Um
jovem conhecido acessou esse material e me encaminhou. Iniciei a leitura mais
por cortesia em relação a quem me enviou. Após a primeira leitura (que incluiu
os comentários de várias pessoas), refleti sobre um fato que tem se tornado
frequente... As postagens de comentários inflamados entre pessoas que certamente nem se conhecem. Partem de referenciais que muitas vezes não se conectam.
Segundo
um internauta que comentou o lado ‘performático’ do ocorrido, a apresentação
utiliza música do tipo medal of honor, isto é, são idênticas ou semelhantes às de um jogo eletrônico criado por
Steven Spielberg no qual o jogador encarna um personagem. No caso, o personagem é um militar
ou agente secreto estadunidense cuja missão é destruir os exércitos das
Potências do Eixo. Essas eram inimigas dos Estados Unidos na Segunda Guerra do
século XX.
O
vídeo chamou a atenção de religiosos e de ateus que se pronunciaram em tom de
indignação. Os primeiros pelo motivo de ferir os princípios religiosos e os
demais por defenderem que o tal vídeo ridiculariza o exército da nação
brasileira.
O
tom de fanatismo inerente à performance referida suscitou comentários de
internautas comparando-o tanto ao surgimento do nazismo europeu (início da terceira década do século XX) como ao fundamentalismo do Oriente nos dias de hoje (ou seja, após oitenta e cinco anos).
Dentre
os comentários mais úteis destaco os que explicam o pensamento cristão que
‘prega’ a fraternidade e não as ‘armas’. Ou seja, o Evangelho propõe a negação
de si mesmo e a fé em Jesus como Salvador e na mensagem da Cruz. O Evangelho
Cristão aponta o caminho para a vida Eterna, ou seja, para a vida espiritual.
Um equívoco foi o de um comentarista que confundiu o Torá com o Alcorão. E
ao tentar escrever Torá ou Torah ou Tora escreveu tora (com letra minúscula significa porção ou
pedaço. Por exemplo, de uma árvore.).
A performance dos jovens guerreiros foi
comparada a uma ação de fundamentalistas. Seria necessário recorrer a pronunciamentos feitos em entrevistas a autoridades religiosas e especialistas na leitura do Alcorão. Pelo que tenho lido ou ouvido desses especialistas, o Alcorão não manda ninguém praticar 'terrorismo' religioso.
A
maioria dos cristãos propaga que a Bíblia foi escrita por 40 autores
diferentes, num período de quase 1600 anos. Segundo essa tradição, os livros do
Antigo Testamento teriam sido escritos entre 1500 e 450 A.C. Já os livros do
Novo Testamento datariam do período entre 45 e 90 D.C.
Desta
feita, ao usar o vocábulo 'bíblia' é necessário especificar, como no exemplo:
"evangelho segundo João".
Lembrei-me desse exemplo porque João afirma que a grande novidade trazida por Jesus é o Amor. (Que bom que João disse isso. Mas que ruim que essa 'boa nova' ainda continua uma grande novidade para o mundo contemporâneo.).
Lembrei-me desse exemplo porque João afirma que a grande novidade trazida por Jesus é o Amor. (Que bom que João disse isso. Mas que ruim que essa 'boa nova' ainda continua uma grande novidade para o mundo contemporâneo.).
Lembrei-me
desse exemplo sobre a grande nova que é o Amor, pois sou da geração que tinha
por mote PAZ e AMOR. Pregava-se o amor para substituir a participação na Guerra
do Vietnã ou Guerra Americana ‒ ocorrida no Sudeste Asiático entre 1955 e 30 de
abril de 1975.
Eu usava mamadeira e havia essa guerra.
Depois eu dançava rock e havia essa guerra.
Depois eu cantava na roda de samba da universidade e havia essa guerra...
Os artistas e os estudantes eram tratados como hippies e isto era sinônimo de ser tão imprestável como um desertor da guerra. Mas não podíamos dizer ou escrever nada contra isso.
Hoje podemos! Cabe sabermos usar o poder... Cabe estimarmos essa oportunidade e nos estimarmos ao escolhê-la.
Eu usava mamadeira e havia essa guerra.
Depois eu dançava rock e havia essa guerra.
Depois eu cantava na roda de samba da universidade e havia essa guerra...
Os artistas e os estudantes eram tratados como hippies e isto era sinônimo de ser tão imprestável como um desertor da guerra. Mas não podíamos dizer ou escrever nada contra isso.
Hoje podemos! Cabe sabermos usar o poder... Cabe estimarmos essa oportunidade e nos estimarmos ao escolhê-la.
Recomendo
que internautas ao pensarem em fazer comentários, primeiro se acalmem. E se autoestimem. Só
escrevemos de forma compreensível se nos sentirmos bem ao fazê-lo. Dialogar deve gerar prazer!
Não
vale usar as palavras como armas, já que queremos combater essa descrença que
pesa sobre o Estado em sua responsabilidade de manter a vida civil em sua
normalidade: paz entre os povos como direito coletivo primordial, direitos
individuais que incluem a liberdade de culto e a de expressão.
Vale
lembrar que vivemos numa sociedade pós-moderna onde ficção e realidade se
misturam. Muitas vezes a ficção é nociva para a realidade como os jogos em que
crianças assumem virtualmente o comando de um exército. Para que ensiná-los a
atacar os demais países? Para que incitá-los a se defender, se não estão sendo
atacados? Para que incutir um espírito belicoso ao invés de ensinar a busca do
equilíbrio para o enfrentamento das dificuldades reais que a vida nos
apresenta?
Como
está escrito na Constituição Federal
Brasileira somos um estado laico. Portanto, no Brasil, não existe nenhum estado evangélico, nem espírita, nem católico, nem muçulmano, nem israelita.
Mas se uma performance dentro de um culto religioso pode nos lembrar do nazismo e do fundamentalismo é porque algo está caminhando fora dos trilhos constitucionais e é de certa forma alarmante.
Para defender a concepção de um estado laico é preciso investir na Escola Básica pública.
Mas se uma performance dentro de um culto religioso pode nos lembrar do nazismo e do fundamentalismo é porque algo está caminhando fora dos trilhos constitucionais e é de certa forma alarmante.
Para defender a concepção de um estado laico é preciso investir na Escola Básica pública.
Pense
na educação pública como um direito coletivo básico... Pense nisso com carinho,
ainda que não seja professor, ainda que não tenha filhos, ainda que se os
tivesse não necessitaria da escola pública (ou pensa que não iria
necessitar...).
Espero
que os internautas continuem discutindo e dialogando. E que aceitem as pequenas
contribuições que deixei aqui sobre a arte de tecer comentários...
Na
época da ditadura brasileira, assisti, num teatro da cidade de São Paulo, a uma
montagem de Brecht em que os algozes machões do Esquadrão da Morte eram representados numa dança com trejeitos
afeminados...
Nos
anos de chumbo, usava-se o riso para denunciar... Isso funcionaria agora, num contexto de 'bate-boca' entre internautas?
Parece que a arte pessoal de tecer comentários pela paz consistirá em defender amorosamente o próprio ponto de vista ao invés de guerrear contra o ponto de vista alheio.
O que é defender amorosamente?
Defender é para a hora do risco... Caso contrário é paranoia.
Abaixem as armas, pois a guerra dos jovens cearenses ainda é ficcional, embora o medo que a performance inspira seja verdadeiro. (Será que vão bancar soldados do exército ao sair do culto? Será que aviltarão as leis vigentes ?)
O ato de amar é mais fácil de entender: implica na existência de pelo menos duas pessoas, implica em diálogo, implica em vínculo, em constância, em perseverança. E que mais?
Só você tem essa resposta...
Parece que a arte pessoal de tecer comentários pela paz consistirá em defender amorosamente o próprio ponto de vista ao invés de guerrear contra o ponto de vista alheio.
O que é defender amorosamente?
Defender é para a hora do risco... Caso contrário é paranoia.
Abaixem as armas, pois a guerra dos jovens cearenses ainda é ficcional, embora o medo que a performance inspira seja verdadeiro. (Será que vão bancar soldados do exército ao sair do culto? Será que aviltarão as leis vigentes ?)
O ato de amar é mais fácil de entender: implica na existência de pelo menos duas pessoas, implica em diálogo, implica em vínculo, em constância, em perseverança. E que mais?
Só você tem essa resposta...