segunda-feira, 7 de setembro de 2015

7 de Setembro de 1978. Edna Domenica Merola.

Quero sobretudo os atos sem condecoração
Quero sobretudo o heroísmo calado
Quero sobretudo saber render-me e não morrer

Nessa grande parada de emoções,
Desfilam em primeiro plano minhas angústias
Em seguida, um batalhão de esperanças,
Segue depois o de dúvidas,
E após, vem a companhia de ataque,
E então o pelotão da sinceridade,
E finalmente o da paz.

Queria ter nascido poetisa.
Mas não nasci:
 Caí de uma estrela.
 Que tombo, gente!
Então nasci pra vida...
Machucada.

Agora, caminho por sobre pedras
sobre penas
sobre relva
sobre flores
sobre asfalto
Agora, caminho em direção à vida
E me rendo ao momento presente
Emudecendo em respeito à verdade

De experimentar este instante.

Making of: 
Poema dedicado às (aos) brasileiras (os) que sofreram maus-tratos psicológicos durante a ditadura. Refiro ao cerceamento nas liberdades de pensar de forma autônoma, de se expressar, de se reunir, de reivindicar direitos coletivos.

REFERÊNCIA
MEROLA, E. D. Cora, Coração. Nova Letra, 2010. 

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