sábado, 24 de outubro de 2015

Cartas (Colagem). Edna Domenica Merola.

Escrever para Deus foi uma ideia do Adalberto. Depois houve uma carta de autoria da Cristina em que a emissora era ela mesma, mas na adolescência, na qual mencionou a expectativa sobre o amor. Houve uma carta de emissora fictícia para o compositor Erasmo Carlos respondendo à Carta e que foi de autoria de Antonieta. Depois o texto Conto em Pas de Deux (MEROLA, 2011) foi lido e comentado por Adroaldo.
O texto Olha o Pão de Maria também foi lido e comentado. Assim, a emissora da próxima carta (que será endereçada a Deus) será Maria: a personagem daquela história.
As experiências do convívio durante as aulas do semestre se somaram, compondo a memória de grupo. Essa miscelânea de frases não só de diferentes textos como também de autores que se encontram, semanalmente, em oficinas de criação, acontece em forma de oração... Assim é que sinto e expresso essa harmonia! Abaixo, segue carta 'colagem' com citações feitas em diferentes trabalhos realizados por vocês, supra nomeados destinatários desta, para escrever outra (endereçada a Deus).


Florianópolis, 24 de outubro de 2015.

Deus,

Desejo que esteja bem ao receber minha carta. Escrevo para manifestar minha admiração pelo Seu trabalho e também para dizer que me emocionei com Sua leitura sobre aquela História de Amor. Pensei no quanto o amor e a dor parecem andar de mãos dadas e numa constante alteração. Será que foi a dor ou o amor que possibilitou nosso reencontro? (1).
O Senhor sabe, eu vivo um momento tão bom da vida, que me faz desejar ser como Peter Pan, o menino que nunca cresceu e está sempre acompanhado da pequena Sininho, uma fada amorosa e minúscula. (2)
Senhor, como bom Pai e Mãe me ajuda muito, dá muito amor e atenção, faz-me parecer uma criança cheia de sonhos. Eu sempre vou obedecê-lo e honrá-lo, meu Pai, pois do meu futuro Você é quem sabe. E eu confio em Você. (2).
Qual ser não se sentiria gratificado com uma declaração de amor (3) de Sua Natureza?
Confesso que sua carta me fez renascer das cinzas! Algo que pensei se tratar de um sonho impossível. Estou, também, plena de amor por Você. E, muito, muito feliz! (3).
Senhor, Você criou a dádiva do livre arbítrio! Não entendo porque foi tão amoroso e liberal!(4).
Na adolescência, discutia muito sobre o que seria o verdadeiro amor e em que momento ele entraria em minha vida. Era um tempo de sonho, pureza e projetos utópicos da vida pessoal. (2).
Era, eficazmente, um conjunto de passos que compartilhavam um tema comum, muitas vezes simbólicos de uma história de amor ou a parceria inerente no amor, com os dançarinos retratando expressões de sentimentos afetuosos e pensamentos entre parceiros românticos... (5)
Como Marta Saré arriscava a vida pelo amor (à arte, no meu onírico caso). (6) Do rechaço e preconceito fiz busca de espaço social. Mas só agora posso entender um pouco mais sobre Sua Obra!
Sou ranzinza, por vezes, mas sempre com reservas de filial amor para Consigo (4).

Maria Somente (Maria Semente de Samba e de Amor). (7)


Citações:
(1) Mariza Meksenas; (2) Cristina Garcia; (3) Antonieta Mercês; (4) Adalberto Martins; (5) Adroaldo Fontes; (6) Edna Domenica Merola; (7) Carlos Paraná, autor da letra de Maria Carnaval e Cinzas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Sepulturas do Bom-senso. Edna Domenica Merola.

Haicai de 14/9/2015

Acaba a graça,
quando ando sobre águas
Enquanto naufragas!


Epitáfio Pífio

Aqui jaz bordão
que usou a lei de Talião,
afundando a infância.


Haicai dos Humoristas Vivos (psicografia)

E quem aqui jaz?
- Ética, Bom-senso, Humor...
(Charlie nos matou!)


Epitáfio escrito por Gregório de Matos (psicografia)


Aqui jaz Charlie Hebdo: imperialista de latrinas;
aquele que fez charges cretinas!


Epitáfio do Humanoide, 2015

Paciência!
Aqui jaz resiliência...
Também a inocência.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Respostas às Cartas Recebidas em Agosto. Edna Domenica Merola.

Florianópolis, 13 de agosto de 2015.
Prezada A. F.,

Todo o primeiro dia de um curso é como uma estreia de uma peça de teatro. Por mais que nos sintamos aptos, ainda resta algo em processo que dá muita “adrenalina”.
Na primeira aula, os olhares experientes dos alunos do N.E.T.I. parecem ter vozes que indagam... Até dá para ouvi-los cantar os versos da música cujo título é: “Angélica” e que o Chico Buarque dedicou a Zuzu Angel: “Quem é essa mulher...?” Pois todos os alunos tentam descobrir o que podem esperar dessa professora que ainda não os conhece...
E a pergunta que não quer calar é mais ou menos assim:
– Será que ela vai me reconhecer?
O reconhecimento esperado pelos alunos experientes é mais do que ‘social’... Penso que se espera ser reconhecido quanto ao grau de humanidade decorrente do grande acúmulo de experiências existenciais. As pessoas que chegam aos cursos do N.E.T.I. são em geral pessoas que já romperam com alguns preconceitos e apostaram na possibilidade de aprender coisas novas e de conviver com pessoas novas.
Espero e acredito que nossa convivência será amistosa! Seja bem-vinda!
Atenciosamente, Professora E.

Florianópolis, 20 de agosto de 2015.
A. M.,

O assunto ‘cabelo’ foi o ponto para que iniciássemos nosso primeiro diálogo. Nossa imagem é também mensagem para possíveis interlocutores. Nós, mulheres, lidamos com isso ao longo da vida. Quando nossa imagem começa a nos mostrar a mesmice, lá vamos nós em busca de criações... E não nos intimidamos em recorrer a sugestões das pessoas de nosso entorno.
Quando eu tinha 17 anos fiz mechas nos cabelos... Meu pai me disse que um dia eu iria querer ter os cabelos sem as mechas cinza. Isso de fato aconteceu em meu longo período de “Henna”.
Mas não ocorre agora, momento em que consegui entender plenamente a que meu pai se referia: “É que tempo não retrocede e que os dias podem se tornar da mesma cor se não agirmos com criatividade”. Por isso é preciso inventar como colorir nosso cotidiano. Por isso é estimulante criar espaço para o novo no nosso dia-a-dia.
Abraço,
                   E.

Florianópolis, 20 de agosto de 2015.
Prezado integrante da Oficina Literária, A.,

Em resposta ao sugerido na sua "singela missiva", ou seja, no texto proposto na primeira aula do Curso de Criação Literária, volto a ter contato com vocabulário formal (que parece ser o seu preferido). Também me aposentei cedo e numa função burocrática (Supervisão de Ensino), mas voltei a exercer a função de professora como voluntária no NETI, desde o início de 2013.
Escrever "via qualquer atividade" consegue me tirar das tarefas que poderiam me levar à mesmice, no dia-a-dia. Publiquei alguns livros com recurso próprios, após a aposentadoria. Os mais recentes saíram pela editora Postmix. Mantenho três blogs: Aquecendo a Escrita (2012), Netiativo (2013), Rede pró Educação e Cultura de Idosos (2014).
Foi com grande alegria que recebi seu contato como destinatária da carta supra. Seus colegas que integram a turma 2015.2 das Oficinas de Criação Literária do N.E.T.I. – advindos das mais diversas atividades – certamente ficarão felizes por conhecê-lo melhor, após esse seu compartilhamento.
Também pretendo manter o foco nos interesses e metas externados pelos alunos principalmente porque alguns estiveram afastados das “carteiras” escolares desde há muito, e também da Universidade e até aposentados há bom tempo.
De antemão, posso inferir que, quanto aos aspectos cognitivos, não terá dificuldade para acompanhar o andamento dos trabalhos das minhas aulas. A convivência harmônica e a aceitação do outro serão os itens que desafiarão a criatividade de todos, principalmente numa primeira fase em que os participantes estão se conhecendo.
Com igual atenção,
                            E.

Florianópolis, 21 de agosto de 2015.
Cara P.,

Muito prazer em conhecê-la. Gostaria de saber por que recebeu este nome ‘ao ser inventada’. Sua criadora está de parabéns por ter lhe dado um nome grego, já que foi por lá que a cultura ocidental teve seu berço.
Recebi sua carta explicando sua expectativa quanto ao curso da Oficina Literária. Destaco o fato de que deseja desenvolver o prazer pela escrita.
Fiquei sabendo que gosta de ler. Gostaria de saber quais são seus autores preferidos, para, a partir de um deles, poder sugerir como você poderia treinar seu papel de escritora, diariamente.
Gostar de criar com palavras implica em gostar dos sons que elas produzem quando são pronunciadas e de como esses sons produzem combinações harmônicas, num poema ou letra de música, por exemplos.
Gostar de escrever implica em acreditar que você pode fazer algo por alguém que também é capaz de retribuir. O esporte que você pratica já daria conta de manter seu cérebro ativo. E penso que sua participação nas oficinas de criação literária possa ser importante incentivo para as colegas que ainda não realizam atividades físicas pelo menos três vezes por semana.
Se eu fosse sugerir temas para sua escrita, talvez cometesse um erro didático, pois você tem todas as aquisições necessárias para desenvolver seu papel de escritora, sem que alguém seja sua tutora. Acredito que é necessário conhecer profundamente algo para inventar sobre o tema. Você conhece profundamente o papel profissional no qual se aposentou e tem por hobby (ou algo que vai além disso) que é uma prática desportiva.
Ao responder sua carta lembrei-me da obra de Fernando Sabino, em especial um livro cujo título é Encontro Marcado e cujo personagem é um nadador. Lembrei-me também de O Velho Homem e o Mar (de Hemingway). As lembranças que me ocorrem, às vezes, parecem ser por acaso. Como não vou me delongar nos motivos, aceitemos, por agora, o acaso.
Pelo seu estilo objetivo e conciso penso que escreverá crônicas com facilidade, se passar a praticar com empenho esta habilidade literária.
Devido ao estilo homeopático de sua carta, encerro por aqui para não exceder na dosagem.
Seja bem-vinda ao mundo de Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Luís Fernando Veríssimo!
Professora E.

Florianópolis, 22 de agosto de 2015.
Cara C.,

Sua carta é bastante reveladora do seu gosto pela leitura, pela escrita, pela família, pelos ideais coletivos. Conta-nos suas experiências com diversos campos acadêmicos e moradia em diversas cidades. É como você afirma “a carta revela mais de uma pessoa, a caligrafia é pessoal, única”.
Você está convidada a participar de uma ação do tipo social com idosas. É uma ação esporádica, voluntária, e espontânea. Trata-se de visita mensal (sábado pela manhã) a um asilo de freiras. Elas não necessitam de nada financeiro. Eu ia usar a palavra material, mas me lembrei de que expressar afeto implica em materialidade como a de um abraço sincero.
Hoje foi dia de visita. Um senhor que é voluntário tocou teclado, uma senhora voluntária e eu lemos versos da Irmã A. (poetisa) que fez 91 anos de idade. Demos lembrancinhas para ela e para mais duas aniversariantes. As irmãs de uma das freiras aniversariantes (e que vieram visitá-la) cantaram (em alemão) canções que a maioria conhece e canta.
Uma das irmãs que coordenava a recepção de nossa visita perguntou ao final o que as freiras idosas tinham refletido. Então foi uma emoção muito grande ouvir as vozes daquelas que saíram de seus quartos em cadeiras de rodas e permaneceram quietas no salão onde ocorreu a reunião. Foram frases curtas sobre o que havia acontecido lá. Havia na plateia mais de trinta idosas, três delas com mais de cem anos.
Compreendi melhor a relação de ajuda indo lá visitá-las. Só ajudamos quando conseguimos trocar... Receber é também praticar solidariedade.
Obrigada pela sua carta.
Com receptividade, E.

Florianópolis, 24 de agosto de 2015.
Querida Z.,

Foi com imensa alegria que li sua carta. Deu para ler perfeitamente tudo o que escreveu. Sua letra está bem legível, à revelia de como você disse não enxergar mais a pauta, na folha. É importante continuar exercitando a escrita, pois sempre será um meio a mais para você se comunicar com outras pessoas, e compartilhar seu exemplo de superação.
No primeiro dia de aula, quando você me disse que estava fazendo uma experiência, lembrei-me de casos de alunas que se inscrevem em dois cursos e comparecem nas respectivas aulas iniciais e abandonam o que consideram menos agradável do que o outro. Mas você veio para me mostrar o inverso. Veio para me mostrar que há pessoas que valorizam o seu próximo a tal ponto que apostam positivamente no contato com o outro.
Quando eu disse que eu também estava fazendo uma experiência é porque a primeira aula é decisiva para a elaboração de um planejamento de um curso para uma turma específica. Mas na verdade, eu estava ingressando nesse convívio prazeroso que é compartilhar com quem quer compartilhar.
Obrigada pela sua presença, Z.
Um abraço, da E.

Florianópolis, 26 de agosto de 2015.
Querido aluno A. M.,

Como bom “manezinho” o senhor tem a facilidade de provocar a dispersão e o riso na sala de aula. Em minhas aulas tem segurado essa veia artística da cultura florianopolitana e reservado para os momentos das atividades no palco ou no teatro. Isso tem colaborado para mantermos nossa empatia e respeito mútuo.
Fiquei muito contente por ter aceitado fazer e entregar as tarefas.
Penso que ao dedicar-se à escrita irá ter um grande ganho existencial e oportunidade de fazer amizades também entre os alunos do NETI.
Também agradeço sua presença e seu trabalho! Deus abençoe também a sua vida com muito amor, paz e saúde.
Professora E.

7 de Setembro de 1978. Edna Domenica Merola.

Quero sobretudo os atos sem condecoração
Quero sobretudo o heroísmo calado
Quero sobretudo saber render-me e não morrer

Nessa grande parada de emoções,
Desfilam em primeiro plano minhas angústias
Em seguida, um batalhão de esperanças,
Segue depois o de dúvidas,
E após, vem a companhia de ataque,
E então o pelotão da sinceridade,
E finalmente o da paz.

Queria ter nascido poetisa.
Mas não nasci:
 Caí de uma estrela.
 Que tombo, gente!
Então nasci pra vida...
Machucada.

Agora, caminho por sobre pedras
sobre penas
sobre relva
sobre flores
sobre asfalto
Agora, caminho em direção à vida
E me rendo ao momento presente
Emudecendo em respeito à verdade

De experimentar este instante.

Making of: 
Poema dedicado às (aos) brasileiras (os) que sofreram maus-tratos psicológicos durante a ditadura. Refiro ao cerceamento nas liberdades de pensar de forma autônoma, de se expressar, de se reunir, de reivindicar direitos coletivos.

REFERÊNCIA
MEROLA, E. D. Cora, Coração. Nova Letra, 2010. 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Peça Teatral Vozes. Edna Domenica Merola.

ATO I – Isto é Realidade?

Vai, vai, vai começar a brincadeira/Tem charanga tocando a noite inteira/vem, vem, vem, ver o circo de verdade/ tem/ tem/ tem/ picadeiro e qualidade/
Participam desse evento aberto: pessoas que gostam de encontro, conto e alegria. Espero estar recebendo pessoas que ainda não nos conheçam, para ter a oportunidade de incentivar o aumento dos praticantes e simpatizantes da Arte. Espero contribuir para a paz no Planeta e para tal dou-lhes a oportunidade de cultivarem sua paciência e ouvir a leitura do texto Solilóquios de uma Escritora.

SOLILÓQUIOS DE UMA ESCRITORA (parte sublinhada: coro)
Olhar para o próprio umbigo é um exercício interessante. Esse olhar acompanha movimentos de expansão e de recolhimento. Escrever em posição direcionada ao próprio umbigo, eis como decido experimentar a escrita, respirar a escrita. Colher materiais com os olhos pode ser a escolha mais usual de expansão, mas há ouvidos e poros, e tantas instâncias esquecidas ou ainda não inventadas. Escrever em posição voltada para o instrumento digitalizado de escrita é consumar uma posição contemporânea para tentar elaborá-la. O objeto é extensão do corpo contemporâneo. Tudo é político-maravilhoso... Tudo é político-não maravilhoso...
– Olha aí! Compra minha estética “doutor”!
– Olha aí! Compra minha poética “companheiro”!
– Olha aí! Compra esse momento “cidadão” pra ajudar a campanha pró ação humana.
– Olha aí! Eu estou aqui e você também. Foi acaso? Aceite o convite de encarar o acaso. De ouvir o acaso. De responder ao acaso.
– E se não for acaso?
Há outras formas de inserções além daquela de introduzir a “navalha na carne” ou de escrever com gotas do próprio sangue. Há outras formas de incisões diferentes da ação de dissecar. A incisão eficaz pode ter naturalidade e doçura... Eis aqui algo colocado como contraponto ao esquartejamento e ao ato de dissecar, correndo o risco de parecer brincadeira... Jogo... Magia.

Nos dias de hoje é bom que se proteja/Ofereça a face pra quem quer que seja/Nos dias de hoje esteja tranquilo/Haja o que houver pense nos seus filhos/Não ande nos bares, esqueça os amigos/Não pare nas praças, não corra perigo/Não fale do medo que temos da vida/Não ponha o dedo na nossa ferida/Nos dias de hoje não lhes dê motivo/Porque na verdade eu te quero vivo/Tenha paciência, Deus está contigo/Deus está conosco até o pescoço/Já está escrito, já está previsto/Por todas as videntes, pelas cartomantes/Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas/No jogo dos búzios e nas profecias/Cai o rei de Espadas/Cai o rei de Ouros/Cai o rei de Paus/Cai, não fica nada.
ATO II– Ficção ou Realidade?
CENA 1: INDIVIDUALIDADE & PARCERIAS

A JULGADORA
‒ Julgo a minha existência proveitosa. Amei, sofri, procriei, dei alegrias para muitos e recebi recompensas e injustiças. No entanto, não me sinto angustiada e ainda acredito muito na humanidade.

SENHORAS
‒ Na dúvida, seja corajosa. Procure suas verdades próprias.

CAVALEIRO DE ESPADAS
‒ Cara julgadora, achei sua análise muito superficial. O ser humano é complexo. Além disso, mais erra do que acerta. Pense bem: você errou mais ou acertou mais?

SENHORAS
‒ A definição e a clareza nas escolhas podem melhorar sua vida. Seja autocrítico e meticuloso, poderá ter uma boa surpresa.

A JUSTIÇA
‒ Meu colega, Cavaleiro de Espadas, não seja tão exigente e crítico. Temos que aceitar a verdade de cada um. Não devemos julgar tendo como base só as nossas vivências.

SENHORAS
‒ Seja autocrítica e meticulosa, poderá ter uma boa surpresa.

CAVALEIRO DE OUROS
‒ Já vivemos bastante, já nos expusemos a vários desafios e tomamos decisões certas ou erradas. Isto depende de quem julga e não de nós mesmos. Temos certezas que muitas vezes se desfazem como por encanto. O importante é compreender os nossos erros e rever, se possível, alguns deles, aceitando a nossa fragilidade.

SENHORAS
A organização e a racionalidade resultam em boas parcerias.

A JULGADORA
‒ Vocês todos estão me analisando. Obrigada pelas críticas. Mas sejam julgadores de si mesmos! Quem consegue penetrar na alma do outro? Jogue a primeira pedra quem nunca pecou!

SENHORAS
Grandes mudanças exigem cautela.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Nada é impossível quando realmente queremos! Querer é poder.


CAVALEIRO DE OUROS (para o público): 
- Tu vens comigo? Parece que escuto teus sinais! Posso anunciar?

LAh! LAh!LAh! Lah! lah! lah! lah! lah! LAh! LAh!LAh!/Na bruma leve das paixões/Que vêm de dentro/Tu vens chegando/Pra brincar no meu quintal/No teu cavalo/Peito nu, cabelo ao vento/E o sol quarando/Nossas roupas no varal/Tu vens, tu vens/Eu já escuto os teus sinais/A voz do anjo/Sussurrou no meu ouvido/Eu não duvido/Já escuto os teus sinais/Que tu virias/Numa manhã de domingo/Eu te anuncio/ Nos sinos das catedrais.

ATO II – Ficção ou Realidade?
CENA 2: O MATERIAL & O ESPIRITUAL.
SUMO SACERDOTE
‒ O conhecimento deve ser utilizado para o desenvolvimento dos papéis sociais que convivem num grupo.

SENHORAS
É preciso abandonar a rigidez mental e cultivar a paz.

RAINHA DE ESPADAS
‒ A criatividade deve se colocar à disposição do lado espiritual e do material também...

SENHORAS
‒ É preciso abandonar a rigidez mental... Estar em harmonia é praticar a paz!

A RODA DA FORTUNA
‒ Todos têm sua riqueza interna que move o eixo da sabedoria, ainda que as imagens que as pessoas passam, num dado momento, podem ser vistas como acima ou abaixo.
SENHORAS
‒ Este é o momento certo de começar algo. Tem que ter compreensão com aqueles que precisam começar algo.

REI DE PAUS
‒ O mundo nos oferece as novidades boas ou más. É só saber interagir de um modo que gere felicidade ao maior número de pessoas possível. É necessário neutralizar nossos elos negativos e aprofundar os laços positivos.

SENHORAS
‒ Para manter a coerência aos olhos dos outros é preciso desenvolver a coerência interna. É preciso fortalecer a amizade e a formação do grupo.

SUMO SACERDOTE
‒ Sabedoria é ter respeito às capacidades e aos talentos dos outros. Ser racional deve servir para rebaixar sua própria ansiedade e tolerar a inquietude do outro. Ser emotivo não quer dizer ocupar o espaço do outro. Reflita sempre sobre como pode agir para aumentar a felicidade de todos. Ser verdadeiro e benevolente: eis o segredo para unir-se às pessoas de um grupo.

SENHORAS
‒ Um grupo é um veículo para que as pessoas andem ou se conduzam no processo de aprendizagem. É o momento de começar algo e a clareza do desenvolvimento de cada um: de seu processo de envelhecimento interno ou externo.

ATO II – Ficção ou Realidade?
CENA 3: Comunicação Pessoal & Grupo
A FORÇA
‒ A força é a energia que move ideias e corações. A energia individual e coletiva formam as luzes do caminho de nossas vidas.

SENHORAS (firmes)
É preciso estar atento e forte.

Música Divino Maravilhoso. Caetano Veloso. https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/44718/

RAINHA DE OUROS
‒ A força é a fonte de inspiração e poder... Ela precisa do mundo material. E também o gera. Como a fortaleza é bela!
SENHORAS (enfáticas)
Navegar é preciso.

O SOL
‒ Emano luz e energia que fazem o mundo e a vida girarem no universo das ações pessoais.

SENHORAS (entusiasmadas)
Realização e sucesso nos seus projetos!

RAINHA DE COPAS
‒ Tocar a fonte de luz é poder desfrutar da sabedoria da alma e do espírito criador.

SENHORAS
É tempo de iluminação e total consciência de si.

O SOL
‒ Quero ser como o rei sol para emanar energia que aquece e mantém o nosso mundo com vida ativa. Quero fazer a vida vibrar com as ações coletivas...

SENHORAS
‒ Navegar é preciso... Rumo à total consciência de si.


ATO II – Ficção ou Realidade?
CENA 4: Fé, Sensibilidade, Simplicidade, & Coragem, Força, Possessividade.

A ESTRELA
‒ As nuvens estão escondendo o brilho que sinto dentro de mim. Quero transmitir minha luz a quem vive na sombra.

SENHORAS
‒ Aconteça o que acontecer na vida, tenha esperança e colherá o fruto da fé.

REI DE OUROS
‒ O brilho e a luz sempre estarão disponíveis. Basta disposição para enxergar e as nuvens se dissiparão.

SENHORAS
‒ A fé faz ver tudo com muita clareza.

A LUA
‒ Quando as fases menos transparentes aparecem, a minha luminosidade fica opaca. Sonho como será quando eu for eternamente brilhante, cheia, clara!...

SENHORAS
‒ Mentalize o crescimento e a prosperidade.

CAVALEIRO DE COPAS
‒ Será maravilhoso! Se precisarem de ajuda para conseguir bons propósitos estarei à disposição com meu amor ao próximo. Será que precisaremos de muitos aliados?

SENHORAS
‒ Abra sua mente para o novo.

A ESTRELA
‒ Se todos se unissem, o Universo seria mais brilhante. Imagine um elo sempre brilhante e belo, gerando alimento, força e esperança... Unindo desejos e ideais, utilizando ideias para a construção do bem comum, buscando melhorias, abolindo os ciúmes e a competição. Será que isso é possível?
SENHORAS
O desprendimento constrói os laços da amizade verdadeira. Abra a sua mente para novas formas de construir vínculos.
A cigana leu o meu destino/Eu sonhei!/Bola de cristal/Jogo de búzios, cartomante/E eu sempre perguntei/O que será o amanhã?/Como vai ser o meu destino?/Já desfolhei o mal-me-quer /Primeiro amor de um menino/E vai chegando o amanhecer/Leio a mensagem zodiacal/E o realejo diz/Que eu serei feliz, sempre feliz/Como será amanhã?/Responda quem puder/O que irá me acontecer?/O meu destino será Como Deus quiser/Como será?/Como será amanhã?/Responda quem puder/O que irá me acontecer?/O meu destino será Como Deus quiser/
Mas a cigana!

CENA 5: FILOSOFIAS DE VIDA & CONCEITOS DE DIVERSÃO
O MAGO
‒ Nas minhas comunicações e convivência, busco ser criativo para, assim, aprender mais.
SENHORAS
‒ Fortaleça o criador que habita em você!

VALETE DE ESPADAS
‒ Contesto suas colocações. Isso ‘cheira’ a insegurança e dúvida.

SENHORAS
‒ Desbloqueie sua criatividade: ela vai expressar sua alma.

O EREMITA
‒ Como sua jornada pela estrada da vida, tudo é planejado com sabedoria. Pedras surgem pelo caminho, e a sabedoria com elas também.

SENHORAS
‒ Seus erros também são seus próprios caminhos: aceite-os!
VALETE DE PAUS
‒ As experiências e a sabedoria tornam a caminhada mais saudável, e impingem alegria e respeito.
SENHORAS
‒ Aprimore suas técnicas de aprender e ampliará suas possibilidades criativas.
O MAGO
‒ Certamente, meus horizontes se ampliarão, se eu for criativo!
SENHORAS
O silêncio é a luz para espantar o mal. A afetividade traz a paz nos relacionamentos.
O EREMITA
‒ Seremos sábios, recolhendo-nos na quietude e orando para que nossos semelhantes sejam tratados com respeito e tolerância.

SENHORAS
‒ Os projetos longos são aqueles que têm raízes na alma. A perseverança burila a própria personalidade.
O MAGO
‒ Se estivermos atentos às atitudes, criando sempre o lado bom e corrigindo os erros, cresceremos e evoluiremos, aperfeiçoando nossas criações.

SENHORAS
‒ A melhor revolução é a que traz a reforma íntima.

ATO II – Ficção ou Realidade? CENA 6: QUERER & PODER

A SACERDOTISA
‒ Vejam vocês: aprender a viver melhor é fácil, mas tem seus mistérios!

SENHORAS
‒ Respire fundo.(3 X). Om. Om. Om.

REI DE COPAS
‒ Eu amo escrever e cantar, mas adoro mesmo é representar! E nesse ato, não me reprimo em alegrar ou mostrar meu sentimento...

SENHORAS
‒ Abra o seu coração para a perfeição de Deus!

O CARRO
‒ Saiam da frente que eu quero passar! Hoje eu vim com tudo, se alguém quiser carona...
SENHORAS
‒ Tente sempre seguir a meta que traçou.

REI DE ESPADAS
‒ Representar tem regras... Então hoje deixe seu possante descansando e pegue carona com o grupo. Represente com muita atenção! Entrada errada não tem solução!

SENHORAS
Devagar se vai ao longe... É preciso perseverar!

A SACERDOTISA
‒ Quando menos se espera, nossas inspirações podem nos levar a lugares inusitados. Mas tudo tem seu momento e expressão correta!

SENHORAS (cantarolando)
Deixe o sol brilhar!(2X). O sol brilhar!
Música Let the sun shinning 2:42  
          https://www.letras.mus.br/5th-dimension/121491/traducao.html

Ato III, CENA 1: DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Por que passam tão depressa por aqui?
– Pare, se quiser! Isso é com você também! Isso é para você também.
– Onde nasce a arte? Onde ela se coloca?
– O lugar da arte é cultural?
‒ Ou é comercial?
O lugar da arte é subjetivo?
‒ É social?
‒ É político?
– Isso é para você também. Aproveite o momento. Participe aqui, lendo.
– Quer responder? Chegue aqui!
– Quer perguntar? Chegue aqui!

Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim /
Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim
Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção/ Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão/ Eu vou levando a minha vida enfim/Cantando e canto sim
E não cantava se não fosse assim/Levando pra quem me ouvir
Certezas e esperanças pra trocar/Por dores e tristezas que bem sei//Um dia ainda vão findar/Um dia que vem vindo/E que eu vivo pra cantar/ Na avenida girando, estandarte na mão pra anunciar.

Voz (para o público)
– Oi! Quem não está cansado não vá embora, por favor! Vai ter uma aula aberta sobre cidadania para o idoso.

ATO III
NUM GRUPO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA IDOSOS...

Personagens: professora, aluna 1, aluno 2

ALUNA 1:
Como podemos classificar os grupos para idosos?

PROFESSORA:
Grupos para idosos pertencem ao âmbito da educação permanente. Nesses grupos as pessoas se reúnem para executar uma tarefa em comum. Essa pode ser mais pragmática e comunitária ou mais pessoal e existencial.

ALUNA 1:
Posso dar um exemplo de uma ação ou tarefa realizada em outro grupo do qual faço parte para ver em qual se encaixa?

PROFESSORA:
Fale, por favor...

ALUNA 1:
A Oficina Literária do N.E.T.I.

PROFESSORA:
Um grupo de educação permanente tende a configurar-se como Grupo de Contato direto, no qual as pessoas podem se aproximar por motivos de simpatia e para manterem entre si relações imediatas e contatos recíprocos. Desta forma, a tarefa do grupo tende a ser mais existencial do que pragmática. Essa tarefa é a busca de metas para melhorar a qualidade da existência em seus aspectos psicológicos. Quem pode dar exemplo de uma meta?

ALUNO 1:
Aumento da autoestima
ALUNO 2:
Ampliação dos interesses pela vida, pelas relações interpessoais, pelas novas descobertas e criações.
ALUNA 1:
Constatação, aceitação e respeito pelo envelhecimento.

PROFESSORA:
O respeito demanda um bom vínculo. Anterior ao vínculo é a delimitação de papéis. Por exemplo, meu papel é o de professora. Vou expressar meus conhecimentos e percepções... Mas todos são livres para compactuar ou não com eles... Já que somos pessoas diferentes, reunidas após uma longa trajetória de vida.

ALUNA 1:
O respeito pelo envelhecimento demanda constatação, aceitação e respeito pelas diferenças das pessoas.
PROFESSORA:
Quando debatemos sobre a qualidade de vida vocês consideraram a valorização social do idoso o principal fator. O que os levou a essa conclusão?

ALUNO 2:
Em tempos remotos os portadores de necessidades especiais (e o idoso era um deles) era largado na floresta... Ou numa estrada... De preferência numa encruzilhada para que não achasse o caminho de volta. Hoje há um maior estímulo à luta social do idoso pela admissão dos seus direitos legais, como cidadão da sociedade.

PROFESSORA:
Por que consideraram o respeito ao idoso na família um fator importante para a qualidade de vida?

ALUNA 2:
A participação em grupos de idosos tende a modificar atitudes e comportamentos rígidos e cristalizados. As pessoas tornam-se mais abertas e mais flexíveis. Isso pode melhorar as relações familiares e estimular o respeito a sua pessoa...

Cena 2
PROFESSORA:
Esforços pessoais de cada idoso somados em pequenos agrupamentos podem mudar a imagem da sociedade sobre a velhice?

ALUNA 1:
Uma ação que causa impacto nesse sentido é o teatro... Mas como não temos tempo disponível para ensaios damos a desculpa de que não temos facilidade para decorar textos e não fazemos apresentações...

ALUNO 2: