domingo, 15 de dezembro de 2013

Era uma vez um Curso e a Díade Ouvir-Contar. Edna Domenica Merola


"Não é a história que... fascina mas a alma que está nela."
(COUTO, Mia. Terra Sonâmbula. 2007. P. 67)
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Psic. Alexandra, Prof. Eloá, Edna, Prof Marilda (Foto do acervo de Cícera Lassala)























Era uma vez um curso de Contadoras de Histórias... Onde aprendi que...

Para contar uma história é preciso memorizar na alma alguns itens importantes: título da história, autora, onde, quando, quem, o quê, como, para quê, epílogo.

– Qual o título dessa história?

Era uma vez um curso ... Do qual foram autoras todas as participantes no processo de ensino-aprendizagem.

Onde o curso ocorreu?

No auditório do N.E.T.I., UFSC, Florianópolis.

Quando as aulas aconteciam? Às segundas-feiras, das 14 às 16 horas, de março a dezembro de 2013.

– Quem participou do curso?

Eloá Aparecida, Marilda, Alexandra (equipe de ensinantes). Alda, Cícera, Edna, Fátima, Ivone, Júlia, Natália, Terezinha (equipe de aprendizes).

– O quê acontecia nas aulas?

Nas aulas ocorriam mediações em torno da arte de contar histórias.

– Como se deram as intervenções didáticas?

As ensinantes usaram exposições teóricas sobre os principais autores canônicos da Literatura Infantil, leituras sobre tópicos referentes ao tema, manuseio de acervo, interação das aprendizes com as ilustrações dos livros do acervo, incentivo à criação individual de recursos visuais para contar histórias.

As ensinantes usaram a mediação de alunos de turmas anteriores como recurso para expor as alunas dessa turma a diferentes modelos de contadores.

Era uma vez um curso e... uma díade... Após saber de cor esses itens é necessário reproduzir a história sem exagerar em adereços ou recursos corporais. O espaço físico deverá ser usado de maneira comedida, servindo para que a contadora se instale e não como lugar de locomoção.

O lugar de instalação de quem conta uma história deverá ser transformado em ambiente de interação no qual ocorrerá um segmento de comunicação. Trata-se da construção da díade a saber: quem conta (ou expõe sua fala) e quem ouve (ou recebe a fala).

O olhar, a gesticulação das mãos e a modulação de voz contam muito para que essa díade se construa. A grande mágica, no entanto, ocorre com a ajuda de dois elementos:

– O primeiro: é preciso que a história penetre a alma da contadora ...

– O segundo: é necessário que a história se aloje em algum nicho do imaginário do ouvinte...

– Difícil?

– Difícil! Mas há contadoras que sabem disso desde a infância, outras aprenderam por intuição no exercício de suas profissões ou no desempenho de papeis na família, na Igreja, em associações.

Posso afirmar, no entanto, que todas as aprendizes da turma de 2013 que foram frequentes até o dia de receber o certificado assinado pela Professora Eloá Aparecida Caliari Vahl aprenderam que a arte de contar histórias envolve sutilezas inerentes aos atos que envolvem o processo de narrar...

– Para quê serve a arte de contar histórias?

A meu ver, a principal dessas sutilezas é a vontade de doar uma oportunidade de reflexão sobre uma ideia, um lugar, um fato, uma ação, uma "fala", uma experiência, uma emoção... Mas a vontade mencionada não caminha sozinha... A arte de contar histórias envolve sutilezas inerentes aos atos de narrar e à vontade de doar-se ao ouvinte que se abre para receber essa energia sutil que emana de simples palavras.

A arte de contar histórias envolve sutilezas do encontro eu-tu...

Não implica em altruísmo! (Muito menos em egoísmo, é claro!). Implica em compartilhar, doar-se e manter o próprio sentimento de pertença, a um tempo único e relacional... No qual se constrói a narradora, a audiência e a narrativa.

Como epílogo: foi assim que experienciei "Um curso e"... que tentei compreender a natureza de "uma Díade Relacional" ímpar: contar-ouvir...
"O fascínio da alma que habita uma história" dará nova dimensão ao desempenho dos papeis de escritora e de professora, no que diz respeito à construção do (a) narrador (a), do narratário, e da narrativa.


 
 

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