quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Jogo para oficina de escrita criativa: A Perspectiva do narrador. Por Edna Domenica Merola

O jogo a ser aplicado em oficinas ou aulas regulares de redação e/ou leitura, no Ensino Fundamental e Médio, é rápido e fácil, em sua aplicação. Mas seu objetivo é introduzir a discussão de um tema um tanto complexo, quer seja, o da análise da voz do narrador como instrumento de interferência na narrativa pós-moderna. Essa pressupõe que o lugar narrativo, (de onde e de quem parte a história narrada) é mais apelativo do que o conteúdo anedótico daquilo que é exposto, descrito e 'narrado'.  A narrativa pós-moderna se insere em tempos nos quais livros de autoajuda se tornam Best Sellers e seus autores se destacam em modalidades sócio profissionais diferentes da de escritor... Ou seja, autor e narrador se fundem de tal forma a confundir o aprendiz de literatura na distinção entre ambos.
Para iniciar o jogo, pede-se a algum participante que conte um fato verídico transcorrido há muito tempo atrás e em alguma cidade distante do local no qual ocorre a atividade. O fato deverá ser relevante à época na qual ocorreu, podendo ser de extrema banalidade nos dias de hoje. Temas relativos a comportamento e costumes são propícios, mas convém não rejeitar assuntos de outra natureza. O 'passado' referido, geralmente não foi vivenciado pelos jovens participantes que o conhecem sob o viés de relatos de familiares ou de novelas de TV.
Após ouvir o primeiro narrador, outros participantes são convidados a recontar a história. Cada um a sua vez recebe a senha de fazê-lo sob o ângulo de um personagem como um anjo, um fofoqueiro, um locutor de programa sensacionalista, um religioso, um candidato a prefeito. A princípio, a senha é conhecida apenas por um dos participantes.
Por força dos narradores serem personagens tipos, o conteúdo anedótico da história originalmente narrada é alterado significativamente. Por exemplo, em um grupo no qual o jogo foi aplicado, optou-se por uma história que, originalmente, terminava por suicídio. No entanto, ao ser reproduzida por alguém que recebera a senha para fazê-lo assumindo a vez de um anjo, a história terminou com a continuidade da vida harmônica de todos os personagens. Pessoa do grupo julgou que a história tinha sido contada de forma errada, ao que o narrador (anjo) respondeu que como anjo teve poder para proteger o personagem para que não se suicidasse, podendo com isso alterar toda a história. É essa a natureza performática do narrador a que se alude.
Para compreender a metodologia que fundamenta esse jogo vide o conceito de zona proximal de Vygostki.
Releia neste blog (http:/ aquecendoaescrita.blogspot. com.br) a postagem de 27/07/2012 : Uma Atividade Lúdica para Aprender a Gostar de Ler.

Para estudo acadêmico do campo da Teoria Literária sobre narrativa performática ler texto em PDF disponibilizado gratuitamente: Ravetti, Graciela. Retórica Performática: A catacrese do narrador no romance contemporâneo. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Diálogos Interamericanos, número 38, p. 71-87, 2009. Sobre a catacrese vide Gayatri Spivak. Vide também, disponibilizado em PDF: Machado, Igor José de Renó; Reflexões sobre o Pós Colonialismo. Teoria e Pesquisa, 44 e 45, Janeiro e Julho de 2004. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Poeta Mário Osny Rosa (1934 - 2013)

 


Não falava em doença... Mas penso que ele não suportou a ausência da esposa (após o falecimento dela). Sr Mário Osny Rosa trabalhava e escrevia constantemente, era ágil e independente, mas não chegou aos oitenta.
Daqui para frente o Senhor Mário será para todos, certamente, uma "grande ausência"... Para quem compartilhou de suas produções literárias (e recebia textos antes de serem divulgados a público) Osny será uma "linda saudade" abrigada com honra e afeto em seus corações.
Estou bem triste... Só me resta entender que no céu faltavam poetas e que Deus deve ter feito uma proposta interessante na qual, para o aceite, pesou deveras o e reencontro com a querida esposa!
Siga, poeta, para que seus versos tenham por coro vozes angelicais e harmonias celestiais. Siga, poeta, seus motes serão agora, paradoxalmente, ainda mais plenos de humanidade.
Siga, poeta e agora cronista celestial, seus versos deixarão rastros de luz!
 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O que 2013 trará? Por Edna Domenica Merola


A temporalidade é um organizador cognitivo e também social. Penso nisso para justificar meu primeiro viva a 2013. Lembro-me ainda perfeitamente do dia, em abril de 2012, em que realizei a primeira postagem desse blog. No decorrer daquele ano, os assuntos abordados foram aparentemente variados, mas o foco inicial foi mantido: quer seja o de instigar o gosto pela criação e apreciação literárias.
Os protagonistas foram também variados e até ousei dissertar sobre minha própria produção escrita (Espero que avaliem o quanto isso é difícil para todos os escritores!). Foram 25 postagens. Versaram sobre: descrição ou perfil, narração, dissertação, poesia, texto de teatro, crônica. E também  sobre os livros: A Volta do Contador de Histórias; Cora,Coração; No Ano do Dragão. Algumas postagens versaram sobre o trabalho ou eventos de pessoas ligadas não só à literatura, mas também às performances musical e cênica. Isso posto, meu primeiro viva a 2013 só pode ser um agradecimento por tantas oportunidades de aprimoramento e deleite que a exposição às manifestações artísticas me propiciaram, em 2012.
O que trará 2013? Poderia ser uma pergunta inquietante se eu pensasse no risco de ser menos gratificante do que 2012. No entanto, entendo que, quando plantamos muita coisa boa  com alegria, a colheita acontece com felicidade abundante (Ah! Como isso é difícil de mensurar!).
Intuo que 2013 trará uma linda jornada. Convido-os a partilharem dela, aqui, comigo!