teve por tema os agradecimentos: à mãe que foi um exemplo de superação. Muito feliz disse que ela foi o presente de aniversário para o seu pai. Contou a trajetória profissional em Joinville e Florianópolis. Expressou sua gratidão por ter uma vida intensa junto com a família: esposo, filhos e netos. E finalizou agradecendo à professora Edna pela oportunidade didática oferecida.
Na aula de 06/6/2013, Amaridis de Mello fez seu depoimento e contou a história: A Boneca de Lata. Relatou que ingressou no NETI em 1992. Fez os cursos: Literatura, Crescimento Pessoal, Reiki e Contadores de Histórias e Monitores de Ação Gerontológica. Esse último concluído, em 1994, na terceira turma dada pelo NETI. Relatou seu trabalho voluntário no Hospital Infantil que ocorreu ao longo de 10 anos. Lembra-se da criação do Hospital Dia para atender crianças ‘soro positivo’. Trabalhou com essas crianças e com os queimados. Trabalhou com aplicação de Reiki no CEOVI, durante 2 ou 3 anos. Participa da A.C.O.N.T.H.I.F. ‒ Associação de Contadores de Histórias de Florianópolis, contando histórias para crianças. Naquela data, para nos  brindar contando a história A Boneca de Lata, Amaridis levou a boneca por ela confeccionada em lata e durante a narrativa interativa os ‘ouvintes’ cantaram com ela, acompanhando a coreografia de gestos que a própria cantiga mencionava.
Passaram-se os meses... Em agosto ministrei o módulo sobre POESIA e Amaridis e Léa permaneceram no curso. Em novembro de 2013, Léa convidou-me para uma reunião da ACONTHIF. Naquela reunião, que teve por anfitriã Maria Ida, senti um clima de excelente acolhimento.
Em outras oportunidades, as associadas da A.C.O.N.T.H.I.F. contaram-me seus sucessos como contadoras, assim como os esforços realizados para continuarem unidas em prol daquele ideal.
A presidente Léa Palmira e Silva (sempre presente a tudo e incentivando a todas) preparou um lindo painel com as fotos de apresentações do grupo, inclusive na Creche Celso Ramos, ocorrida em 26 de junho de 2014.
Posteriormente tive a oportunidade de participar da festa comemorativa do décimo terceiro aniversário da A.C.O.N.T.H.I.F.

Estiveram presentes também: a anfitriã Marianinha Bicca Piazza e sua filha Silvana; a presidente Léa Palmira e Silva; Lia Rihl Gomes e sua filha Andréa Rihl; Maria Ida Mendonza; Amaridis de Souza Mello; Elly Maria Aguiar Fagundes; Roseli Silva, Vera Lúcia Custódio; Marília Mansur; Maria Cecília Damiani Kotzias; Professora Eloá e a convidada Erli. O cardápio foi caprichado no festival de massas e sobremesas. Os refrigerantes foram presente do Sr. Mello marido de Amaridis (ela é membro da diretoria da A.C.O.N.T.H.I.F.). Em nome da ACONTHIF, ficam aqui registrados os agradecimentos ao Sr. Mello. 
À frente dos preparativos estiveram a vice-presidente Marianinha com a reserva do salão e demais itens de infraestrutura do evento.

Amaridis e Elly com os cálculos necessários mostraram que são tesoureiras que literalmente colocam a mão na massa: cuidaram desde a encomenda das massas até o preparo ornamental das saladas que foi feito com pequena antecedência da hora da degustação.
A associada Andréa, na flauta
Antes do almoço, Andréa Rihl Gomes brindou os participantes com solo em flauta. Abriu o pequeno 'recital' com Carinhoso (de autoria do flautista carioca Pixinguinha. 1897-1973).
Maria Ida e Roseli preparam o sorteio
Após a degustação das massas e da conversa informal entre antigas amigas, a presidente Léa e a secretária Maria Ida fizeram o sorteio das lembrancinhas para os associados.
Maria Ida Mendonza, secretária atual da A.C.O.N.T.H.I.F. e membro da diretoria desde sua criação coordenou o encerramento com orações, expressando sua vontade de que o grupo permaneça unido e ativo.
Em conversa com Marianinha: presidente fundadora, idealizadora e aglutinadora do grupo (atual vice-presidente) ficamos sabendo que a A.C.O.N.T.H.I.F. inaugurada em 2001 é até hoje a única associação regulamentada de Florianópolis que se dedica a contar histórias como ação voluntária e sistemática.
Elly nos contou que participaram do grupo fundador:   Amaridis de Souza Mello, Army Candemil Capanema (in memoriam), Elly Maria Aguiar Fagundes, Eloá Aparecia Caliari Vahl, Léa Palmira e Silva, Lia Rihl Gomes, Marianinha Bicca Piazza, Maria Cecília Damiani Kotzias, Maria Ida Mendonza, Neidi Rodrigues (in memória).
A associada Roseli relatou que é da segunda ‘leva’ de entrada na associação e que isso se deu em 2006.
Edna na Creche
Segundo Amaridis de Souza Mello: "É nosso empenho manter nossa respeitada e amada Associação de Contadores de Histórias... Somos um pequeno número de corajosas assumindo algumas tarefas. Sabemos que a união faz a força... e é por isso tudo que ainda sobrevivemos. Alegremente chegamos aos treze anos. Vivemos algumas batalhas. Continuamos com vontade de vencer. Gostamos de unir o grupo, de conversar, trocar ideias com as professoras que trazem suas experiências de todo dia, para nos orientar como fazer para chegar até as crianças que irão nos ouvir. Sentimos satisfação com este pequeno tempo que ficamos junto das crianças... A Direção de cada Escola que visitamos demonstra sempre grande atenção. Tudo isso dá maiores motivos para continuarmos esse trabalho que provavelmente continuará sendo muito importante para nossos miúdos que estão começando a conhecer este mundo para o qual, no futuro, eles irão dar muita alegria."
Por iniciativa da atual presidente Léa Palmira e Silva a associação é recebida como trabalhadora voluntária na Creche Celso Ramos, em Florianópolis.
Atualmente, a A.C.O.N.T.H.I.F. pretende aumentar o número de associados. Para tal divulga seus trabalhos junto a pessoas que se sintam capazes de 'abraçar' a causa.


Além da reportagem, uma entrevista pode gerar uma crônica ou uma carta aberta. Segue exemplo que ilustra uma situação na qual as respostas na íntegra impossibilitariam sua publicação se não fosse utilizado o foco narrativo em terceira pessoa.
 Carta aberta  é um gênero textual de cunho argumentativo, retratada pela exposição de uma determinada problemática cujo interesse é coletivo.
Ossos do Ofício de Entrevistadora 
Não enterro os ossos do ofício por entender que é lícito exigir respeito... Relato o caso de alguém que, por supor que seria líder de algumas turminhas, resolveu tentar atormentar uma entrevistadora. Foi assim que o que era para ser uma simples entrevista virou uma piada.
Na verdade, foi mesmo uma disputa entre o saber acadêmico e o saber pleno de preconceitos. Primeiro o entrevistado entrou em paranoia: supôs que a entrevistadora poderia perguntar algo sobre assunto que ele ignorasse ou fazê-lo com palavras que ele ignorasse o significado.
Passado o primeiro surto, digo, susto, informou-se sobre a entrevistadora, leu outras entrevistas a que ela se dedicara e concluiu que era mansa... Talvez tola. Pediu-lhe, verbalmente, que enviasse as questões escritas, via e-mail.
A entrevistadora achou aquilo normal: duas pessoas interagindo em uma situação usual e usufruindo de uma tecnologia a que ambos tinham acesso. Solicitou por computador questões que tinham o desenvolvimento vocacional do entrevistador por foco. A entrevistadora e orientadora vocacional queria mostrar para seus leitores como é a obra de um criador ao longo dos anos e no contexto de vida social (viés histórico), mostrando outras vocações desenvolvidas paralelamente à vocação principal.
Ansiava por saber seu histórico de aprendizagem musical: o que gostava de ouvir - instrumental e vocal. O que gostava de cantar... Em que gostava de participar em termos de grupos musicais. Pediu-lhe que contasse a história do trio instrumental do qual participou.
Sobre o filtro da memória, a entrevistadora queria perceber quais recordações culturais ou históricas ou sociais ou de costumes que evocavam os anos dedicados ao: trabalho informal, ao emprego formal, aos anos posteriores à aposentadoria.
“Como a memória pode sofrer vieses culturais” era um interessante item até que isso se tornou uma “mostra cultural” sobre preconceitos.
A entrevistadora perguntou “o que marcou a mudança dos costumes? O que é um marco em relação aos direitos das mulheres?” ‒ mas o entrevistado estava “momentaneamente privado de juízo” bem no momento de responder à questão...
Pois foi aí que o entrevistado ignorou a Constituição Federal em seu artigo 5º (“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;” ).
Ignorando o artigo 5º., o entrevistado tentou humilhar as mulheres que não sabem cozinhar e lavar pratos.
Valendo-se da prerrogativa de estar “momentaneamente privado de juízo” culpou as mulheres pelo aumento de encargos trabalhistas.
Querendo distorcer o foco das perguntas da entrevistadora, desandou a argumentar de forma tosca, usando palavras grosseiras, envolvendo as camaradas trabalhadoras que realizam seu mister profissional em lares alheios, sob vínculo empregatício.
A entrevistadora só teve como recurso marcar uma entrevista com seu antigo psicanalista e avisar a família do entrevistado que ele precisava urgentemente de acolhimento (Psiquiatra? Escola? Bons amigos? Boas leituras?).
Foi assim que o que era para ser uma simples entrevista virou motivo de consulta.
Na verdade, foi mesmo uma disputa entre a graça da compostura e a "graça" do preconceituoso e adepto do baixo calão.
Moral da História: Quem ri com ética, ri melhor!


Um comentário:

  1. Army Candemil Capabema era minha madrinha lá na cidade de Imaruí, onde eu morava quando era pequeno. Lembro que uma vez ela me deu um conjunto de suspensórios e cinto como presente, nunca esqueci dela, mas tive pouco contato com ela, somente quando era bem pequeno. Sabia que ela era parteira em Florianópolis, mas nunca a visitei, pois eu morava em Porto Alegre, desde os 13 anos para 14 anos. Tenho pouca lembrança dela quando ela me deu o presente que citei, numa casa muito grande e antiga lá em Imaruí.

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