segunda-feira, 21 de maio de 2012

Solilóquios de uma escritora. Edna D. Merola

                                         


SOLILÓQUIOS

Olhar para o próprio umbigo é um exercício interessante. Esse olhar acompanha movimentos de expansão e de recolhimento. Escrever em posição direcionada ao próprio umbigo, eis como decido experimentar a escrita, respirar a escrita.
Colher materiais com os olhos pode ser a escolha mais usual de expansão, mas há ouvidos e poros, e tantas instâncias esquecidas ou ainda não inventadas.
Escrever em posição voltada para o instrumento digitalizado de escrita é consumar uma posição contemporânea para tentar elaborá-la. O objeto é extensão do corpo contemporâneo. Tudo é político-maravilhoso... Tudo é político-não maravilhoso...
– Olha aí! Compra minha estética “doutor”!
– Olha aí! Compra minha poética “companheiro”!
– Olha aí! Compra esse momento “cidadão” pra ajudar a campanha pró-ação humana.
– Olha aí! Eu estou aqui e você também. Foi acaso?
Aceite o convite de encarar o acaso. De ouvir o acaso. De responder ao acaso.
– E se não for acaso?
Há outras formas de inserções além daquela de introduzir a “navalha na carne” ou de escrever com gotas do próprio sangue. Há outras formas de incisões diferentes da ação de dissecar.
A incisão eficaz pode ter naturalidade e doçura... Eis aqui algo colocado como contraponto ao esquartejamento e ao ato de dissecar, correndo o risco de parecer piegas.

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

– Por que passam tão depressa por aqui?

– Pare, se quiser! Isso é com você também! Isso é para você também.

– Onde nasce a arte? Onde ela se coloca?

– O lugar da arte é cultural? Ou é comercial?

– O lugar da arte é subjetivo? É social? É político?

– Isso é para você também. Aproveite o momento. Participe aqui, lendo.

– Quer responder? Chegue aqui!


– Quer perguntar?  Chegue aqui!

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