Poemas de Marlene Xavier Nobre: Sufoco, Luz do meu viver, Pró-texto, Brasil sem-vergonha, País dos (des)aforados, Ei, sabe com quem está falando?, Um chato grudado na cadeira.
Um chato grudado na cadeira
Gente chata não é feliz não sabe sorrir
Gente chata é confusa não sabe brincar é
hipócrita é achista
Gente chata não é confiável é aborrecida é
bairrista
Gente chata não guarda segredo aponta o dedo joga
pedra
Gente chata não gosta da vida não sabe de nada quer
fama
Gente chata esconde o jogo não olha no espelho se
acha convencida
Gente chata se faz de esperta igual raposa se
faz de boba
Gente chata é nojenta escrupulosa é
mentirosa meticulosa disfarça
Não é dupla face, mas tem duas caras
Gente chata se enturma igual manequim de loja
adora roupa
Gente chata fala de tudo, parece caramujo em sua carapaça
Gente chata é cara pálida, adora uma roda
– Gente chata se mete nas conversas, sempre se
ferra
Gente chata incomoda a gente, mas gosta de
festa
Gente chata se acha a mais amada, mas é
desalmada
Gente chata se mete aonde não é chamada, e ninguém
suporta
Gente chata quer parecer artista. Não é criativa:
parece se vingar
Não é protagonista, mas se acha na crista da onda.
É cafona
Nariz de folha
Chatice!
É uma mistura de bobice. Nela há muita burrice. Não
é crendice.
SER CHATO É PIOR QUE CARRAPATO. É PIOR QUE TACHA NO
SAPATO.
NINGUÉM MERECE ESTE CHATO, MAS É FATO:
POR TODOS OS LUGARES EXISTE UM CHATO.
NESTE MOMENTO EXATO, TEM UM CHATO
POR AÍ NA RUA, NA FAMÍLIA, NA FEIRA
E NAQUELA CADEIRA
DA PRESIDÊNCIA TEM UM CHATO GRUDADO, INCOMODANDO
TODA UMA NAÇÃO.
– EI, ACORDA Aí, MEU GURI!
Sufoco
Marlene Xavier Nobre
Um
país que está afundado
Com
tanta bandalheira um povo massacrado, mas que não desiste e que ainda acredita na
justiça e na verdade.
É,
chega de esconder mentiras. Tem crianças e idosos inconformados, de mãos atadas,
sem estudo, sem remédio!
Com
tanta malandragem. Há muita pobreza.
Nesses
que se dizem governantes:
Muita
roubalheira! Já estou perdendo o rumo, sem dinheiro e com olheiras...
Minha
conta está vazia e sem comida
E
moradia há quanta mordomia as malas só na voadeira pedindo passagem e abrindo
ala. A palavra do cotidiano já virou rotina nos noticiários, é sim, é não.
Estou
na maior fissura, com tanta opinião; tanta caneta e tantas mãos...
E
eu sem poder dar uma voadeira. É tudo um jogo sujo, é mais que lama podre.
Aonde
existe safadão e ladrão, não existe união e o povo de boca aberta.
E
na próxima eleição, quem pode decidir?
É
João, é José, é Maria?
Neste
trem da alegria precisamos nos unir. O povo é a força. Tem poder, basta querer;
é só enxergar, não se vender.
Precisamos
acabar com estes colarinhos brancos que são fora
da lei.
Que
são bombas que estão a minar, a comandar, a manchar a memória e a história do
nosso querido Brasil.
Muitos
corações a sangrar. No país das maravilhas, muitas Alice ainda...
Muita
miséria em destaque. Pra eles o povo
é que se lixe (são lixos)
Estamos
nas mãos desses mercenários, sanguessugas, mas temos esperanças
Eles
que nos aguardem. Estamos bem próximos de uma nova eleição, no próximo ano que
está quase chegando
Disso
temos a certeza: ou vão ou rachamos!
Não
precisamos de guerra. Há coisa pior que tirar tudo o que o trabalhador
conseguiu com os anos trabalhados e o suor do seu rosto?
É
muita pilantragem destes que só chegaram pra meter a mão no bolso do povo (que é
correto) é muita dor.
Meu
povo, vamos nos unir com garra,
Forças
e muita esperanças.
Para
as eleições de dois mil e dezoito essa será a nossa última chance: a nossa
salvação. Vamos acreditar em milagres.
Dia do Perdão
Edna Domenica Merola
No dia do perdão (8/11/2017), o meu "tudo bem, que não se repita" vai só para quem não acha que roubar de pobre tem perdão.
E o que dizer para aqueles que acham certo mudar as políticas públicas que desfavorecem as classes trabalhadoras e a classe estudantil ?
Digo-lhes que fiquem no limbo para refletir até as próximas eleições. Que se emendem, enquanto isso. (Ou se preferirem, podem ir direto para o Inferno!).
Luz do meu viver
Marlene Xavier Nobre
Enxerguei a luz do meu viver.
Aprendi a viver, mesmo no escuro.
Escalei montanhas, subi colinas.
Suei, caí, me levantei.
Deixei de fora todos os falsos amigos!
Escolhi os mendigos. São inteligentes, gostam e entendem de gente, são humildes.
Abracei a paz que me impera não sou a mentira escondida
Sinto-me plena e realizada nem que seja ilusória sai de cena.
Não quero a mesmice desses patifes. Estou liberta. Não pago impostos: sou sem grana. Estou de fora. Sou mais uma tatuada pela sociedade. Não sou malandra. Sou marcada pela desigualdade.
Não foi culpa do destino. Nem falta de sorte, mas dos meus direitos retirados.
Quero a liberdade de porta aberta de volta.
Preferi a rua.
Melhor que o descaso e a vista grossa.
Mas a sarjeta.
Não quero ser aprisionada nem acorrentada, mesmo sendo amargurada pelo descaso.
E sem máscaras, sem covardia.
E de cara limpa. Mesmo vivendo no relento, não sou político, nem estou sendo procurado pela lei. Não faço desordens. Não sujo a bandeira brasileira.
Não uso malas, tenho as mãos limpas!
Não uso luvas, nem sapatos engraxados.
Sou um alguém: mais um neste País.
Não tenho roupas, vivo quase desnudo.
Não vejo comida há tantos dias!
Para o escuro, não dou trégua.
Prefiro o dia, mas gosto da lua.
Não tenho medo da noite.
Sou a luz, sou filho de Deus.
Esse que é dono do mundo
Dizem que é pai de todos, é meu também.
Tenho vida sou vivente sofrido que vive no relento debaixo das pontes
Sem moradia, sem alegria,
Mas que tem família.
Nesse meu país da safadeza, quanta pobreza e descaso.
Tem gente boa, gente vadia, gente vazia...
Quanta mordomia, quanta falta de moradia, no meio de tanta riqueza.
Sou mais um perdido que precisa de ajuda
Que suplica por um trabalho e um salário decente
Para reconstruir a minha família,
Minha vida, minha dignidade, minha moradia.
Sou aquele que fui largado pelo descaso deste tal que abocanhou o nosso Brasil:
– Um grande tubarão!
Uma reforma...
Edna Domenica Merola
Uma reforma que empobrece o país foi votada...
Uma reforma que revolta idosos e alarma crianças que já sabem que
seus governantes apoiam só as elites do país...
Enquanto isso alguém escreve um acróstico, deitado num posfácio...
Por que opinar se posso isentar?
Os ossos do ofício são pra roer?
Saber conviver é preciso.
Fazer de conta é narciso.
Ávido anseio:
Criar sem querer.
Inflama essa fera,
Ouve teu coração.
Pró-texto
Marlene Xavier Nobre
Um grito seja por dor ou por revolta
É o texto daquele que ninguém escuta
E que não se esconde quando berra
Contra a agonia, a tirania, a covardia
Um grito solta tudo aquilo que se guarda
Que nos incomoda e que está guardado:
‒ Uma mistura de sacanagens que maltrata.
Um grito, na hora certa, nos alivia
É um meio de botar pra fora tantas desordens e baixarias
Um grito é mais que um trombone
Um grito bota pra fora tudo aquilo
Que nos faz mal, que nos sufoca
Ele ecoa nos ares...
O grito fala quando berrado,
sai da garganta e diz:
‒ Não quero mais isso pra mim
e nem assim. Desta maneira.
Um grito bem grande nos liberta
Da nossa agonia.
Um grito é como uma arma que não mata,
Mas ecoa como pólvora,
Não é lenha, mas queima,
Incendeia e devora aquele protesto.
Um grito que queima a garganta
Que pede liberdade de luta,
de igualdade. E de esperanças.
Aquele grito que libera,
Que lidera,
Que liberta
todos os massacrados, os acorrentados e os sofridos
das mãos dos mal intencionados governantes.
Queremos respeito pelo nosso país
‒ pelas brasileiras e pelo brasileiros.
Que assim seja, meu povo!
Brasil sem-vergonha
Marlene Xavier Nobre
O Brasil era lindo e ninguém via
Não sabia das malandragens
Das sacanagens das agonias
Das malas feitas, mas ria.
Quando criança tinha esperança
Brincava de boneca e de carrinho
Na rua tenha alegria e muita esperança
No dia sete de setembro eu ia
Com minha fantasia, tudo mudou
Jardim sem flor, capim secou
Dia sem cor sem alegrias
Ei, sabe com quem está falando?
Na ilusão, sem poder sonhar e nem estudar neste país da corrupção
Sem coração, sem harmonia
Muita correria e gritaria
Adultos não tem respeito, nem direção
Mal educados, prepotentes
Muitos vampiros com canudinhos
Colarinho branco não falta, muitos de ternos e gravatas, sapatos bem engraxados no morro muita gente boa
Mãos leves e lisas igual sabonete
Só lá em Brasília!
Neste universo o que prevalece
É a tal de mesquinharia
A fama e o status sempre na frente
Ei, sabe com quem está falando?
Sou doutor, sou presidente, sou bacharel, sou fundador, sou o gostoso.
Sou o fulano quem manda e mete a mão
Por aí, muito dinheiro roubado
Muita fome muita miséria.
Pobre do povo miserável e sofrido
Muita bruxaria: muita mala voando
Jogada fora, escondida em edifícios
O povo comendo mosca de boca seca
Barriga vazia. É muita sacanagem
Com o nosso dinheiro abençoado
Nas mãos destes ordinários
Sem escrúpulos, mau caratismo
No meio deste mundo político muita podridão ainda debaixo dos tapetes
O povo perdido nesse sufoco
De mãos atadas, sem poder fazer nada
Sem respirar, e o jeito é gritar mesmo
Botar o bloco na rua erguer a nossa bandeira ,e ter ainda orgulho da nossa
Mãe gentil, coração do mundo
Brasil não pode esmorecer jamais
Pátria de amor e paz que assim seja
Meu povo deste país varonil.
Vamos torcer vamos vencer.
Muitas lutas ainda e labutas o povo unido
Jamais será vencido.
País dos (des)aforados
Marlene Nobre Xavier
Livrai - me dos pecadores
Livrai - me dos malfeitores
Livrai - me dos indecentes
Livrai - me dos corruptos
Livrai - me do pouco caso.
No País das maravilhas,
O povo se arrasta ainda e chora
Gritando e clamando em súplicas
Por justiças onde na terra de ninguém
só prevalecem as injustiças
O povo pede justiça
Eis a questão? Aonde foram parar os milhões? Ninguém viu, ninguém sabe
As malas passaram voando, na mídia.
Quem pode! Pode!
Quem não pode se sacode!
Cadê os direitos do pobre e sofrido?
Do trabalhador que suou a camisa
Por anos é esperar ver a morte chegar
Sem se lamentar.
Tudo voltou à estaca zero
Pior que arame farpado
Trabalho escravo agora é moda
Está em alta nas mãos dos senhores donos das fazendas.
País que chora, que está engasgado, afogado, desencontrado
Brasil que chora com tanta pobreza.
O que vou falar para os meus netos
Deste nosso Brasil varonil, céu de anil,
Mar azul? Que aqui com tantas belezas
Tudo lidera e impera só sujeira,
Pois os caras de pau destruíram
A memória do nosso Brasil.
Uma reforma que empobrece o país foi votada...
Uma reforma que revolta idosos e alarma crianças que já sabem que
seus governantes apoiam só as elites do país...
Enquanto isso alguém escreve um acróstico, deitado num posfácio...
Por que opinar se posso isentar?
Os ossos do ofício são pra roer?
Saber conviver é preciso.
Fazer de conta é narciso.
Ávido anseio:
Criar sem querer.
Inflama essa fera,
Ouve teu coração.
Pró-texto
Marlene Xavier Nobre
Um grito seja por dor ou por revolta
É o texto daquele que ninguém escuta
E que não se esconde quando berra
Contra a agonia, a tirania, a covardia
Um grito solta tudo aquilo que se guarda
Que nos incomoda e que está guardado:
‒ Uma mistura de sacanagens que maltrata.
Um grito, na hora certa, nos alivia
É um meio de botar pra fora tantas desordens e baixarias
Um grito é mais que um trombone
Um grito bota pra fora tudo aquilo
Que nos faz mal, que nos sufoca
Ele ecoa nos ares...
O grito fala quando berrado,
sai da garganta e diz:
‒ Não quero mais isso pra mim
e nem assim. Desta maneira.
Um grito bem grande nos liberta
Da nossa agonia.
Um grito é como uma arma que não mata,
Mas ecoa como pólvora,
Não é lenha, mas queima,
Incendeia e devora aquele protesto.
Um grito que queima a garganta
Que pede liberdade de luta,
de igualdade. E de esperanças.
Aquele grito que libera,
Que lidera,
Que liberta
todos os massacrados, os acorrentados e os sofridos
das mãos dos mal intencionados governantes.
Queremos respeito pelo nosso país
‒ pelas brasileiras e pelo brasileiros.
Que assim seja, meu povo!
Brasil sem-vergonha
Marlene Xavier Nobre
O Brasil era lindo e ninguém via
Não sabia das malandragens
Das sacanagens das agonias
Das malas feitas, mas ria.
Quando criança tinha esperança
Brincava de boneca e de carrinho
Na rua tenha alegria e muita esperança
No dia sete de setembro eu ia
Com minha fantasia, tudo mudou
Jardim sem flor, capim secou
Dia sem cor sem alegrias
Ei, sabe com quem está falando?
Na ilusão, sem poder sonhar e nem estudar neste país da corrupção
Sem coração, sem harmonia
Muita correria e gritaria
Adultos não tem respeito, nem direção
Mal educados, prepotentes
Muitos vampiros com canudinhos
Colarinho branco não falta, muitos de ternos e gravatas, sapatos bem engraxados no morro muita gente boa
Mãos leves e lisas igual sabonete
Só lá em Brasília!
Neste universo o que prevalece
É a tal de mesquinharia
A fama e o status sempre na frente
Ei, sabe com quem está falando?
Sou doutor, sou presidente, sou bacharel, sou fundador, sou o gostoso.
Sou o fulano quem manda e mete a mão
Por aí, muito dinheiro roubado
Muita fome muita miséria.
Pobre do povo miserável e sofrido
Muita bruxaria: muita mala voando
Jogada fora, escondida em edifícios
O povo comendo mosca de boca seca
Barriga vazia. É muita sacanagem
Com o nosso dinheiro abençoado
Nas mãos destes ordinários
Sem escrúpulos, mau caratismo
No meio deste mundo político muita podridão ainda debaixo dos tapetes
O povo perdido nesse sufoco
De mãos atadas, sem poder fazer nada
Sem respirar, e o jeito é gritar mesmo
Botar o bloco na rua erguer a nossa bandeira ,e ter ainda orgulho da nossa
Mãe gentil, coração do mundo
Brasil não pode esmorecer jamais
Pátria de amor e paz que assim seja
Meu povo deste país varonil.
Vamos torcer vamos vencer.
Muitas lutas ainda e labutas o povo unido
Jamais será vencido.
País dos (des)aforados
Marlene Nobre Xavier
Livrai - me dos pecadores
Livrai - me dos malfeitores
Livrai - me dos indecentes
Livrai - me dos corruptos
Livrai - me do pouco caso.
No País das maravilhas,
O povo se arrasta ainda e chora
Gritando e clamando em súplicas
Por justiças onde na terra de ninguém
só prevalecem as injustiças
O povo pede justiça
Eis a questão? Aonde foram parar os milhões? Ninguém viu, ninguém sabe
As malas passaram voando, na mídia.
Quem pode! Pode!
Quem não pode se sacode!
Cadê os direitos do pobre e sofrido?
Do trabalhador que suou a camisa
Por anos é esperar ver a morte chegar
Sem se lamentar.
Tudo voltou à estaca zero
Pior que arame farpado
Trabalho escravo agora é moda
Está em alta nas mãos dos senhores donos das fazendas.
País que chora, que está engasgado, afogado, desencontrado
Brasil que chora com tanta pobreza.
O que vou falar para os meus netos
Deste nosso Brasil varonil, céu de anil,
Mar azul? Que aqui com tantas belezas
Tudo lidera e impera só sujeira,
Pois os caras de pau destruíram
A memória do nosso Brasil.