domingo, 6 de abril de 2025

Poema ancestral - Edna Domenica Merola, Léa Palmira e Silva, Marlene Xavier Nobre, Taís Palhares

         Poema ancestral

Edna Domenica Merola, Léa Palmira e Silva, Marlene Xavier Nobre, Taís Palhares

 

Meu lado europeu

É um jubileu

De abraços e traços

Um traseiro afro

Um nariz mouro

Pele alva (de sabe Deus!)

A face com contornos romanos

 

Em Madri me segregam

(Sou a cara da moça na lata do azeite)

Em Perúgia me chamam de francesa

Em Pomerode sou forasteira

Em Floripa meu sotaque sofre bullying

 

Em São Paulo trabalho com meu corpo

trabalho com o corpo de minha mãe,

trabalho com o corpo de minha nona...

E, quando isso não é dor,

O retrato do meu avô me sorri no corredor

(Edna Domenica)

 

Indígena,

Português,

Espanhol,

Caboclo,

Mestiça...

À terra: plantar, caçar.

 

Natureza, liberdade.

Passado, presente futuro.

A vida passada em gerações. 

Tudo junto e misturado.

 

Olhar no espelho,

Enxergar a mãe, o pai, os avôs

 

E as novas linhagens, 

Quais características trarão? 

[Tais Palhares]

 

Sou um lado indígena e outro africana

Isso me faz latina?

A parte de pai é sulina  

De mãe, nordestina 

 

Manezinha de Floripa 

  Outrora de praias, recôncavo e tantas belezas naturais

Hoje exploradas pelos capitalistas brutais –

 

Da ancestralidade, as labutas

Desde a infância quantas lutas!

 

Acho a velhice demais 

Graças aos meus ancestrais.

 [Léa Palmira e Silva]. 

 

Vento sul, mar azul, areia a rodopiar: 

Mané e manezinha a bailar,

Depois de nove meses

O meu choro "ouvisses".

 

Nasci no mês do "mata cavalo",

 num frio de doer pescoço!

 

Sou festeira e manezinha nata,

E por ser filha de artistas, sou grata

Cresci comendo pirão,

caldo de peixe e camarão! 

 

Quem trouxe meus ancestrais?

Seria o vento sul soprando nos manguezais?

 

De onde vim? 

Não sei de mim!

 

Será sou sarará?

Ou será sou sarará crioula? Sei lá!

 

O que importa é ser faceira,

mané charmosa e maneira. 

(Marlene Xavier Nobre)

 

Em homenagem às moradoras

  estrangeiras, brasileiras

E também às turistas

Que curtem Floripa demais

Dedico um soneto sem “ais”:

 

Canta, Floripa canta… Cantarás!

Escutarás: “Conserva tua história…”

Cidade e praias brilham na memória

Encanta a gente, encanta…Encantarás!

 

Com belo Boi de Mamão brincarás

Com a Bernunça de boca lusória…

Guga! Avaí! Figueirense! Que glória!

Renda de bilro à Lagoa terás.

 

Praias da Ilha: ouvirás Mirandinha

Zininho com Amor à Ilha: teu hino

Pântano do Sul, dás tua tainha

 

Lagoa da Conceição: sol a pino

Lagoa do Peri branca prainha:

Floripa ama e canta como imagino!

[Edna Domenica Merola]

Nenhum comentário:

Postar um comentário