terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Céu-cor. Cassiano Silveira

Cassiano Silveira lançou recentemente Tr3s contos sobre mães famintas e outros textos que devoramlivro físico que pode ser adquirido com o autor (instagram: @sianosilveira) ou no site da editora Toma Aí Um Poema (tomaaiumpoema.com.br). 
Historiador, dedica-se à arqueologia, à ilustração, capas e outros serviços editoriais, à produção de textos (entre poesias e  contos).




Capa Cassiano Silveira


Capa Cassiano Silveira 
Capa Cassiano Silveira

Capa Cassiano Silveira


Na literatura contemporânea de língua portuguesa, contribui com contos instigantes, a exemplo de:

Céu-cor 

 

O enorme outdoor exibia um céu em tons neutros e monótonos, acinzentados. Uma imagem algo próxima de um céu chuvoso, ou talvez poluído. Letras garrafais vendiam o produto mais popular do momento: "Dia cinzento? Olhe novamente com Céu-cor". Quase ninguém precisava olhar novamente. Céu-cor já fazia parte do hábito da maioria da população.  

Céu-cor era a droga do momento: descoberto a partir da pesquisa de drogas antidepressivas, era o novo Rivotril, o novo LSD e o novo Ecstasy, tudo ao mesmo tempo, mas melhor e sem os efeitos colaterais. Pelo contrário: a sensação de bem estar era acompanhada de uma extrema capacidade de concentração, memorização, aumento da capacidade cognitiva e do autocontrole emocional. 

Quando foi lançado, ainda como medicamento, causou frisson: o índice de pacientes depressivos remidos do mal chegou próximo aos oitenta e cinco por cento. Dentre os quinze por cento restantes os sintomas tornaram-se mais sutis, regredindo para casos leves. O índice de suicídio entre os pacientes em tratamento psiquiátrico reduziu-se em mais de noventa e cinco por cento. Em países como Canadá, Japão, Finlândia e outros, os suicídios também caíram a níveis nunca antes imaginados. Chamar o Rivotril de droga da felicidade tornou-se uma piada. Céu-cor era muito mais eficiente. 

Após algum tempo de uso, estudiosos começaram a cogitar se a nova droga poderia ter uma função social relevante. Como a Organização Mundial da Saúde não relatara nenhum tipo de efeito colateral ou contraindicação, iniciaram-se alguns projetos-piloto em presídios que apresentavam índices de violência preocupantes. O resultado foi quase imediato. Ao distribuir o medicamento entre os detentos, os presídios onde foram feitas as experiências tornaram-se tão tranquilos e seguros quanto jardins de infância. Na verdade até mais, pois o elevado autocontrole das emoções tornava desnecessário descarregar a tensão em atividades físicas, competições ou qualquer coisa semelhante. Presidiários antes agressivos e intratáveis tornaram-se tranquilos como monges budistas. 

Muitas pessoas que anteriormente não experimentavam tratamentos psiquiátricos começaram a buscar indicações médicas para usufruir dos benefícios de Céu-cor. Considerando que não havia efeitos colaterais, a sociedade médica começou a considerar a possibilidade de isentar o medicamento da necessidade de prescrição. O Laboratório iniciou, em diversos países, ações para classificar o seu produto não como um medicamento, mas sim como suplemento, o que possibilitaria que qualquer pessoa pudesse comprá-lo numa farmácia, num supermercado, numa loja de conveniências ou qualquer outro estabelecimento afim. 

Após um trâmite a jato, a venda irrestrita de Céu-cor começou a ser aprovada em vários países. Os resultados de seu uso maciço foram incríveis: grandes centros urbanos conhecidos pela violência tiveram sensíveis reduções em seus índices de violência. A redução nos homicídios atingiu os oitenta por cento nas regiões de venda irrestrita; roubos e furtos tiveram reduções quase tão expressivas, da ordem de sessenta a setenta por cento; crimes passionais, violência contra mulher, contra as crianças, discriminação, perturbações em geral virtualmente deixaram de existir. Até mesmo a violência no trânsito se reduziu a números quase nulos. Quando os grandes líderes mundiais começaram a fazer uso de Céu-cor e experimentar seus maravilhosos efeitos, a beligerância mundial pareceu finalmente poder acalmar. Conflitos seculares como a disputa pela cidade de Jerusalém e outros menos longevos, como a Guerra da Coréia, grupos separatistas nas mais diversas regiões do mundo: aos poucos todas essas contendas começaram a não fazer mais sentido. 

Nunca na história a verdadeira paz mundial fora uma possibilidade tão próxima.  

A despeito de todos os efeitos psicológicos produzidos por Céu-cor, não havia a ocorrência de alucinações ou distorção dos sentidos, com uma exceção muito interessante: o céu observado pelo usuário adquiria as cores mais surpreendentes e imagináveis. Desde variados azuis e verdes, passando pelos alaranjados, vermelhos, roxos, amarelos, dourados, prateados, brancos e pretos cintilantes ou qualquer outro tom que a mente humana pudesse conceber. O céu nunca mais foi o mesmo depois de Céu-cor. 

Era esse efeito que Serena desejava naquela manhã. Um comprimido de Céu-cor ao acordar era o aditivo perfeito para sua meditação matinal. Levantou-se no horário costumeiro e ingeriu a pequena pílula que lhe aguardava sobre a mesinha de cabeceira. O dia estava claro e o sol entrava pela grande janela da sala, iluminando toda a área do tatame com sua cálida luz primaveril. 

Despiu-se do leve pijama que usava e sentou-se em posição de lótus, nua para absorver a energia solar através de todo seu corpo. Olhou através da janela e aguardou que o céu tomasse aquela tão aconchegante cor de café com leite que lhe era costumeira. No entanto, após um ou dois minutos, o efeito esperado não se manifestou. Levemente consternada, a jovem mulher se dirigiu à bolsa para pegar outro comprimido, ingerido com certa pressa. Voltou ao seu lugar, fechou os olhos e aguardou algum tempo, respirando fundo e relaxando, certa que teria o efeito desejado agora. Quando abriu os olhos, porém, um límpido céu azul pairava do outro lado da vidraça. Frustrada e incapaz de se concentrar, sentiu o estômago reclamar. Bem, já que não vira o seu céu cor de café com leite, poderia ao menos bebê-lo. O café, não o céu. 

Foi até a cozinha, abriu a janela e uma leve brisa invadiu o ambiente, trazendo consigo o aroma cítrico do limoeiro que crescia próximo. A visão da árvore lembrou-lhe que depois do almoço poderia preparar um espresso romano para energizar sua tarde e concluir naquele dia mesmo o balancete mensal da sua pequena loja virtual, onde vendia incensos, óleos essenciais, velas perfumadas, imagens de divindades orientais e outros badulaques energético-espírito-meditativos. A lojinha vendia bem, apesar da demanda não ser a mesma de dez anos atrás – depois de Céu-cor, poucas pessoas viam necessidade de fazer meditação ou buscar outros métodos de relaxamento. Manter a contabilidade em dia ajudava a garantir a saúde do negócio. Agora, porém, desejava uma bebida quente, doce e macia. Despejou cento e cinquenta mililitros de leite numa jarra de aço e levou-a ao fogão elétrico (não gostava de micro-ondas). Enquanto o leite aquecia, foi à estante buscar o café solúvel e o açúcar, mas só encontrou o segundo. O café havia terminado havia já uma semana e ela esquecera sistematicamente de comprá-lo em cada uma das vezes que estivera na padaria ou no supermercado. Esses lapsos de memória não eram comuns para ela, ainda mais depois que passara a tomar duas doses de Céu-cor por dia. O curioso é que uma amiga próxima havia reclamado do mesmo problema pouco tempo atrás. Talvez devesse procurar um médico. Sentiu um sopro de vento fresco, um arrepio percorreu seu corpo dos pés à cabeça. O dia estava mais frio do que imaginara. Fechou a janela. Decidiu se vestir e sair para tomar o desjejum na cafeteria próxima. Arrumou-se e saiu pela porta da frente no exato momento em que o leite levantava fervura e esparramava pelo tampo de vidro do cooktop. 

A cafeteria ficava a duas quadras de distância. Serena precisaria subir uma pequena ladeira até encontrar a rua principal do tranquilo bairro residencial onde morava. Sua rua era um local pacato quase isento de prédios. Terrenos com jardim eram cada vez mais raros na cidade e ela se sentia privilegiada de poder usufruir de um quintal particular naquele canto felizmente esquecido pela especulação imobiliária. Uma vez na rua principal a paisagem era diferente. Diversas lojas abriam suas portas para largas calçadas revestidas em piso cimentício. Nos pavimentos superiores, apartamentos abrigavam as famílias de classe média que alimentavam o comércio local. Na quadra seguinte acessou a pequena galeria comercial onde, no fundo do corredor, escondia-se a aconchegante cafeteria, que provavelmente não teria nenhum movimento nesse horário, quase nove e meia da manhã. Serena sentou-se numa das banquetas altas em frente ao balcão enquanto a porta automática se fechava atrás dela, isolando os ruídos da rua e criando um ambiente agradável, imerso em aroma de café e uma suave música de fundo. Pôde fazer seu pedido imediatamente, pois que não havia nenhum outro cliente. 

-Bom dia, Rosane! Um latte, por favor. Pode adoçar - pediu Serena, mais apressada que o normal. 

-É pra já, amada! Vai comer alguma coisa? 

-Um croissant. Não, não... Uma fatia de bolo de laranja, aquele com açúcar de confeiteiro em cima. 

Logo a atendente trouxe o pedido e, como de costume, puxou assunto. Era uma balzaquiana vistosa e muito sorridente. As duas costumavam conversar amenidades sempre que a cliente vinha passar o tempo no estabelecimento. Naquele dia, porém, Serena não estava conseguindo se concentrar no diálogo. O profundo decote que Rosane usava salientava a exuberância de suas grandes mamas, hipnotizando-a. Num jargão mais popular, Serena estava “conversando com os peitos” de Rosane. A atendente percebeu a situação inusitada de forma lisonjeira e, ligeiramente trêmula, debruçou-se sobre o balcão, aproximando os cotovelos de forma a salientar os atributos físicos ora cobiçados – ela sempre sentira uma atração pela jovem, mas até então nunca havia observado qualquer lascívia recíproca. 

A sensação que tomava Serena, porém, era nova para ela. Não se tratava de atração sexual, mesmo porque nunca sentira o menor desejo por outras mulheres. Mas aqueles seios aparentavam ser tão macios, tão quentes... Enquanto o latte esfriava na xícara, Serena balbuciava palavras que não lhe faziam qualquer sentido. Em sua cabeça, somente uma imagem girava: os peitos de Rosane cobertos com açúcar de confeiteiro, enquanto ela os lambia. Tomada por um impulso incontrolável, Serena estendeu os braços invadindo a roupa de Rosane, deslizando as mãos por seus volumes e expondo finalmente a plenitude daquelas tetas apetitosas. 

Rosane ficou chocada e excitada com aquela surpresa, ainda mais partindo de pessoa sempre tão cândida. Num segundo decidiu, apesar do inesperado da situação, deixar que Serena avançasse naquele voluptuoso ataque – não havia outras pessoas no ambiente e, caso algum cliente se aproximasse, poderia vê-lo através da vitrine em tempo suficiente para que pudesse se recompor. Lamentou que o CFTV não estivesse funcionando – as imagens seriam uma maravilhosa recordação. 

Passando por sobre o balcão, Serena mergulhou nas carnes da barista. Sentia uma necessidade incontrolável de apalpar aqueles peitos quentes, lamber, chupar... Não, seu desejo era mordê-los. Seu cérebro era um turbilhão incontrolável de pensamentos: por um lado, não conseguia entender por que estava fazendo aquilo, tendo um contato tão carnal com alguém que sequer lhe era íntima; por outro, estava em frenesi, sem conseguir enxergar qualquer coisa que não seus objetos de desejo. Rapidamente, todos seus aspectos racionais sublimaram, toda a realidade ao seu redor perdeu o significado. À sua frente, não estava mais Rosane, a funcionária do café, mas sim uma presa; os seios onde Serena afundava seu rosto não eram mais seios, apenas carne. Carne viva! 

À primeira mordida, Rosane soltou um gritinho assustado e excitado, perplexa com a ousadia da jovem que a abraçava. Porém, no momento seguinte, a dor se fez mais profunda que o esperado. Ao olhar para baixo, a atendente viu algo vermelho no rosto de Serena e, ato contínuo, sentiu outra dentada na mama oposta. Procurou se desvencilhar da parceira tão pouco carinhosa, mas não conseguiu. A garota segurava-a com um abraço de urso e parecia ter mandíbulas de urso também. As mordidas se sucediam e Rosane, em pânico, percebeu que já lhe faltavam vários nacos de carne. Estava sendo devorada. 

O Investigador adentrou a cafeteria depois de abrir caminho entre o agrupamento de curiosos que se formara no corredor da galeria. Perguntou ao guarda que estava na porta por que o cordão de isolamento não estava lá fora, rente à calçada, e como resposta obteve apenas um olhar embasbacado vindo do agente com cara de adolescente. Deu as costas para o rapaz e se encaminhou para o balcão, onde outros policiais já iniciavam a perícia. Estava de mau humor. Sua dose matinal de Céu-cor não fizera efeito e ainda recebera a incumbência de ir até o local de um assassinato. Fazia já seis anos que não investigava um crime desse tipo e agora, faltando só uns poucos meses para aposentadoria, tinha que “segurar esse rojão”. Ao deparar com o corpo de Rosane, porém, o mau humor deu lugar à perplexidade. Em meio a uma poça de sangue, uma mulher que parecia ter sido vítima de uma alcateia de lobos famintos. Pedaços de pele e carne faltavam-lhe por todo o corpo, mas era na região do tórax que estava o maior estrago: os seios da mulher haviam desaparecido, decepados sabe-se lá como, as costelas expostas, brancas como se tivessem sido lambidas. 

Virando-se para outro lado, o Investigador tentou disfarçar o choque daquela visão, surreal como um filme gore. Passou a coletar informações com os presentes. O chamado para a polícia havia sido feito por um cliente do café, que agora estava prestando depoimento na delegacia; algumas testemunhas afirmaram ter visto uma mulher sair do café embrulhada numa toalha de mesa, mas pensaram ser apenas uma forma de se proteger do vento sul que fizera a temperatura cair repentinamente. As câmeras de vigilância do café não estavam funcionando – quase não havia crimes, por que vigiar? – e as da galeria, em princípio, não mostravam nada diferente dos depoimentos. Voltou para o carro e pensou se teria tempo de ir almoçar em casa. Lembrou-se das generosas nádegas de sua esposa e sentiu fome. 

xxx 

No terceiro dia corriam boatos de que algumas pessoas estavam surtando e saindo pela rua, tentando devorar transeuntes incautos; logo surgiram memes na internet, com frases espirituosas e imagens de antigos filmes de zumbis. 

No quinto dia, os boatos se tornaram notícias assustadoras de atos de canibalismo perpetrados por pessoas comuns; um vídeo mostrando um pipoqueiro mordendo a perna de um idoso numa praça ganhou o mundo. 

Em uma semana o pânico estava instalado. Ninguém era confiável! De um momento para outro, membros da própria família poderiam devorar-se uns aos outros; a professora poderia atacar seus alunos; amigos de futebol poderiam se tornar predadores furiosos. 

Aos nove dias, os escassos grupos anti-Céu-cor levantaram a hipótese de que a droga pudesse estar causando uma psicopatia coletiva, o que foi imediatamente negado pelo Laboratório. Os sistemas de comunicação globais começaram a falhar. Começaram a faltar alimentos. 

Aos dez dias o Laboratório emitiu nota em que dizia estar investigando possíveis efeitos indesejáveis de Céu-cor, mas que tais efeitos não estavam relacionados com a onda de ataques-zumbi que já dominava o mundo. 

No décimo primeiro dia o conselho administrativo do Laboratório devorou-se entre si durante uma reunião de emergência. Os sistemas de comunicação via satélite caíram; os sistemas de fornecimento de energia elétrica começaram a falhar. 

No décimo terceiro dia plantas industriais inteiras ardiam em incêndios causados pelos equipamentos descontrolados; as últimas usinas produtoras de eletricidade caíram e o planeta ficou às escuras pela primeira vez em centenas de anos. Gritos de pânico vinham de todos os cantos. 

Aos dezessete dias, os grandes centros urbanos estavam quase desertos; poucas pessoas tentavam sobreviver sozinhas, pois companhia havia se tornado sinônimo de ameaça. Na falta de outras pessoas, os zumbis devoravam-se entre si. 

Aos vinte dias cessou a última mensagem de rádio, vinda de um farol de navegação perdido numa ilhota do atlântico. A mensagem pedia alimentos, combustível e cinquenta caixas de Céu-cor. 

No vigésimo primeiro dia a humanidade estava extinta. No centro de um cruzamento, num tranquilo bairro residencial, jazia um corpo de mulher. Apesar de vestido em andrajos manchados de sangue, ainda era um corpo bonito, ostentando quase todos os seus membros. Na mão esquerda segurava uma xícara, na direita um pacote de café solúvel. Seus olhos opacos permaneciam abertos, fixos, olhando para cima, como se admirassem aquele céu lindamente... azul.


REFERÊNCIAS

SILVEIRA, Cassiano. Tr3s contos sobre mães famintas e outros textos que devoram. Curitiba: Eu-I,2022, pp 45-54.


Anexo I:

Leitora: Kátia Trevisan, psicóloga e autora do prefácio de Tr3s contos de mães famintas e outros textos que devoram. 

"Em Céu-cor, os sobreviventes construíram um mundo no qual um minúsculo comprimido tem o poder de mudar a cor do céu e o estado da alma até revelar uma fome escondida. Fome de quê? (TREVISAN, Prefácio, in SILVEIRA, 2022, P 8).


Anexo II: Céu-cor. E a necropolítica?

Leitora Edna Domenica Merola


Ao saborear o belo conto de Silveira, fixei-me num trecho que me instigou a relações com vivências recentes. Para propor trocas/debates compartilho:

"No terceiro dia corriam boatos de que algumas pessoas estavam surtando e saindo pela rua[...] logo surgiram memes na internet, com frases espirituosas e imagens [...]

No quinto dia, os boatos se tornaram notícias assustadoras de atos de canibalismo perpetrados por pessoas comuns;[...] 

Em uma semana o pânico estava instalado. Ninguém era confiável! De um momento para outro, membros da própria família poderiam devorar-se uns aos outros;[...] amigos de futebol poderiam se tornar predadores furiosos. 

Aos nove dias, os escassos grupos [...] levantaram a hipótese de que [havia]  uma psicopatia coletiva [...] Os sistemas de comunicação globais começaram a falhar. Começaram a faltar alimentos." (SILVEIRA, 2022, pp 52-53).

Relendo as citações que destaquei, pergunto aos demais leitores: quais as relações com a realidade compactuada que podem ser estabelecidas para debate. Aguardo seus comentários.

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